“Brizio” é o primeiro trabalho da carreira solo do baixista Fabrizio Micheloni, membro fundador da banda Carro Bomba, onde esteve de 2003 a 2013.
Nestas oito composições, Fabrizio explora suas habilidades como multi-instrumentista ao ser responsável pelas linhas de guitarra, violões e vocais, além do baixo e das letras.
A bateria fica à cargo de Fernando Minchillo, que tocou no disco “Nervoso” (2008), do Carro Bomba.
Além dele, temos também a participação do guitarrista Demian Tiguez, responsável pelos solos de quatro composições, além da produção, gravação e mixagem.
E as músicas?
Bom! O assunto aqui é rock n’ roll! Puro, pesado, forte, agressivo e intenso, mas ousado e se desdobrando em músicas bem construídas, guiadas por vocais determinados e riffs pesados.
A faixa de abertura, “Deixa Rolar a Canção” explode no peito de forma impetuosa, guiada por um baixo agressivo (que sera a mola propulsora de todo o trabalho), guitarras pesadas, e dinamizada por paradas bruscas.
Nessa faixa inicial percebemos a herança das bandas clássicas do heavy rock setentista, sendo que a letra e algumas harmonias vocais nos lembram das icônicas bandas nacionais do mesmo período.
Claro que todas as influências se mostram renovadas e atualizadas, como em “Vá se Rebelar”, que chega na sequência modernizando e energizando os ensinamentos mais pesados do Made In Brazil.
Obviamente, existe algo por aqui que remete ao Carro Bomba (confira “Assim que te Querem”), seja na abordagem iracunda do instrumental pesado, nos timbres graves e sujos, ou nas letras bem sacadas e, por vezes, engajadas.
As letras merecem atenção. Um exemplo é a contundente “O Junkie na Vala (La Cocaetileno Shuffle)”, que além de palavras impactantes sobre o abuso de drogas traz um solo memorável de Demian Tiguez.
Os vocais de Fabrizio combinam muito bem com a proposta enérgica, impetuosa e direta das músicas que exploram as possibilidades do blues rock pela forma mais crua, pesada e suja do heavy rock pioneiro de Black Sabbath, Led Zeppelin e Ozzy Osbourne, principalmente.
Isso porde ser conferido mais precisamente na cadenciada “Meus Dias de Infância”, que busca referências nas raízes do rock sessentista, mas à maneira Brizio de serem impressas.
A produção foi eficiente em destacar as potencialidades dos arranjos. Só a sonoridade da bateria que não me agradou tanto, mas isso é só um porém que esbarra no meu gosto pessoal. No geral tudo está audível, limpo, com o som na cara, e sem soar clínico.
Esse bom trabalho em estúdio se mostra com mais clareza nos timbres acústicos de “O Homem Azul”, uma faixa de espírito folk sombrio, que me lembrou uma mistura de algo do rock noventista com a ótima “Floyd”, do Lynyrd Skynyrd. Além de ter uma letra sensacional essa música traz outro primoroso solo (agora à moda setentista) de Demian Tiguez.
O álbum é fechado com o contraste da pesadíssima e confrontadora “Cadê o Amor, Pôrra?” e a melódica e resiliente “Recomeçar”, deixando a sensação de que Brizio pensou em cada detalhe de seu primeiro disco solo (seria esse disco “sua própria revolução”, como diz no verso da última música?), principalmente na ordem das composições.
Direto, pesado e contundente no discurso, assim é o debut do Brizio.
Se eu fosse você ia conferir!
FAIXAS:
1. Deixa rolar a canção
2. Vá se rebelar
3. O Junkie na vala (La Cocaetileno Shuffle)
4. Meus Dias de Infância
5. O Homem Azul
6. Assim que te querem
7. Cadê o Amor, Porra?
8. Recomeçar
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