Tropicália

A Tropicália foi uma revolução, um movimento de subversão e beleza que varreu o Brasil no final dos anos 1960. Foi um desabrochar vívido e multidisciplinar, variando da poesia ao cinema, do teatro às artes visuais.

Mas foi a abordagem ousada e aventureira da cena sobre a música popular brasileira que mais fez barulho no mundo. Liderados pelos futuros astros Caetano Veloso, Gilberto Gil e Gal Costa, além de talentos irascíveis como Tom Zé e Os Mutantes, A Tropicália combinou sons de rock’n’roll de aventura e vanguarda com os ritmos nativos do país.

No rastro do Verão do Amor em 1967, esse coletivo buscou tornar a música pop de seu país tão impactante quanto os sons que emanam do Reino Unido, Europa e América – embora seu trabalho quase não tenha saído de um Brasil turbulento.

Em 1964, um grupo militar apoiado pela CIA (uma junta ) derrubou o governo eleito do presidente João Goulart, instalando em seu lugar o general do exército Costa e Silva. Em 1968, o governo militar reprimiu dissidentes de todos os tipos, sejam greves industriais, protestos estudantis ou canções críticas. E em dezembro daquele ano, o regime aprovou seu último ato de repressão com o AI-5, um projeto de lei que fechou o Congresso Nacional, impôs censura estrita à mídia e suspendeu o habeas corpus.

Mesmo assim, diante de tal antagonismo criativo, os tropicalistas lutaram por sua liberdade criativa. O álbum de estreia de Veloso, com a música “Tropicália”, deu o pontapé inicial, e mais artistas lançaram seus manifestos musicais alguns meses depois, na compilação “Tropicália: ou Panis et Circencis”, que justapôs suas interpretações sobre o samba com estruturas musicais dissonantes e experimentação.

Eles usaram um jogo de palavras surrealista e a abordagem inovadora da poesia concreta para esconder seus comentários sobre o consumismo e a violência tomando conta de seu país, misturados com um som enganosamente brilhante.

Eles estavam comendo gente como os Beatles, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jean-Luc Godard e mais, destilando esses elementos na música que o Brasil já amava: a bossa nova de João Gilberto e Tom Jobim, a batucada que ressoa no carnaval.

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