RPWL – Resenha de “Tales From Outer Space” (2019)

 

RPWL - Tales From Outer Space
RPWL – “Tales From Outer Space” (2019, Hellion Records, Gentle Art Of Music) NOTA:9,0

Quem acompanha a cena progressiva deve conhecer a história da banda alemã RPWL.

Retiraram seu nome da combinação da primeira letra do sobrenome de cada um de seus integrantes originais, Rissettio, Postl, Wallner, e Lang. quando surgiram em 1997 e se dedicavam a covers do Pink Floyd. Uma influência que permeia a obra da banda tanto que o álbum “Nine”, de 2007, trazia uma dinâmica muito próxima a de “Ummagumma”, o clássico álbum de 1969 do quarteto londrino.

Hoje, mais de duas décadas após sua fundação, apenas o WL permanece do acrônimo de sua formação, pois o baixista Chris Postl e o baterista Phil Paul Rissettio já não estão mais na formação que lança este “Tales From Outer Space”, sétimo disco de estúdio e primeiro após uma sequência de três discos ao vivo.

Os membros fundadores Yogi Lang (vocais e teclados) e Kalle Wallner (guitarra e baixo) estão agora acompanhados do tecladista Markus Jehle e do baterista Marc Turiaux e continuam desenvolvendo sua musicalidade cheia das óbvias influências de Pink Floyd e Genesis, mas também de personalidade própria nas sete composições que completam este “Tales From Outer Space”. 

Mesmo bebendo da fonte clássica e mais climática do progressivo, o RPWL não é um culto moderno ao passado, e “A New World”, belíssima faixa de abertura mostra que estão, na verdade, pareados ao rock progressivo moderno, onde belas linhas melódicas convivem com arranjos diferenciados sustentados por estruturas arrojadas e texturas renovadas, principalmente nos teclados.

Diferente dos dois últimos discos de estúdio da banda, agora o conceito é mais voltado à forma do que ao conteúdo, pois não traz uma história que se desenvolve aos longo das composições.

“Tales From Outer Space” já é excelente pela capa (todo o conceito artístico é de Tobias Harnack) que evoca o cinema e os quadrinhos que misturavam scifi e terror nos anos 1950, um conceito que se estende para as músicas que são basicamente sete contos de ficção científica, perfeitamente casados com a musicalidade da banda. Tanto que no início do álbum temos pontuais ambientações que lembram Kraftwerk e Jean-Michel Jarre.

Em “Not Our Place to Be” (faixa com a participação do baixista Guy Pratt, que tocou no Pink Floyd e ao lado de David Gilmour) o quarteto alemão até busca inspiração nas tensas trilhas sonoras dos antigos filmes de ficção científica  e terror para aclimatar umas das melhores e mais ousadas composições de “Tales From Outer Space”.

Essa faixa seria o perfeito exemplo de como é desfilado o progressivo do RPWL, e onde melhor percebemos suas explorações e ousadias, por causa dos andamentos diferentes e os teclados cheios de arabescos.

Ou seja, o conceito usado permitiu uma exploração mais filosófica nas letras e climática na musicalidade. Não que desmereçam a técnica instrumental, mas o foco do quarteto por aqui é claramente construir canções pela estética progressiva, gerando preciosidades como “Welcome to the Freak Show” que vai agradar muito os fãs de Riverside tanto quanto os de Marillion.

Já “Light of the World”, com sua letra beirando o metafísico, e a mais longa faixa do álbum, é a que traz os melhores arranjos de guitarra.

Nela você escuta uma harmonia que te remete ao David Gilmour de “The Division Bell”, outra do “The Wall”, um teclado que ecoa o clima do “Obscured By Clouds” e uma linha de bateria claramente inspirada pelo que Nick Manson fez em “Time”. Isso tudo em momentos distintos e pontuais, encaixados à proposta, e colocados como quem tem orgulho de sua herança musical, tanto quanto de sua personalidade própria.

Algo que também acontece em “Far Away From Home”, que até pode te lembrar as baladas cantadas pelo Richard Wright, mas é indubitavelmente uma típica composição do RPWL.

Essa faixa, junto a “What I Really Need” são as duas composições mais acessíveis do trabalho. Porém, no caso desta última, ela é também a mais fraca do repertório pelo exagerado sabor pop no meio do caminho entre o que o U2 e o Marillion fizeram de mais acessível em suas discografias. Mas até ela tem seus pontos positivos, como na passagem após o segundo refrão que é puro Pink Floyd da fase “Momentary Lapse of Reason”.

Aliás, o apelo pop existe e está permeado por todo o disco, mas nas demais composições a forma é diferente, lembrando bastante os trabalhos mais recentes do genial Steven Wilson. Como em “Give Birth to the Sun” (que também se apega ao tema do sol), faixa que apesar do apelo acessível de suas melodias é, quiçá, a que possui estrutura mais dinâmica do disco. 

A impressão que “Tales From Outer Space” nos deixa é de ser um disco de rock progressivo que não parece progressivo, pois não é pretensioso ou clinicamente produzido, mas sim “simples”, orgânico e emocional, despertando no ouvinte mais o apreço pela sensibilidade artística do que a admiração pela expressão técnica.

Por isso tudo justifica-se dizer que “Tales From Outer Space” é um disco belíssimo, com bom gosto e requinte advindo da simplicidade. Ele é aquele álbum para se dar o play, apagar a luz e viajar pelo pacífico e profundo espaço da música do RPWL.

FAIXAS:

1. A New World (8:38)
2. Welcome To The Freak Show (6:15)
3. Light Of The World (10:08)
4. Not Our Place To Be (6:06)
5. What I Really Need (5:20)
6. Give Birth To The Sun (8:58)
7. Far Away From Home (4:33)

FORMAÇÃO:

Yogi Lang (vocais e teclados)
Karlheinz Wallner (guitarra e baixo)
Markus Jehle (teclados)
Marc Turiaux (bateria)

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