Aí você me pergunta: “mais um disco ao vivo do Deep Purple?”
Eu vos respondo: “Não! Mais um registro histórico, não só para o Deep Purple, mas para o Rock!”
Pense que em 1971, o rock ainda não havia “atingido a maioridade” pelas consensuais marcas históricas, e colecionava reveses quase fatais com suas primeiras estrelas, até que a geração seguinte, em meados dos anos 1960, conseguiu restabelecer as estruturas do gênero.
Mas não foi possível restruturar o gênero apenas com os esforços de um lado do Atlântico. Liderados por Beatles e Rolling Stones, a invasão britânica foi o que realmente consolidou o rock como nova forma de música, que já sofria mutações dentro de si mesma.
Após festivais como Monterey, Woodstock, e em menor medida, Altmont, criou-se uma mística dentro do gênero, cravando nele o selo de qualidade da contra-cultura, tornando o evento do rock concert num momento além do simples entretenimento.
Em 1971, esse espírito estava vívido e já víamos diversos subgêneros sendo lapidados em cima dos palcos, e aqui começa a importância do registro deste show do Deep Purple, realizado em 1971, para o gênero como um todo.
Dentre estas mutações, o heavy metal e o hard rock se desenvolviam quase que como irmãos siameses, sendo que Black Sabbath, Led Zeppelin e Deep Purple formavam a trindade sagrada do heavy rock inglês.
O problema era que conquistar o mercado norte-americano não era tarefa fácil, e quase um quesito básico para ser bem sucedido no mundo da música. E “Live In Long Beach 1971” é exatamente o registro do momento em que o Deep Purple conquistava os Estados Unidos.
1971 é ano de “Fireball”, quinto disco do Deep Purple e que tem a marca de estar entre “In Rock” (1970) e “Machine Head” (1972), dois clássicos discos do estúdio da banda, fato este que leva este álbum geralmente a ser esquecido quando se fala na MKII (nome da formação com Ian Gillan, Ritchie Blackmore, Ian Paice, John Lord e Roger Glover).
Neste contexto, “Live In Long Beach 1971” é não apenas um show do Deep Purple, mas, também, um retrato fiel deste período em que banda lapidava sua forma do hard rock, trazendo quatro composições desfiladas em setenta minutos.
Ou seja, temos em “Live In Long Beach 1971” o Deep Purple em pleno processo de mutação enquanto conquistava a audiência norte-americana no palco do Long Beach Arena, na California, em 30 de julho de 1971, num show que também era transmitido pela rádio KUSC 91.5 FM.
Cabe lembrar que “Fireball” fora lançado naquele mesmo mês nos EUA e no Canadá, e só ganharia sua versão europeia em setembro de 1971. As versões se diferenciariam por “Strange Kind of Woman” estar na versão americana, enquanto “Demon’s Eyes” figurava na européia.
“Strange Kind of Woman” era o single lançado nos mercados norte-americano e japonês em fevereiro de 1971, o que tira a surpresa do fato de apenas ela estar no tracklist de “Fireball” das quatro escolhidas para este show do Deep Purple.
Completam o repertório de “Live In Long Beach 1971”, “Speed King” e a eterna “Child In Time”, ambas de “In Rock” (1970), além de “Mandrake Root”, do hoje esquecido “Shades of Deep Purple” (1968).
Logicamente, com quatro músicas em mais de uma hora, podemos esperar versões esticadas por longas jams e solos intermináveis, que podem até parecer exagerados e desnecessários hoje me dia, mas que registram fielmente o que era um show do Deep Purple à época.
Além disso, o Deep Purple soa estar em sua fase mais ousada e efervescente no palco, usando cada momento que tem para afinar o entrosamento técnico entre seus integrantes, que veríamos em sua melhor forma nos próximos dois anos, e marcado na história por “Made In Japan” (1972).
Num registro poderoso, inflamado, técnico e energético, com áudio remasterizado em 2014, “Live In Long Beach 1971” nos permite testemunhar como Ian Gillan era um monstro como vocalista. Ele tem a capacidade de ser melódico e visceral ao mesmo tempo, com poder e inflexão vocal de poucos em sua geração.
Junto a um Blackmore faminto por mostrar sua técnica e galgar o olimpo do guitarra no rock por solos e jams (acho que ele desfilou todo o seu arsenal de escalas e improvisos em “Mandrake Root”), Gillan se destaca dentro da formação, pela ousadia e segurança em mesma medida, sendo que ambos nos presenteiam com um duelo pitoresco em “Strange Kind of Woman”.
Claro que não posso deixar de mencionar o trabalho técnico e conciso de Ian Paice. Se por um lado ele não tem a força e criatividade de John Bonham, ou o peso de Bill Ward, por outro, ele tem uma técnica jazzística que permite com destreza quase atlética sustentar as harmonias e loucuras que um show do Deep Purple promovia.
E por falar em jazzístico, Jon Lord, ainda um tanto discreto no aspecto geral, se mostra atolado até os ombros nos aspectos do fusion quando toma para si o protagonismo, como bem mostram as longas versões para “Child In Time” e “Mandrake Root” (esta com quase trinta minutos).
Historicamente, “Live In Long Beach 1971” marca não somente a afirmação do sucesso comercial do Deep Purple na América (onde “Strange Kind of Woman” foi 8º lugar nos charts), mas também o período de transição para o hard rock definitivo que viria a seguir.
Aproveite que a Shinigami trouxe este material para o Brasil e não deixe de ter este pedaço da história do rock em sua coleção!
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