Overkill – Resenha de “Live in Overhausen” (2018)

 

Por Ricardo Leite Costa

Overkill-Overhausen
Overkill – “Live in Overhausen” (2018, Nuclear Blast, Shinigami Records) Nota: 10

Se você for questionado sobre as cinco melhores bandas do Thrash Metal americano, muito provavelmente se esquecerá do Overkill, não por ser uma formação menor, mas sim pela mesma não ter, infelizmente, a projeção e o alcance de um Metallica ou Megadeth.

O quinteto de New Jersey, mesmo sem ocupar o mesmo “mainstream” de seus colegas, é protagonista de uma história das mais prolíficas do cenário Thrash americano, quiçá, mundial.

Trinta e cinco anos de trajetória não são pra qualquer um, por isso, esta data tão especial recebeu uma espécie de comemoração com a releitura ao vivo dos dois álbuns mais representativos da trupe de Bobby Blitz: “Feel the Fire” (85) e “Horrorscope” (91).

Prepare-se para desfrutar de um dos melhores álbuns ao vivo do ano. “Live in Overhausen” é seu nome!

Se você, estimado leitor, se diz um profundo conhecedor do assunto, mas ainda não ouviu este registro, sinto-lhe informar que você perdeu uma das aulas mais importantes. “Live in Overhausen” é o típico clássico por natureza, na mais pura acepção do termo.

Ao reescrever seus dois principais álbuns para este formato, o Overkill empregou ainda mais energia e impacto em cada composição, sendo assim, o que já era algo determinante em se tratando do gênero adquiriu contornos ainda mais relevantes.

A apresentação tem início com “Coma”, faixa de abertura de “Horrorscope”, com aquele dedilhado tranquilo que antecede uma explosão de adrenalina das mais devastadoras.

A partir daí somos transportados ao interior de um vórtice de agressão Thrash do qual é impossível escapar ileso.

Banda afiadíssima, som excelente, público extasiado, enfim, a equação perfeita para um espetáculo memorável.

A banda obedeceu à risca a sequência do repertório, sendo assim, o primeiro disco é inteiramente dedicado ao “Horrorscope” e o segundo ao “Feel the Fire”.

Quem conhece ambos os trabalhos a fundo, tem ciência do que é o autêntico Thrash oitentista/noventista, e chega a impressionar como senhores quase sexagenários conseguem dar vida a algo tão selvagem e brutal, sempre com um sorriso no rosto, como aquele dia no qual você concluiu com êxito seu trabalho no escritório e depois foi tomar uma cerveja pra relaxar.

Um dia comum, tamanha a naturalidade a qual esses simpáticos senhores se expressam num palco.

O peso é exuberante, embora seja tudo muito bem equalizado na função de tornar tudo inteligível. O baixo de D.D. Verni é o melhor do estilo disparado, bem como seus “backings”, que te obrigam a acompanhá-lo a cada refrão repetido.

“Blood Money”, “Thanx for Nothin’”, “New Machine”, “Live Young, Die Free”….nossa! Uma mais perfeita que a outra, mas prepare o pescoço.

Ainda temos muito mais pela frente!

O hino atemporal “Raise the Dead” dá início ao segundo ato do espetáculo de forma soberba. Climática e empolgante, mostra uma banda que nasceu e cresceu sobre um palco. Sua energia vital é evidenciada por um trabalho inclassificável de guitarras da dupla Derek Tailer e Dave Linsk, uma espécie de “King & Hannemann” do time reserva.

Você já colocou uma determinada faixa no “repeat” e a escutou até decorar cada mínimo detalhe, cada mínimo deslize?

Pois é, “Rotten to the Core”, se não possuir o refrão mais grudento e viciante da história do Metal, está entre os cinco mais. Que música brilhante! Imagino quem estava presente na gravação deste show o tanto que se empolgou.

Depois de um breve discurso nostálgico de Blitz, a caravana segue com “There’s No Tomorrow”, outro chute na cara.

A esta altura do campeonato, impressiona a disposição dos caras, que não tiveram seu rendimento comprometido um milímetro sequer.

Eu já estava me esquecendo de mencionar o trabalho irrepreensível de Eddy Garcia na bateria. Um monstro anormal que está à altura de qualquer um que já ocupou o posto na banda.

“Live in Overhausen” me fez constatar o quão precioso é “Feel the Fire”. Um disco a figurar entre os grandes momentos do gênero de todos os tempos.

Então você acha que é exagero deste editor, não é mesmo?

Então deixo “Second Son”, “Hammerhead”, “Blood and Iron”, “Kill at Command” e todas as outras falarem por mim.

Confesso que após ouvir este disco, passei a olhar o Overkill com outros olhos. Olhos de quem passou a vida subestimando esta que é uma das melhores formações já construídas sob os moldes do real Thrash Metal americano.

Não existe só Bay Area, mas sim todo um cenário pulsante ao redor dela.

Pra encerrar, “Live at Overhausen” recebeu uma impecável versão nacional contendo, além dos dois discos, um DVD com o show completo, tudo acondicionado num belíssimo digipack. A nota não poderia ser outra.

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