Um fenômeno! Só esse adjetivo cabe ao The Night Flight Orchestra se medirmos a altíssima qualidade de seus quatro discos de estúdio até o momento, sendo esse “Sometimes The World Ain’t Enough” (2018) o mais recente.
Um disco que chega pouco mais de um ano após o excepcional “Amber Galactic” (2017) – cuja resenha você encontra aqui -, algo que esbarra no incomum nos dias atuais.
Confesso que fiquei surpreso quando o Night Flight Orchestra anunciou um novo álbum tão rápido. Daí a surpresa deu lugar à dúvida de quanto isso poderia saturar o nome da banda que ganha cada dia mais espaço.
Pensando melhor, a julgar pela qualidade dos discos anteriores, a média era tão alta que questionar o quesito “qualidade” não estava em pauta.
Fato que me leva a inferir alguns pontos. Primeiro e ponto pacífico é que os discos anteriores – “Skyline Whispers” (2015) e “Amber Galactic” (2017) – mostram não só uma evolução da proposta, mas também reforça uma fase altamente criativa.
Ok! Uma criatividade que não surpreende tanto quando vemos os nomes envolvidos, liderados por Björn Strid (Soilwork) e o baixista Sharlee D’Angelo (Arch Enemy). De fato, o grupo deu liga!
O segundo ponto que gostaria de conjecturar se relaciona com o pai de The Night Flight Orchestra, o seminal Electric Light Orchestra.
Não há como negar que o NFO é quase uma versão moderna do ELO ao misturar o hard rock e o pop rock, por uma uma produção vintage, de bateria abafada, bumbo seco e grave, baixo com certo groove, guitarras melódicas e voz potente.
O NFO em suma faz uma releitura para o Rock praticado com excelência entre 1976 e 1986. Aquele que se misturou ao apelo pulsante e aos irresistíveis movimentos acessíveis. E justamente nesse período, no seu ápice criativo, o ELO lançou o duplo “Out of the Blue” (1977).
O que estou querendo dizer com isso? Ora, que se vivêssemos em outra época, “Amber Galactic” (2017) e “Sometimes The World Ain’t Enough” (2018) poderiam formar um disco duplo!
E não é difícil enumerar argumentos para mostrar como esses discos, em suas concepções são gêmeos. Vamos pular a parte do intervalo curto entre o lançamento de ambos, pois acredito que esta parte já foi explorada.
Dê uma conferida na capa deste “Sometimes The World Ain’t Enough” (2018), concebida com a mesma paleta de cores de “Amber Galactic” (2017). Mesma temática espacial.
Musicalmente as evidências só crescem, mesmo que “Sometimes The World Ain’t Enough” tenha sabores mais variados!
Sendo assim, temos um Hard Rock colorido pela acessibilidade AOR/Pop, ambientado de forma vintage, mas embalado para a modernidade, longe de ser datado.
Duvida? Então ouça “Can’t Be That Bad” e “Winged and Serpentine” e me responda se esse não é o típico e irresistível “rock de FM”, aquele que preencheu as melhores trilhas sonoras do cinema oitentista, modelado para as novas gerações?
O que diferencia um pouco mais a abordagem de “Sometimes The World Ain’t Enough” (2018) é o fato de ser guiado pelos teclados. Isso sem falar nos backing vocals dotados de magia nostálgica.
Claramente percebermos uma divisão entre as composições, como se fossem dois lados de um LP, onde a segunda parte se destaca, atingindo o ápice em “Last of the Independent Romantics”, com seus quase 10 minutos que vão de influências de ASIA e Mike and the Mechanics a Pink Floyd.
“This Time” abre o trabalho com uma renovada vibe Deep Purple (chegando a lembrar “Highway Star” na introdução), com teclados vertiginosos, os mesmo que duelam com as guitarras no solo, levando aquele espírito proto metal para um passeio nos anos 1980. Essa faixa traz melodia forte , tenacidade nos arranjos e intensidade hard rock, como manda o manual das aberturas de alto nível!
No mais, a alta qualidade na costura de referências permanece intacta e eficiente em faixas como “Turn to Miami” (fundindo magistralmente Toto, Alan Parsons Project e Europe), “Lover’s in the Rain” (com a grandiloquência pop do ASIA), “Sometimes The World Ain’t Enough”(com algo de Kiss e Thin Lizzy, em um hard rock de primeira), “Barcelona” (com cara de trilha sonora propaganda de cigarro), “Moments of Thunder” (me lembrou o Supertramp) e “Speedwagon” (título auto-explicativo quanto a referência).
Todavia, o destaque máximo vai para “Paralyzed” e sua linha de baixo sinuosa, remetendo ao melhores momentos do disco/rock de Queen, David Bowie e Kiss, com refrão irresistível e groove contagiante, que também aparecem em “Pretty Things Closing In”.
Lembrando que o Night Flight Orchestra não é uma cópia das suas referências, mas sim a canalização do espírito de uma das épocas mais deliciosas do rock.
Nunca é demais destacar os vocais de Bjorn (versáteis, determinados, fluidos e emocionais), bem como a adrenalina das guitarras em parceria com os teclados melódicos e climáticos.
Alguns poderão dizer que “Sometimes The World Ain’t Enough” (2018) possui personalidade própria e diferente do álbum anterior, e isso não seria errado, pois o mais importante é que ele mostra uma banda em período altamente criativo.
Se “Amber Galactic” (2017) tem o posto de melhor dos três primeiros álbuns da banda, este “Sometimes The World Ain’t Enough” (2018) virou o melhor dos quatro!
Tracklist:
1. This Time
2. Turn To Miami
3. Paralyzed
4. Sometimes The World Ain’t Enough
5. Moments Of Thunder
6. Speedwagon
7. Lovers In The Rain
8. Can’t Be That Bad
9. Pretty Thing Closing In
10. Barcelona
11. Winged And Serpentine
12. The Last Of The Independent Romantics
Formação:
Björn Strid (vocal);
David Andersson (guitarra);
Sebastian Forslund (guitarras, percussão,efeitos);
Sharlee D’Angelo (baixo);
Jonas Källsbäck (bateria);
Richard Larsson (teclados);
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