RPWL desvenda mistérios sonoros em ‘Crime Scene’ (2023), através de uma viagem musical progressiva e emocional até as profundezas da alma humana.
Na resenha que você lê abaixo, vamos desvendar os segredos musicais de “Crime Scene” e apreciar a maestria de RPWL em cada nota e acorde. Cabe necessária menção de que este disco foi lançado no Brasil pelo selo paulista Hellion Records.
Em “Crime Scene” (2023), o mais recente lançamento da icônica banda de rock progressivo RPWL, somos convidados a explorar uma jornada musical que transcende o convencional. Mergulhando nas complexidades do mal e da genialidade musical, o álbum oferece uma experiência cativante que explora os limites emocionais do rock progressivo.
A banda, composta por Kalle Wallner (guitarra), Yogi Lang (vocais, teclados), Marc Turiaux (bateria) e Markus Grützner (baixo), apresenta seis faixas densas e atmosféricas que transcendem as barreiras do rock progressivo.
“King of the World” porxemplo, com seus quase 13 minutos, revela-se uma epopeia musical, onde os ritmos e harmonias mergulham os ouvintes em uma experiência intensa e sombria. A excepcional “Another Life Beyond Control” não fica para trás, pois adiciona uma camada de complexidade quase sempre inesperada à discografia do RPWL.
Aliás, a complexidade musical do álbum é evidente e até certo ponto surpreendente. Em faixas como “Life in a Cage”, destaco o meticuloso processo de composição aliado a um trabalho em estúdio brilhante, onde cada nota é cuidadosamente colocada para criar uma experiência auditiva envolvente. Por sua vez, “Victim of Desire”, o single principal, utiliza ecos, mudanças de andamentos, assinaturas de tempo irregulares e progressões de acordes tão belas quanto técnicas para criar uma narrativa sonora cativante.
O RPWL, originariamente uma banda cover do Pink Floyd, mantém a influência perceptível, mas “Crime Scene” revela, ao mesmo tempo, uma evolução musical notável. Voltando a “Victim of Desire”, ela cativa com sua guitarra melódica e cativante, remetendo a uma ideia do que seria o Genesis com David Gilmour na guitarra. A faixa ainda oferece letras freudianas sobre o subconsciente, criando uma tapeçaria sonora e lírica extremamente rica e envolvente.
Uma observação importante sobre “Crime Scene” é que este disco não apenas mergulha nas complexidades musicais, mas também aborda temas filosóficos e sociais. O álbum reflete sobre a natureza do mal e como ele molda nossa identidade. Kalle Wallner levanta a questão intrigante no âmbito geral: “Quem nos faz ser quem somos? É uma questão de genética ou são as circunstâncias sociais, nossa infância, golpes do destino, pressão ou ofensas?”
Apesar das mudanças em sua formação, com Yogi Lang e Kalle Wallner sendo os únicos membros fundadores remanescentes, o RPWL continua a cativar com sua maestria e elegância musical. A já citada “King Of The World” destacou-se para mim principalmente por uma linha de baixo vigorosa e os sintetizadores clássicos, enquanto “A Cold Spring Day in ’22” encantou-me com seu início acústico e aquele refrão certeiro.
“Crime Scene” , embora relativamente curto para os padrões atuais da música progressiva (com cerca de 45 minutos de música), faz cada minuto valer a pena e abre perguntas sobre a “elefantísase musical” que acomete diversas bandas do segmento. As seis faixas de “Crime Scene” cobrem um território musicalmente amplo e ilimitado, mas conciso e muito emocional.
Ao longo dos anos, RPWL solidificou seu lugar ao lado de grandes nomes do rock progressivo, como Blackfield, Opeth e, é claro, Pink Floyd. Este álbum, com sua qualidade e composição emocional, posiciona RPWL como uma força a ser reconhecida. Para os amantes do progressivo e além, “Crime Scene” é uma jornada imperdível pelas complexidades da musicalidade e das profundezas do mal, estabelecendo-se como um forte candidato às listas sérias de melhores discos de 2023.
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