Don Airey – Resenha de “One of a Kind” (2018)

 

Don Airey - One of a Kind
Don Airey: “One of a Kind” (2018, earMUSIC, Shinigami Records) NOTA:9,5

Se você buscar nas páginas da enciclopédia do rock dedicadas a grandes tecladistas do gênero, certamente Don Airey lá estará, ao lado de Jon Lord e Rick Wakeman, apenas para citar dois.

Nascido em 21 de junho de 1948, Don Airey iniciou sua carreira fonográfica em 1971 ao lado de Cozy Powell na banda Hammer, e ao longo dos anos participou de bandas como Rainbow,  Ozzy Osbourne, Gary Moore, MSG e o Deep Purple, onde substituiu ninguém menos que Jon Lord.

O nome de Don Airey também pode ser encontrado em participações de discos icônicos além destas bandas como “Never Say Die”, do Black Sabbath, “1987”, do Whitesnake, “Painkiller”, “Demolition” “Nostradamus”, do Judas Priest, além de Thin Lizzy, Brian May e Phenomena.

Em paralelo a essa agitada carreira, Don Airey conseguiu desenvolver uma interessante carreira solo à partir de 1988. E, atualmente, é comum vê-lo tocando no Deep Purple numa semana e na seguinte dedilhando o órgão de Igreja em sua cidade natal.

Uma vida simples que exalta a marca registrada em sua carreira: versatilidade!

No caso da música, versatilidade de estilos, instrumentos e timbragens, e “One of a Kind” é um disco  que extrai todo o conhecimento de Airey do hard rock clássico, fazendo-o sacar de sua bagagem musical segredos infalíveis do gênero: melodias de impacto, riffs marcantes e energia requintada com leve sabor progressivo.

Para ajudá-lo a registrar “One of a Kind” Don Airey recrutou um time consistente com nomes relacionados a Nazareth, Gary Moore, Alan Parsons Project, e Ian Gillan Band, fazendo jus à carreira do tecladista que já dividiu seu talento com os melhores músicos de sua geração.

Até por isso, os músicos ao seu lado se desdobram e se superam em suas performances, bem trabalhadas em estúdio por uma produção certeira.

Não espere composições escritas para Airey desfilar atleticamente sua técnica ao teclado, mesmo que existam pinceladas mais proeminentes nos arranjos e nos solos, pois a coesão de banda salta aos ouvidos.

Obviamente, “One of a Kind” traz aspectos dos trabalhos mais importantes das quais Don Airey participou ao longo dos anos, criando uma dinâmica interessante de peso, cadência, e estilos, que deixa tudo muito envolvente. Na quarta faixa, você já se apaixonou por esse disco!

“Respect”, “Children of the Sun” “Lost Boys”, por exemplo, têm algo de Deep Purple, a  primeira, inclusive, remete muito  ao apelo frenético e veloz de “Highway Star” com teclados progressivos duelando com guitarras virtuosas.

Já “All Out of Love” traz a cadencia guiada por riffs pesados registrados pelo Rainbow, assim como “Victim of Pain” (mas essa mais próxima de “Stargazer”), com as melhores guitarras do disco.

Até por isso, a escolha por Carl Sentance (atual vocalista do Nazareth) foi certeira. O cara é um vocalista extremamente versátil, com amplitude vocal que permite esse desfile musical variado, da explosão ao dramático, com naturalidade, o que é perceptível já na dupla de abertura.

Sentance dá um show neste “One of a Kind”, roubando a cena, até mais do que no recene disco do Nazareth, “Tattooed on my Brain”.

O cara saca uma solução atrás da outra para ir da vibe Beatles de “Every Time I See Your Face” para o peso dramático da faixa seguinte, “Victim of Pain”.

Ótimos refrãos também ajudam a conjurar um disco de classic rock de encher os ouvidos, sem reinventar nada, praticando o que se espera, deseja, com esmero.

Pegue uma faixa como “One of a Kind”. Ela tem tudo isso, e um arranjo orquestrado dando um clima épico, que me fez pensar numa versão mais progressiva da classe atual do Thunder, onde Sentance traz claras influências do mestre Graham Bonnett.

Já “Every Time I See Your Face” tem algo da melancolia madura de “The Long and Winding Road”, dos Beatles, claro aos moldes hard/classic rock e longe do mimetismo gratuito.

Até no soul/AOR de “Running Free”, uma das mais legais de “One of a Kind” (com linhas de piano deliciosas), o cara se saiu bem com vocais à lá Journey. Por falar em sincopado e groove, o desfecho com a tenacidade de “Stay the Night” é apoteótico! Que faixa!

E o que dizer de “Want you So Bad”? Uma power ballad de emocionar que não teria o mesmo poder sem suas linhas vocais imprevisíveis.

Ou seja, Don Airey pode até ser o dono da bola e capitão do time, mas o craque de “One of a Kind”, que se revela um belíssimo disco de rock, é  Carl Sentance.

Se isso tudo já não fosse bom o suficiente, ainda temos um CD bônus com “Pictures of Home”, do Deep Purple, “Still Got The Blues”, de Gary Moore, e “Since You Been Gone” “I Surrender”,  do Rainbow, todas ao vivo, registradas na Alemanha, em 2017.

Não deixe passar batido, pois é satisfação garantida!

 

TRACKLIST:

1.1 Respect 4:39
1.2 All Out of Line 4:33
1.3 One of a Kind 5:11
1.4 Everytime I See Your Face 3:21
1.5 Victim of Pain 5:23
1.6 Running Free 4:50
1.7 Lost Boys 4:51
1.8 Need You So Bad 4:48
1.9 Children of the Sun 4:02
1.10 Remember to Call 3:42
1.11 Stay the Night 4:19

CD BÔNUS: Live at Fabrik
2.1 Pictures of Home (Live) 5:51
2.2 Since You’ve Been Gone (Live) 3:40
2.3 I Surrender (Live) 4:13
2.4 Still Got the Blues (Live) 6:36

 

FORMAÇÃO:

  • Don Airey (teclados)
  • Carl Sentance (vocais)
  • Laurence Cottle (baixo)
  • Jon Finnigan (bateria)
  • Simon McBride (guitarr)

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