The Giant Void – ‘Abyssal’: Mesclando metal clássico com moderno

 

Mesclando o clássico e o moderno dentro do metal nacional, “Abyssal”, o 2º disco da banda The Giant Void, surge como uma afirmação de ousadia e maturidade artística. Neste artigo vamos analisar este álbum, desde a produção até aspectos da musicalidade.

Felipe Colenci e Hugo Rafael da The Giant Void posando durante a era do álbum 'Abyssal'
Felipe Colenci e Hugo Rafael, as mentes criativas por trás de ‘Abyssal’.

No cenário fértil em bandas diversificadas dentro do heavy metal brasileiro, surge uma obra que desafia as profundezas da emoção humana: “Abyssal”, o mais recente álbum da banda The Giant Void, que dá sequência ao excelente “Thought Insertion”, de 2021.

Idealizada em Sorocaba/SP em 2021 pelo guitarrista e produtor musical Felipe Colenci, a banda Giant Void tem como trunfo a potência vocal de Hugo Rafael, conhecido por sua marcante participação no The Voice Brasil e como vocalista do Sambô. A bateria, um elemento crucial no heavy metal, é novamente conduzida pelo alemão Michael Ehré, membro do Gamma Ray e Primal Fear, trazendo uma energia dinâmica e poderosa ao projeto.

Lançado em 25 de Outubro de 2023, “Abyssal” é um álbum que transcende as fronteiras de gêneros enquanto mescla estilos, oferecendo uma experiência sonora que reflete emoções profundas. Produzido, mixado e masterizado pelo próprio Felipe Colenci, o álbum apresenta 12 faixas que exploram temas variados, desde introspecções pessoais até narrativas épicas de guerra.

O título “Abyssal” foi escolhido para encapsular a essência das letras, que, embora não formem um álbum conceitual, estão interconectadas em seu conteúdo emocional. A capa do álbum, uma colaboração entre João Vicentim, João Schendel e John Rendering, reflete a complexidade e a profundidade das músicas. Cada faixa é uma jornada por si só, combinando elementos de heavy e power metal com nuances de hard rock de formas clássica e moderna.

O Disco Anterior do The Giant Void

Para entender aquilo que ouviremos em “Abyssal”, vamos recapitular aquilo que ouvimos em “Thought Insertion”, primeiro álbum da banda The Giant Void.

Em um mergulho profundo no universo do metal progressivo, o álbum “Thought Insertion” da banda brasileira The Giant Void, lançado em 2021, representava uma fusão audaciosa de gêneros e estilos. O projeto apresentou um cartão de visitas que era uma verdadeira celebração da diversidade musical dentro do heavy metal.

O álbum, que também contava com a participação do baterista alemão Michael Ehré, desafiava as convenções do metal progressivo. Com uma abordagem que misturava elementos de punk/hardcore, doom metal, power/speed metal, thrash metal e até metalcore, “Thought Insertion” soava como um eneágono musical que refletia a habilidade da banda em costurar diferentes texturas e timbres, criando uma experiência sonora única.

A produção de Felipe Colenci, que também se encarregvaa da guitarra e do baixo, certamente era um ponto alto do álbum, oferecendo uma sonoridade rica e detalhada. Hugo Rafael, com sua voz marcante, adicionava uma camada de profundidade e emoção às faixas, enquanto a bateria de Ehré elevava a dinâmica do álbum, trazendo energia e potência.

Aquele primeiro álbum não se limitava a ser apenas uma coleção de músicas, mas sim uma viagem musical que explorava as nuances do prog metal/rock, equilibrando técnica e melodia. As mudanças de tempo, as variações de compasso e a fluidez na construção das músicas criaram uma dinâmica envolvente que cativou o ouvinte do início ao fim.

“Thought Insertion”, olhando em retrospecto, era uma obra que se destacava no cenário do metal nacional, não apenas pela sua qualidade técnica, mas também pela sua capacidade de inovar e surpreender.

Capa do álbum 'Abyssal' da banda The Giant Void, mostrando uma arte abstrata e enigmática.
Capa de ‘Abyssal’ – a expressão artística visual que encapsula a essência sonora profunda da The Giant Void.

O 2º Disco da Banda The Giant Void: Resenha de “Abyssal”

Aos meus ouvidos, “Abyssal” se apresenta como uma continuidade mais sombria e pesada de “Thought Insertion”. No panorama atual do heavy metal brasileiro este segundo álbum da banda The Giant Void se destaca como uma obra a ser ouvida com atenção.

Isso porque, mesmo com este aspecto de continuismo de proposta e musicalidade, “Abyssal” também é uma demonstração de habilidade e criatividade, misturando influências clássicas de heavy e power metal com uma produção moderna e orgânica.

De forma bem direta, “Abyssal” traduz musicalmente uma exploração profunda da relação com a morte, o drama e o caos, sem perder a esperança de um novo começo. A banda, formada por Felipe Colenci, Hugo Rafael e Michael Ehré, apresenta uma mistura de heavy/power metal com elementos do groove com tempero sul-americano bem acentuado, especialmente nos vocais.

O trabalho em estúdio, à cargo de Felipe Colenci novamente, chama a atenção, principalmente pela produção cristalina e pesada, permitindo destacar cada linha instrumental durante a audição.

O álbum começa com “Dirty Sinner”, mostrando que o atrito de contrastes, principalmente entre partes melódicas e agressivas, será o mote da musicalidade, algo bem destacado pelas fortes linhas vocais de Hugo. “Ashen Empire Pt 1 – Rising Empire” e “The Key” chegam na sequência com xcelentes grooves e desfilando melodias cativantes.

Seguindo pelo repertório, “The Black Pit” e “Mars” chamam a atenção por introduzirem elementos de power metal e hard rock com mais força além de dar espaço a ótimos arranjos de teclados. Por falar em hard rock, o estilo aparece em “Abyssal” de forma bem feita em faixas como “Inner Truth” (que traz até alguns toques de AOR) e “War Heroes” (com arranjos instrumentais e vocais brilhantes).

Rumando para o fim do trabalho, temos “Chosen One” e “Dimensions Collide” aparecendo como faixas que mostram uma banda caminhando entre o clássico e o moderno dentro do heavy metal, com arranjos elegantes e extremamente técnicos. O fim do trabalho chegará com “Ashen Empires Pt 2 – NWO” (minha favorita pelas fortes influências de prog metal) e “Human Downfall” (reafirmando o atrito entre o clássico e o moderno).

Neste caminho, “Abyssal” me pareceu uma jornada musical diversificada, explorando novas possibilidades em termos de composição e sendo um pouco mais sombrio e pesado que seu antecessor, “Thought Insertion”. A produção de Colenci é um ponto alto, com uma sonoridade que permite a clareza e a apreciação de cada instrumento. No entanto, a diversidade de estilos e influências pode ser um desafio para alguns ouvintes, que podem achar o álbum exaustivo em sua complexidade.

Enfim, “Abyssal” é uma obra que demonstra a crescente maturidade do Giant Void no cenário do metal nacional.

Conclusão

“Abyssal”, segundo disco da banda The Giant Void, tem potencial para ser um marco de afirmação da banda dentro do cenário do metal nacional, demonstrando uma maturidade crescente e uma habilidade impressionante em fundir estilos, e onde encontraram um forma mais definida para sua identidade musicial. Com uma produção impecável e uma diversidade de influências, o álbum desafia os ouvintes com sua complexidade, ao mesmo tempo que os cativa com sua energia e emoção. É uma obra que merece reconhecimento e apreciação detalhada.

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