Poucos são os nomes do metal nacional ainda ativos que podem somar predicados como precursores, influentes e relevantes musicalmente.
Um destes certamente é a banda santista Vulcano, formada em 1981, e dona de marcos do metal nacional como “Blood Vengeance”, disco de 1986.
Pensando bem, esse disco também é um marco do black metal (como vimos nesse artigo especial) mundial, pois ali tínhamos o puro black metal sem amenidades. A atitude do “faça-você-mesmo”, bem como sua produção crua, influenciaram de modo inegável a cena escandinava do black metal. A começar pela capa que trazia uma igreja em chamas.
Reitero isso, pois creio que pouco se fala da banda quando pensamos nas raízes do metal extremo nacional, e o Vulcano é uma de suas bases ao lado da Dorsal Atlântica, do Sepultura e do Sarcófago.
Mas a banda não vive apenas do passado, e agora, em 2020, às portas de iniciar sua quarta década de existência, nos oferecem seu décimo primeiro disco de estúdio: “Eye In Hell”, lançado por uma parceria entre os selos Heavy Metal Rock e Hellion Records.
Esse disco novo chega quatro anos após “XIV” e dois anos depois do histórico duplo ao vivo “Live III: From Headbangers to Headbangers”, que resenhamos aqui.
As treze composições de “Eye in Hell”, desfiladas em pouco mais de quarenta minutos, mostram uma versão renovada daquela organicidade primitiva dos tempos black/thrash metal de “Blood Vengenace” (1986) e “Anthropophagy” (1987), atualizando as timbragens e a produção, com todos os instrumentos bem desenhados mesmo nos movimentos mais maciços e caóticos.
Alguns momentos inclusive irão remeter a nomes clássicos do speed/thrash/black/death metal como Slayer, Hellhammer, Bathory, Venom e Exciter.
Do início apenas o guitarrista Zhema Rodero permanece, mas o legado do Vulcano está presente em faixas como “Eye in Hell” (uma visceral abertura a à la Slayer), “Cursed Babylon” e “Evil Empire” (talvez a melhor do disco, com climas maléficos bem construídos e groove certeiro), não por acaso a impiedosa trinca de abertura que vai te cativar de imediato.
Ao lado de Zhema está o vocalista Luiz Carlos Louzada, que já tem muita história com a banda, pois entre idas e vindas somadas esta há mais de uma década como a voz do Vulcano.
Seu trabalho é notável pelas vocalizações rápidas, versáteis (atenção ao gutural no final de “Devil’s Bloody Banquet” que assustaria até George “Corpsegrinder” Fisher) e criativas dentro da sonoridade agressiva aqui empregada.
Pegue a faixa-título, por exemplo. Ela nunca teria o mesmo impacto sem a junção destes três predicados da interpretação de Louzada.
E no álbum como um todo não só performance do vocalista é muito destacável, também o recém chegado baterista Bruno Conrado, substituto de Arthur Von Barbarian, imprime muita personalidade lapidada à partir de influências claras de Dave Lombardo, como podemos ouvir na pedrada “Struggling Beside Satan”, outro destaque do repertório.
Ao lado do baixista Carlos Diaz, que vai além de preencher os espaços, formam a coluna de sustentação das composições, dinamizando-as com muita segurança para que as guitarras possam desempenhar seu papel de forma agressiva e instigante.
Confira com atenção o que Zhema e Gerson Fajardo fazem na faixa-título (com seu apelo doom/death metal), em “Evil Empire” e em “Mysteries of the Black Book”, cujo título obviamente nos remete ao excelente disco de 2004, “Tales from the Black Book”.
O repertório segue impiedoso tanto em peso quanto em velocidade com “Sinister Road” (preste atenção na precisão da seção rítmica desse arrasa-quarteirão), “Sirens of Destruction” (uma fusão perfeita de Slayer com Kreator, mas com a personalidade do Vulcano), “Dealer of My Curses” (com outro show da dupla Conrado/Diaz e quiçá como melhor solo de guitarra do disco), “Cybernetic Beast” (com guitarras diferenciadas e passagem groovada que provocará muitos torcicolos por aí), e “When the Day Falls” (com esbarrões violentos no death metal)
O Vulcano olha para o seu passado musical ao mesmo tempo que soa mais amadurecido em “Eye in Hell”. Isso significa que o poder de sua música cresceu, reafirmando sua condição como uma das poucas bandas brasileiras a ter consciência da arte como agente mutável de acordo com a maturidade das mãos que a forja.
Esse vai ser um dos discos do ano no metal nacional. Pode ter certeza disso!
FAIXAS:
1. Bride of Satan
2. Cursed Babylon
3. Evil Empire
4. Struggling Beside Satan
5. Sinister Road
6. Devil Bloody Banquet
7. Sirens of Destruction
8. Dealer of My Curses
9. Mysteries of the Black Book
10. Inferno
11. Cybernetic Beast
12. When the Days Falls
13. Eye in Hell
FORMAÇÃO:
Zhema Rodero (guitarras)
Luiz Carlos Louzada (vocais)
Carlos Diaz (baixo)
Gerson Fajardo (guitarra)
Bruno Conrado (bateria)
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