Phil Campbell & the Bastards Sons – Resenha de “The Age of Absurdity” (2018)

 
Phill Campbell & the Bastards Sons, The Age of Absurdity (2018)
Phil Campbell & the Bastards Sons:,”The Age of Absurdity” (2018, Nuclear Blast, Shinigami Records) NOTA:9,0

Já pela faixa de abertura deste “The Age of Absurdity”, primeiro álbum de estúdio do Phil Campbell and the Bastards Sons, seria mais fácil dizer que esta banda mantém viva a chama do Motorhead, seja por timbragens, geometria estrutural, baixo proeminente ou pelo feeling. 

Mas a medida que as composições vão se desenvolvendo, vemos que apenas usaram o legado da banda onde Phil Campbell ficou por mais de três décadas empunhando sua guitarra como ponto de partida para criar sua personalidade musical. Moderna, mas com energia dos velhos tempos!

E quer saber? “The Age of Absurdity” possui apenas uma definição: rock n’ roll em alto e bom som!

Assim como Stephen King nos avisa em dado momento de seu épico “A Torre Negra” que o necessário a saber sobre a história já havia sido contado, aviso-o de que é só isso que você precisa saber para ir correndo atrás deste disco!

Mas tudo bem! Se você ainda está aqui lendo esta resenha é porque, assim como eu, não resiste a uma musculação verbal sobre um bom dico de rock n’ roll!

Com já dito anteriormente, Phil Campbell é o cara que comandou as seis cordas do Motorhead durante três décadas e que reuniu seus três filhos, Todd (guitarra), Tyla (baixo), e Dane (bateria), e o vocalista Neil Starr para usar todo o seu legado musical como ponto de partida para um novo capítulo de sua jornada na música.

Neil é o primeiro ponto positivo do trabalho. Ele poderia se desdobrar em mimetismos “kilmisternianos” enquanto a seção rítmica orgânica e pulsante sustenta os riffs e melodias pesadas, cheias de atitude.

Todavia, ele impôs sua própria personalidade na linhas vocais (mesmo em faixas que invocam os demônios do Motorhead), com desenvoltura e versatilidade, indo da determinação furiosa aos modos mais melódicos com fluidez.

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Phil Campbell, o guitarrista do Motorhead durante três décadas, reuniu seus três filhos e o vocalista Neil Starr num atrito de gerações distintas, que gera “The Age of Absurdity”, um disco de rock n’ roll em alto e bom som!

Ao longo das onze faixas que completam esse primeiro full lenght, podemos conferir uma banda coesa, que equilibra-se entre a maturidade advinda da experiência de Phil e a energia da juventude de seus filhos.

Pegue “Skin And Bones” e “Step Into the Fire”, por exemplo, são faixas com roupagem moderna, que vão agradar fãs de nomes como Disturbed, Stone Sour e Alter Bridge, mas que também deixa claro que Phil ainda se encontra em plena forma para compor seus riffs característicos.

Ou então pegue “Welcome To Hell”, uma das melhores de “The Age of Absurdity”, com suas remissões ao hard rock debochado do Velvet Revolver ou dos mais recentes álbuns da carreira solo de Slash.

Em contrapartida, “Freakshow”, “Get on Your Kness” e “High Rule” (com linhas de baixo interessantes) trazem aspectos setentistas de arrepiar, principalmente nas ótimas linhas vocais de Neil, mesmo que vestidas de forma mais atual.

Neste sentido, existe um tempero saboroso gerado pelo atrito de gerações distintas de artesãos do rock, que trazem influências diferentes para a receita musical.

Claro que isso gera uma singularidade nas composições como um todo, mesmo que “Ringleader”“Gypsy Kiss” encarnem a alma do saudoso Motorhead. Num álbum tão dinâmico e diversificado estas faixas são apenas duas exceções que confirmam a “regra”.

E para corroborar com esta nossa análise, “Dark Days”, a melhor de todas, traz aspectos de blues, com direito a gaita e slide guitar em meio a sua forte base hard rock, com solo sujo e clima muito bem criado.

Por essa faixa podemos certificar de como a produção está precisa e vibrante, colocando tudo em seu lugar, com impacto, organicidade, e modernidade. Destaque também à arte gráfica, com ilustrações sensacionais, usando o conceito de circo dos horrores contextualizado a cada faixa.

Dropping the Needle”, que virá na sequência de “Dark Days”, é uma injeção de intensidade condensada em pouco mais de dois minutos, contrastando com os aspectos da faixa anterior, e da quase progressiva “Into the Dark”.

Pra fechar, ainda tem o cover para “Silver Machine”, clássico do Hawkwind, banda de Lemmy Kilmister antes do Motorhead.

Ou seja, não exageramos quando reiteramos como “The Age of Absurdity” é variado, com refrãos bem elaborados e mantendo a alta rotação sempre. Vai do blues ao peso clássico, até esbarrar pontualmente em algo de progressivo.

Uma variabilidade que gera boa dinâmica, calibrada pela alternância de velocidade e peso de uma composição para outra.

“The Age of Absurdity” será um dos grandes discos de 2018!

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