“X: No Absolutes” é o décimo segundo álbum da banda americana Prong e se aproxima mais da era noventista, do proto-Groove Metal explorado pela banda, numa proposta bem característica, dando novos ares a velhas propostas registradas no início dos anos 1990. O disco foi lançado no Brasil pela parceria entre os selos SPV/Steamhammer e Shinigami Records
A mistura de Thrash Metal, Hardcore e Metal Industrial promovida por Tommy Victor (guitarra e vocal) vem numa de suas melhores formas nesse “X: No Absolutes”, décimo segundo álbum da banda americana Prong, que já impressiona nas duas primeiras faixas, “Ultimate Authority” e “Sense of Ease”, por trazer doses diferentes de peso e groove, e manter a envolvência por linhas de guitarra arrepiantes e refrãos marcantes.
Neste principio, a energia e a atitude transbordam dos cantos escuros das composições, imergindo o ouvinte no trabalho de modo irrevogável: no primeiro instante começa o acompanhamento com o pé, evoluindo para um natural “air drums”, e quando “Without Words”, terceira faixa, começar a desfilar sua pegada alternativa (que se repetirá na ótima “Ice Runs Through My Veins”), seu corpo não pertencerá mais à sua alma, sendo os headbangins e “espasmos roqueiros” compulsórios, tamanha a empolgação emanada desta trinca inicial de composições.
Já neste princípio é perceptível a importância do baterista Art Cruz para o sucesso deste trabalho. Suas linhas mesclam a linearidade estrutural com a ousadia de viradas estratégicas, dando a oxigenação e dinâmica necessárias para que as faixas sejam tão marcantes. Neste contexto, não podemos desmerecer o baixo de Jason Christopher, que serve como liga entre a bateria e o protagonismo das linhas de Tommy Victor, único remanescente original da banda.
Pra quem se perdeu na discografia do Prong e não acompanhou os últimos dois álbuns, “Ruining Lives” (2014) e “Songs From the Black Hole” (2015), em questão de estilo, continuam como sempre o conhecemos. Ainda exploram as mesmas influências, numa evolução diferenciada e nada linear do que o Killing Joke começou em seu primeiro álbum, sendo que este “X: No Absolutes” se aproxima mais da era noventista, do proto-Groove Metal explorado pela banda, numa proposta bem característica, dando novos ares a velhas propostas registradas no início dos anos 1990, em clássicos como “Beg To Differ” (1990), “Prove You Wrong” (1991), e até mesmo em “Cleansing” (1994).
Ou seja, transitam sobre sua zona de conforto, mas sem entregar um álbum auto-indulgente. Muito pelo contrário! Até o fim do álbum, com a espetacular faixa bônus, “Universal Law”, nos mostram que é dentro deste círculo musical que surgem suas melhores composições. Além disso, a produção de Chris Collier (que também este na masterização e na mixagem), em parceria com Victor, contribuiu muito para o impacto do álbum como um todo, sem “engordar” demais a sonoridade, deixando todos os instrumentos audíveis e detalháveis, com bastante força e organicidade.
Voltando ao álbum, “Cut and Dry”, quarta faixa, é tão empolgante quanto impressionante, com seu refrão imperativo, enquanto a faixa-título, na sequência, mistura simplicidade com ousadia exploratória, em mais uma demonstração de extrema destreza de Art Cruz, e “Do Nothing” traz modernidades e melodias que não soam estranhas no contexto do trabalho, o que também acontecerá com “With Dignity”.
Neste ponto, é interessante notar como a banda consegue transitar por vértices distintos ao longo do trabalho, mas sem perder a identidade, formando uma geometria musical concisa e regular, que volta a explodir com força em “Belief System”, com seu groove gorduroso e guitarra carnuda.
Sem dúvidas, “Soul Sickness” é uma das três melhores faixas do álbum, numa moderna alquimia de peso e melodia, por linhas de guitarra inspiradas, atitude e refrãos marcantes. E se até aqui você ainda estava sendo um exemplo vivo da Lei da Inércia, “In Spite of Hindrances”, faixa veloz e com passagens metralhadas, e “Worth Pursung” serão as “forças externas aplicadas ao seu corpo”, e que o tirarão deste estado. Se isso não acontecer, pergunte a si mesmo se realmente gosta de Heavy Metal.
“X: No Absolutes” foi o terceiro álbum do Prong em três anos, evidenciando, através da alta qualidade, que estão numa de suas melhores fases da carreira. Tudo bem que não superaram o ótimo “Carved Into Stone” (2012), mas é altamente salutar para o Heavy Metal ter uma banda como o Prong em plena atividade, e, ao que tudo indica, já teremos um novo álbum para meados de 2017.
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