Steven Tyler – Resenha de “We’re All Somebody From Somewhere” (2016)

 

Steven Tyler - We're All Somebody From Somewhere
Steven Tyler: “We’re All Somebody From Somewhere” (2016, Dot Records) NOTA:6,0

Longe de mim querer dizer o que um artista do quilate de Steven Tyler deve ou não fazer em sua gloriosa carreira.

Todavia, como já bem dizia uma mente mais sábia e erudita do que esta que vos escreve, “as mídias sociais deram o direito à fala a legiões de imbecis que, anteriormente, falavam só no bar, depois de uma taça de vinho, sem causar dano à coletividade… agora eles têm o mesmo direito à fala que um ganhador do Prêmio Nobel”.

Logo, uso toda a prerrogativa de ser um imbecil com o mesmo direto à fala de um exemplar crítico musical, para questionar ao titio Steven Tyler o que é esse pastiche de pop/country que ele nos entrega neste primeiro trabalho solo?

Duas verdades precisam ser aceitas antes das considerações acerca das composições.

A primeira é que ele, quiçá, é o vocalista de sua geração que melhor envelheceu em termos de voz, sendo, inclusive, melhor cantor hoje do que em seus primeiros anos no Aerosmith.

A segunda observação é que os tradicionalismos do blues, do folk, e até mesmo do country não são inéditos na carreira de Steven, vindo diluídos ao longo da discografia excepcional do Aerosmith, sendo perceptíveis algumas melodias ao melhor estilo country nas baladas que apresentavam e que fizeram tanto sucesso, como ele próprio escancarou nos últimos anos ao executar alguns clássicos da banda em versão country.

Isso posto, é inegável que a voz adocicada, curtida em tonéis de carvalho e harmoniosamente maliciosa de Steven Tyler se encaixa perfeitamente na verve mais melancólica e intimista da abordagem country/folk/rock, como já evidencia a faixa “My Own Worst Enemy”, abertura deste “We’re All Somebody From Somewhere”, álbum registrado na mítica Nashville. Esta faixa funciona bem com seus arranjos simples e de extremo bom gosto, além do desfecho apoteoticamente roqueiro, encarnando um princípio auspicioso para o trabalho.

Todavia, à partir daí, até a décima terceira faixa, e salvo em cinco casos isolados que serão pontuados posteriormente, temos canções que se enquadram apenas no lugar comum do pop/country atual, sem alma e construída sobre arranjos rasteiros, soando quase desesperadoras, como no caso de “It Ain’t Easy”, “Love Is You Name” (esse título caberia bem num poema de última folha do caderno de um adolescente apaixonado), “I Make My Own Sunshine” (esta com arranjos de causar rubores aos piores momentos do Imagine Dragons), “Gypsy Girl” (melodias rasteiras), “Sweet Louisiana” (com melodia pobre e enjoativa), “Somebody New” (cujas linhas medíocres de banjo chegam a irritar) e da faixa-título (que se ganha pontos pela ousadia e pela batida sincopada, deixa um saldo negativo pela falha abissal em recriar uma espécie de Black Eyed Peas em versão country, resultando num produto apenas extravagante, o que nem sempre é sinônimo de vanguarda).

Mesmo nesse mar de mesmice rasteira presente em quase 50% das treze composições criadas para o álbum, emerge uma faixa como “Hold On (Won’t Let Go)”, que foge dos clichês do country pop/rock, investindo numa ousada abordagem de country e rock alternativo, que mistura o clima bucólico das canções tradicionais (algo nesta faixa me lembra “John, The Revelator”) com instrumentos recheados de distorção.

O salto de qualidade desta faixa para as demais situadas na primeira metade do álbum é vertiginoso!

De repente, naquele momento em que as linhas de banjo de “Somebody New” já decretava o fim da audição na metade do álbum, surge “Only Heaven”, uma balada emocional, com a classe melódica que esperamos de Mr. Tyler, com instrumental pujante, solo de guitarra, arranjos vocais brilhantes e detalhes country muito bem encaixados.

Ainda não sei se meu apreço por esta canção situa-se em sua real qualidade ou na impressão causada pelo contraste com a falta desta qualidade nas faixas anteriores.

Todavia, a verdade é que à partir desta faixa o álbum entra numa crescente (salvo pela deplorável “Sweet Louisiana”) , com Steven exibindo o que de melhor sabe fazer em canções como “The Good, The Bad, The Ugly, and Me” (um country/blues irresistível, malicioso e com pegada sulista, que se encaixou perfeitamente na voz de Tyler), “Red White & You” (que lembra muito a fase “Lost Highway”, do Bon Jovi, e que tem um refrão que gruda de primeira ouvida) e “What Am I Doin’ Right?” (que balada espetacular!).

Acredito que este é mais um álbum vitimado pelo excesso de faixas. Com cinco faixas a menos (da primeira parte obviamente) ele soaria muito melhor, mais coeso e bem menos desastroso.

Entretanto, é sintomático para um primeiro álbum solo, que os dois maiores destaques sejam as releituras para um sucesso do Aerosmith com quase 30 anos de idade, como é o caso de “Janie’s Got a Gun” (numa abordagem mais obscura), e para outra canção tão velha quanto o próprio Rock N’ Roll, como acontece com “Piece of My Heart” (que, mesmo assim, ainda é melhor na voz de Janis Joplin ou de Paul Shortino).

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=7iCLYZeodV4&w=853&h=480] Confira uma versão ao vivo de “Piece of My Heart”.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=4IIgzZpuv6A&w=853&h=480] Confira o lyric video para a ótima “Red White & You” que lembra muito a fase “Lost Highway” do Bon Jovi e tem um refrão que gruda de primeira ouvida.

[youtube https://www.youtube.com/watch?v=d0n40GVcj64&w=853&h=480] Confira o clipe para a discutível “Love Is You Name”.

Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças Steven Tyler We’re All Somebody From Somewhere Liv Mia idade jovem chelsea Cultura Pop e Underground Gaveta de Bagunças 

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *