Soulfly – Resenha de “Archangel” (2015)

 

Com o passar dos anos, após encerrar o ciclo com a banda que o consagrou, Max Cavalera indubitavelmente se tornou maior que o Sepultura.

Compositor e frontman de primeira, Max conseguiu chegar onde poucos conseguem.

Grande referência para a maioria das formações do Metal atual, o cara é incansável, um autêntico “workaholic”, que respira e vive música.

Capitaneando vários projetos, foi no Soulfly onde encontrou seu verdadeiro espaço, seu refúgio onde pode criar e experimentar ao seu bel prazer.

Em termos comparativos, certamente o Soulfly ocupa hoje posição de destaque na cena, até maior que o Sepultura, mas nem é meu intuito estabelecer comparações.

Ambas são importantes, cada qual com seu público fiel.

Soufly - Archangel (2015 - Roadrunner, Voice Music)

Mantendo um ritmo constante, entre lançamentos e turnês mundiais, o Soulfly segue seu caminho, e “Archangel”, seu último trabalho, é o reflexo de um momento promissor e inspirado, onde Max, acompanhado de seu parceiro de longa data Marc Rizzo (guitarra), seu filho Zyon Cavalera (bateria) e Tony Campos (baixo) constroem um álbum denso, pesado e brutal, deixando um pouco de lado as experimentações e subversões, dando ênfase naquilo que nos move: Metal!

“Archangel” não é tão cru e visceral quanto “Enslaved”, e nem tão polido e produzido quanto “Omen”, situando-se num meio termo entre ambos.

Em termos de composição, o álbum é grandioso.

A despeito de ser apenas um guitarrista correto e nada mais, Max brilha mesmo é na concepção de grandes canções.

O cara aborda guerra, religião, política e aspectos sócio-culturais com igual maestria, e esse talento vem sido aprimorado no decorrer dos anos.

Contando com uma produção indefectível, “Archangel” começa com uma ode não só a um tipo de música, mas a um estilo de vida. “We Sold Our Souls to Metal” é auto-explicativa.

O sonho, a vida e a missão de todos nós retratados em forma de uma composição explosiva, pesada e empolgante, que flerta implacavelmente com o Hardcore.

Só esse começo já vale por uns 10 discos!

E esse foi só o começo, amiguinhos. “Archangel”, a faixa-título, expõe o lado religioso, espiritual e místico de Max na seqüência, em uma composição pesada e cadenciada, repleta de grandiosos momentos, merecendo o cargo de título do álbum.

“Sodomites” traz fortes referências bíblicas: a notória passagem de Sodoma e Gomorra travestida em um Thrash pesadíssimo, quase Doom, com trabalho espetacular de Rizzo em palhetadas de desmoronar paredes, contando com o apoio essencial de Campos na concretização desta que é uma das faixas mais importantes de “Archangel”.

Os vocais do convidado Todd Jones (Nails), juntamente com nosso anfitrião Max, tornam a composição ainda mais assustadora.

Ishtar, deusa dos Acádios, renasce em “Ishtar Rising”, demonstrando o fervor de Max por mitologia e religiões diversas, em mais uma composição orientada pelo peso e cadência, com Zyon batendo com uma força advinda do além.

Sensacional!

Aguenta mais um pouco, pois vale muito à pena. Destacam-se ainda a inflamada ”Live Life Hard”, contando com a participação de Matt Young (King Parrot), que trouxe uma dose cavalar de bestialidade à música; “Titans”, focada na mitologia grega, enriquecendo uma composição que é naturalmente brutal, com Max botando os demônios pra fora, e “Mother of Dragons” que, segundo o próprio vocalista, é uma homenagem à sua esposa, Gloria, que seria a real “mãe dos dragões”.

Uma paulada de torcer o pescoço, intercalando adequadamente velocidade e calmaria (se é que podemos chamar isso de calmaria).

Richie Cavalera, enteado de Max, além de Igor Cavalera (seu filho), fazem as honras aqui, numa participação de encher o paizão de orgulho.

A versão nacional do álbum é uma coisa de doido. Embalada em um lindo digipack, que realça ainda mais a bela obra de Eliran Kantor, somos presenteados com 3 faixas extras: “You Suffer” (aquela mesma do Napalm Death).

Muito “complexa” de ser reproduzida, mas a banda se deu bem, “Acosador Noturno” (mini biografia de Richard Ramirez, o famoso serial killer conhecido como “Caçador Noturno”).

Tony Campos divide os vocais com Max, num confronto brutal, e a desnecessária e viajante “Soulfly X”.

Acha que acabou?

Que nada!

O pacote ainda traz um dvd com o show da banda no “Hellfest” de 2014.

Coisa de fã para fã mesmo.

O Soulfly definiu seu caminho com “Archangel”, e pra quem está meio por fora, ecoa a pergunta: é melhor que o Sepultura atual? Sensivelmente, eu diria.

Não dá pra renegar as raízes. Grande disco, que merece um cantinho “vip” na estante.

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