Sons of Apollo – Resenha de “MMXX” (2020)

 

O Sons of Apollo, desde seu primeiro trabalho, se tornou o nome mais interessante do prog metal atual, simplesmente por executar uma perfeita alquimia entre o clássico e o moderno.

O disco ao vivo “Live With The Plovdiv Psychotic Symphony” mostrou como é possível ser complexo e progressivo, mas também cativante, exalando feeling e carisma em cada momento de sua performance.

Obviamente, ali também percebíamos um grupo de músicos ainda mais entrosado que no trabalho em estúdio, fato que nos deixou ansiosos pelo que o quinteto nos entregaria em “MMXX”, seu segundo álbum.

Sons of Apollo - MMXX
Sons of Apollo – “MMXX” (2020, Hellion Records, InsideOut Music)

Produzido pelos músicos Mike Portnoy e Derek Sherinian, posso de saída dizer que “MMXX” passou com brilhantismo pela árdua missão de suceder o aclamado “Psychotic Symphony” (2017).

A promessa de continuidade da proposta musical foi cumprida, melhor trabalhada em estúdio e reenergizada pelo peso das músicas que deu mais potência ao virtuosismo dos músicos.

De certo modo, esse disco também atualiza a carga progressiva do Sons of Apollo.

Talvez por isso o tecladista Derek Sherinian seja um dos destaques individuais, muito pela criatividade de suas inserções e pelo bom gosto nos timbres e texturas que escolhe, desfilando ensinamentos absorvidos de gênios do instrumento como Keith Emerson, Rick Wakeman e Jon Lord (preste atenção à abertura de “King of Delusion”).

Até por isso, eu acredito que o Sons of Apollo, em “MMXX”, vá agradar a velha guarda do rock progressivo, tanto quanto aos admiradores modernos do prog metal, pois se situa no meio termo entre as duas abordagens, como deixam claro em “New World Today”.

Sem exageros, em “King of Delusion” e “New World Today”, duas músicas que por si só já valeriam o disco, me pareceu como se o King Crimson, o U.K. (na fase com Alex Holldsworth e Bill Brufford) e o Rainbow (na fase clássica com Dio e Cozy Powell) se fundisse ao Dream Theater, Symphony X e ao Meshuggah.

Porém, de uma forma tão homogênea e particular que não soa como uma quimera musical anacrônica, aliás, “Goodbye Divinity” abre o disco mostrando exatamente isso, através de um peso moderno e altamente técnico, assim como no groove claustrofóbico de “Asphixiation”.

De fato as composições estão melhor elaboradas e mesmo que não proponham inovações (e creio que essa nem é a proposta) eles usam suas inspirações de forma brilhante para criar algo com identidade, através de grooves poderosos, técnica bem administrada e os ganchos melódicos que escolhem.

O fato não reinventarem a roda do rock progressivo moderno não torna essas músicas genéricas. Longe disso. A vertiginosa “Fall to Ascend” que o diga!

Além disso, temos aqui Jeff Scott Sotto e sua voz cheia de carisma e técnica. Se é pra comparar com o Dream Theater como muitos fazem, não há dúvidas que o Sons of Apollo tem um vocalista com muito mais feeling.

Sua abordagem dramática combina tanto com a orientação mais determinada e pesada, quanto com as emocionais e de fácil assimilação, como ouvimos em “Wither to Black” “Desolate July” (que belíssima composição).

Voltando à já citada “King of Delusion”, ali também você vai perceber como Sotto é peça chave para a sonoridade progressiva desenvolvida em “MMXX”.

Claro que cada músico tem seu papel fundamental por aqui.

Portnoy é uma coluna de sustentação em sua bateria, assim como o baixo pesado de Sheeran tem personalidade própria, mesmo com o protagonismo dado às guitarras arrepiantes de Bumblefoot, que se dividem entre o feeling e a técnica e por vezes duela com os teclados de Sherinian. E isso tudo está bem resumido no imperativo tempero melódico oriental de “Ressurrection Day”.

Em suma, é um time de craques entregando tudo o que se espera: jogo bonito, técnica apurada e vitórias indiscutíveis!

FAIXAS:

1. Goodbye Divinity
2. Wither to Black
3. Asphyxiation
4. Desolate July
5. King of Delusion
6. Fall to Ascend
7. Resurrection Day
8. New World Today

FORMAÇÃO:

Billy Sheehan (baixo)
Mike Portnoy (bateria)
Bumblefoot (guitarra)
Derek Sherinian (teclados)
Jeff Scott Soto (vocais)

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