Descubra como o Rotting Christ reinventou o cenário do black metal com seu álbum “Triarchy of the Lost Lovers” em 1996. Este disco revolucionário transcendeu as normas do gênero, misturando influências sombrias e técnicas inovadoras. Prepare-se para mergulhar nas profundezas do som obscuro e sombrio do black metal grego.
O black metal é conhecido por sua aura sombria, mas em 1996, o Rotting Christ desafiou as convenções com seu álbum “Triarchy of the Lost Lovers”.
Neste artigo, exploraremos como a banda grega transformou o gênero, incorporando elementos inesperados e criando um som sinistro e envolvente.
Desde sua evolução técnica até sua temática oculta, este disco marcou um ponto de virada no black metal. Venha conosco nesta jornada e descubra por que “Triarchy of the Lost Lovers” é um marco no mundo do metal extremo.
Rotting Christ – “Triarchy of the Lost Lovers”: O disco que mudou o Black Metal
Definição em um poucas palavras: Guitarra, Pesado, Sombrio, Influência do “capeta”.
Estilo do Artista: Black Metal.
Comentário Geral: O grande trunfo do Rottinhg Christ em sua carreira foi sempre transcender as normas transgressivas e anti-musicais do gênero radical e ensimesmado a que se dedicava.
Mesmo nas primeiras demos, antes de lançarem os primeiros “trabalhos oficiais”, como o EP “Passage to Arcturo” (1991) e o full lenght “Thy Mighty Contract” (1993), eles já esboçavam o black metal com o traços de death metal, thrash metal, doom metal e até grindcore (gênero primeiro explorado pela banda), variando velocidade dos arranjos e pontuais coros climáticos.
Desta forma, na primeira metade dos anos 1990, quando o black metal tomava forma e criava seus principais cânones, o Rotting Christ distingui-a se de seus congêneres pelas melodias sombrias, e por já se e mostrar mais profissional mesmo dentro dos parâmetros estéticos rotos do gênero.
Tudo isso foi amplificado em “Triarchy of the Lost Lovers”, disco lançado em 1996, que gerou impacto na cena do black metal por contornar os exageros escatológicos dos noruegueses, dando uma produção (à cargo de Andy Classen) mais limpa às suas melodias obscuras, deixando emergir um clima diabólico mais atemorizante do que anárquico, mas sem deixar de ser agressivo (como em “The First Field of the Battle”).
Além disso, é possível notar uma evolução técnica dos músicos, algo que já se apresentava em potencial no disco anterior, “Non Serviam” (1994) , mas agora também tínhamos mais entrosamento e segurança na performance do trio.
Em “Triarchy of the Lost Lovers” o viés cáustico ganhou um toque mais refinado ao ser aclimatado por tonalidades góticas, enquanto dinamizava a inserção de blast-beats, criando uma atmosfera dotada de personalidade e força, que nos permite criar imagens mentais enquanto ouvimos estes nove hinos do black metal helênico.
Aliás, a bateria deste álbum merece destaque por fugir do alicerce previsível do black metal, buscando em gêneros inesperados influências nítidas quando sai, em momentos pontuais, da simples marcação de tempo dos arranjos, além de uma reverberação que impacta.
Os riffs de guitarra ganharam mais espaço na estética black metal trocando as palhetadas que nunca viram riffs por melodias melancólicas e teclados que deram dinâmica quase épica em certos momentos, mesmo que não estejamos falando de demonstrações gratuitas de habilidades técnicas.
Em entrevista para a revista Rock Brigade, o próprio Sakis Tolis afirmou que em “Triarchy of the Lost Lovers” estão os melhores riffs e as melhores melodias que ele já compôs para um disco do Rotting Christ.
E, de fato, “King of a Stellar War”, “The Opposite Bank” e “A Dynasty from the Ice,” três dos destaques máximos, corroboraram esta observação de Sakis.
Claro, que cabe lembrar que esta entrevista com Sakis foi feita em 2002, quando o Rotting Christ retomava sua sonoridade e ainda não havia lançado preciosidades como “Sanctus Diavolos” (2005) e “Theogonia” (2006), discos que rivalizam com “Triarchy of the Lost Lovers” como melhores da banda.
Na verdade, muito do atrativo de “Triarchy of the Lost Lovers” reside no hipnotismo da periodicidade de movimentos, criando um efeito psicológico que parece sugar nossa atenção para um obscuro vórtice, afinal, a banda trocou a velocidade dos arranjos, por sentimentos instintivos, mas sem abrir mão da brutalidade (e a excepcional “Archon” está aqui pra nos lembrar disso).
A temática também fugia do satanismo gratuito, indo na direção do ocultismo mais sério e pouco dogmático. Ok! Alguns versos são inocentes e outros tão herméticos que podem significar qualquer coisa ou nada, mas o satanismo gratuito já tinha ficado pra trás.
“Triarchy of the Lost Lovers” não é só maior clássico do Rotting Christ, quiçá, é o maior do black metal helênico. Ele é também um dos discos que estão na história do black metal como pontos de bifurcação das mutações que o gênero sofreria, como bem podemos ver em “One with the Forest”.
Claro que no caso específico da banda grega, “Triarchy of the Lost Lovers” representa uma mudança de patamar criativo rumo a algo mais progressivo e épico, que mudaria de forma ousada e experimental no próximo passo discográfico, o espetacular “A Dead Poem” (1997), mas aí já é assunto para outro texto (que você confere aqui).
Ao longo de sua discografia o Rotting Christ demonstraria muita inteligência e criatividade, sem apresentar álbuns iguais, se renovando constantemente e se tornando um dos nomes mais relevantes e interessantes dentro do metal extremo atual, com alta técnica, ousadia e melodia.
Aproveite que a Cold Art Industry relançou esse clássico em edição luxuosa e limitada, com direito a duas faixas bônus escolhidas pelo próprio Sakis Tolis, e confira, em sua plenitude, o trabalho que tornou a banda definitiva referência no black metal.
Ou seja, não há razão para discutir que VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1996
Top 3: “King of a Stellar War”, “One with the Forest” e “Archon“.
Formação: Sakis Tolis (guitarras e vocais), Themis Tolis (bateria) e Jim Mutilator (baixo)
Disco Pai: Dissection – “The Somberlain” (1993).
Disco Irmão: Varathron – “Walpurgisnacht” (1995).
Disco Filho: Moonspell – “Night Eternal” (2008)
Curiosidades: Durante as gravações no estúdio Stage One, do produtor Andy Classen, alguns membros da banda contraíram sarampo. Além disso, existem duas capas para esse álbum, uma versão européia e outra americana. A versão européia traz uma “adaptação” da obra “La Danse du Sabbat” (1870), de Émile Bayard.
Pra quem gosta de: Música sombria, ocultismo, Hades e Tártaro, e “A Divina Comédia”.
Conclusão:
“Triarchy of the Lost Lovers” não é apenas um disco de black metal; é uma obra-prima que desafiou as normas do gênero. O Rotting Christ criou um álbum que incorporou influências diversas, evolução técnica e uma temática mais profunda, deixando para trás o satanismo superficial.
Este disco é um marco tanto na história do black metal quanto na carreira da banda grega. Se você é fã de música sombria, ocultismo e experimentação musical, não pode perder a oportunidade de ouvir esta joia do metal extremo.
Leia Mais:
- Rotting Christ – “Abyssic Black Cult” | O sombrio black metal grego
- Rotting Christ – “A Dead Poem” (1997) | Você Devia Ouvir Isto
- O que é Black Metal? Os 50 Melhores Discos do Metal Negro
- Rotting Christ – “Theogonia” (2007) | Você Devia Ouvir Isto
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