Sonata Arctica – Resenha de “Talviyö” (2019)

 

sonata arctica - talviyo
Sonata Arctica – “Talviyo” (Shinigami Records) NOTA:7,0

Se você acompanhou o Sonata Arctica em sua fase áurea na virada do milênio, quando lançou álbuns como “Ecliptica” (1999) e “Silence” (2001), creio que será impossível não se sentir saudosista com a maravilhosa capa de “Talviyö”, mais recente trabalho.

O título do álbum poderia ser traduzido do finlandês como “noite de inverno” e o clima do álbum é realmente frio, mas de uma forma onírica, como o de um conto fantástico da cultura nórdica.

Apesar disso, “Talviyö”, o décimo álbum de estúdio da banda, não é conceitual mesmo que de certa forma as composições estejam conectadas nos temas que são explorados em suas letras.

Musicalmente, “Talviyö” é uma continuação natural do que o Sonata Arctica pratica desde “Stones Grow Her Name” (2012). Ou seja, temos uma banda amadurecida e distante daqueles tempos de power metal, misturando o rock ao seu metal melódico.

Isso nós podemos ouvir em faixas como “Cold” (fiquei com a impressão de ouvir aqui o Sonata Arctica tentando encaixar sua personalidade no modelo do Night Flight Orchestra), “Who Failed the Most” (uma faixa tipicamente hard rock/AOR), “Whirlwind” (com uma proeminente verve progressiva) e “A Little Less Understand” (buscando inspiração nas formas setentistas, principalmente do Queen nas guitarras e Uriah Heep nos teclados).

Desconstruindo a parte instrumental de “Talviyö” percebemos teclados bem alocados, inspirados pelas formas progressivas setentistas, em parceria com linhas inteligentes de guitarra, ambos sustentados por uma seção rítmica versátil, que controla a velocidade e intensidade das músicas, nos dando até alguns bumbos duplos em “Ismo’s Got Good Reactors”, uma faixa instrumental que acaba se tornando um dos grandes momentos do disco por jogar um pouco de calor no repertório.

O excelente trabalho de estúdio chama a atenção. O álbum foi produzido pelos próprios músicos e por Mikko Tegelman, um produtor que eles já queriam para o álbum anterior, “The Ninth Hour”, mas que estava indisponível devido a conflitos de agenda.

Porém, cuidado com “Talviyö”! Não vá com tanta sede ao pote, pois esse disco me deixou a impressão de uma banda sem direcionamento, com forma e conteúdo desencaixados.

No geral, o trabalho é acima da média, mas padece ainda mais daquela característica comum a seus mais recentes trabalhos: é um disco morno, que gera empolgação em momentos pontuais, mas no panorama completo nos mostra uma banda que parece estar tateando no escuro em busca de renovar sua identidade. Algo que já acontecia em “The Ninth Hour” e era melhor disfarçado em “Pariah’s Child” (2014).

Essa opinião é apenas reflexo do que o repertório de“Talviyö” me causou. “The Last of the Lambs”, por exemplo, é uma balada climática, mas que beira o irritante de tão apática, formando com “Who Failed the Most” “The Garden”  a parcela menos inspirada e insossa do disco.

Olhando por outro viés, “The Raven Still Flies”, a mais longa faixa do álbum, é uma composição que tinha tudo para ser excelente, pelo bom gosto, ousadia e teatralidade. Mesmo assim ela parece inócua, falta algo aqui que gere emoção e cative!

Já “Message From the Sun”, a abertura dinâmica que em certa medida atualiza aquele metal melódico de trato épico e virtuoso de outrora, e “Demon’s Cage”, uma faixa dramática que tem aquilo que falta em “The Raven Still Flies”, empolgam um pouco mais, talvez por exibirem, de formas diferentes, resquícios daquele antigo Sonata Arctica e até por isso a banda soar mais segura e menos perdida.

Claro que eu não esperava por um novo “Ecliptica”, “Silence”, ou “Winterheart’s Guild”, mas eles já deram provas de que conseguem fazer bem melhor do que o que ouvimos por aqui e de forma menos pretensiosa, inclusive.

FAIXAS

1. Message from the Sun
2. Whirlwind
3. Cold
4. Storm the Armada
5. The Last of the Lambs
6. Who Failed the Most
7. Ismo’s Got Good Reactors
8. Demon’s Cage
9. A Little Less Understanding
10. The Raven Still Flies with You
11. The Garden

FORMAÇÃO

Tony Kakko (vocais, teclados, orquestração, ukelele e percussão)
Elias Viljanen (guitarra)
Henrik Klingenberg (teclado)
Pasi Kauppinen (baixo)
Tommy Portimo (bateria)

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