Sabe por que não existem mais clássicos incontestáveis dentro do rock moderno?
Na minha opinião, é porque os artistas ou bandas querem preencher todo os oitenta minutos de um CD e para isto, incluem músicas que antes, em anos anteriores, seriam relegadas às caixas dos extras e sobras de estúdio.
Pense nos clássicos indiscutíveis, muitos deles possuem quando muito dez músicas e, no máximo, quarenta e cinco minutos.
O último álbum do Def Leppard reflete bem esta observação, pois ele seria perfeito se tirássemos cinco faixas: “Man Enough” (com introdução que lembra trilha sonora de filme pornográfico oitentista e desenvolvimento pretensiosamente malicioso que chega a ser constragedor), “We Belong” (uma balada insossa que se assemelha ao que faz atualmente o Bon Jovi), “Invincible” (uma caricatura do que a banda pode produzir), “Energized” (pop rançoso, com melodias infantis e repetitivas) e “Let’s Go” (que apesar de trazerem os riffs e as batidas marcadas, soa vergonhosamente pop).
Alheio a estas cinco escorregadas, temos um álbum perfeito! P-E-R-F-E-I-T-O!
“Dangerous”, é uma canção roqueira, encorpada, com guitarras sensacionais e linhas vocais empolgantes que poderia estar no álbum “Pyromania” (1983), assim como “Broke ‘N’ Brokenhearted”, que foi escrita num sofá por Phil Collen e Joe Elliot em dez minutos, enquanto “Sea Of Love”, que foi escrita originalmente para o projeto Delta Deep, de Phil Collen, desfila um ótimo Hard Rock n’ Roll, onde o refrão melódico casa perfeitamente com as estrofes recheadas de guitarras e “All Time High” ecoa os maneirismos dourados do Hard Rock oitentista.
Apesar da observação inicial, como um todo o álbum soa bastante natural e sem regras pré-estabelecidas, como garante o guitarrista Phil Collen, ao dizer que estavam fazendo aquilo para ninguém além deles, e por isso batizaram o álbum com o nome da banda.
Neste contexto libertário temos as ótimas “Blind Faith” (inspiradíssima, com clima intimista e influência de blues), “Last Dance” (que investe m sonoridades acústicas mais diferenciadas das tradições do Def Leppard), “Forever Young” e “Battle of My Own” (com tonalidades semi-acústicas que lembram o Extreme como destaques.
Um detalhe interessante é que as faixas de qualidade menor estão alocadas no início do álbum, fazendo com que o crescimento qualitativo seja vertiginoso enquanto caminhamos para o fim, nos fazendo pensar que se não fossem aquelas cinco faixas, o Def Leppard teria nos dado um clássico moderno!
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