Paradise Lost – ‘Host’ (1999) | Uma obra-prima do gothic metal?

 

O álbum “Host” do Paradise Lost dividiu os fãs com sua experimentação eletropop e a fuga de suas raízes no gothic doom metal. Leia este nosso artigo para ver se a experimentação da banda gerou uma obra-prima ou um fracasso.

O álbum “Host” do Paradise Lost marcou um afastamento significativo das raízes do gothic metal da banda, incorporando elementos de rock eletrônico e alternativo. Enquanto alguns fãs ficaram desapontados com a mudança no som, outros elogiaram a experimentação da banda. “Host”, décimo quinto disco da banda Paradise Lost, é nossa indicação de hoje na seção Você Devia Ouvir Isto, cuja proposta você confere nesse link.

O álbum "Host" do Paradise Lost dividiu os fãs com sua experimentação eletropop e a fuga de suas raízes no gothic doom metal. Leia este nosso artigo para ver se a experimentação da banda gerou uma obra-prima ou um fracasso.

Definição em um poucas palavras: Eletrônico, triste, pesado, experimental, ousado e classudo.

Estilo do Artista: Gothic Rock/Eletropop.

Comentário Geral: O Paradise Lost de finais da década de 1990 nem de longe lembrava a banda que formava o triunvirato do death/doom metal, ao lado do My Dying Bride e Anathema. O que não significa que “Host”,  sétimo álbum da banda, lançado em 1999, seja menor dentro da sua discografia. Ao longo do caminho até “Host”, o Paradise Lost colecionou álbuns que trouxeram pontos de pioneirismo dentro do heavy metal e uma evolução musical que saltava aos ouvidos.

“Gothic” (1991), por exemplo, antecipava o gothic metal que dominaria a segunda metade da década dentro do heavy metal, abusando do contraste de agressividade e melodia. Já “Icon” (1993) misturava vocais limpos com guturais, musicalidade densa, melancólica e melódica, dentro de uma estrutura musical que atingiria seu ápice em “Draconian Times” (1995), um dos maiores clássicos do metal noventista. Ou seja, o DNA experimental sempre existiu no âmago da musicalidade inquieta do Paradise Lost, que atingiu sua forma mais ousada em “One Second” (1997). Ali as mudanças eram fortes e demonstravam coragem enquanto abraçavam as texturas góticas.

Todavia, “Host” cruzou as fronteiras da ousadia e chegou a chocar os fãs, pois não mascararam a mudança e nem disfarçaram as influências de pop rock.O peso, as melodias arrastadas do doom metal e as texturas góticas foram amainadas. Os vocais guturais abandonados. Os cabelos ficaram mais curtos e os teclados ganharam o primeiro plano em melodias que passaram da abordagem pesada e depressiva para o tom confortavelmente melancólico, e mais experimental.

Abaixo você tem ofertas de “Host” e “Gothic”, clássicos de Paradise Lost, em edições em CD.

Mais do que isso, a frieza das texturas eletrônicas e sintetizadas já dão as caras na faixa de abertura, “So Much Is Lost”, remetendo diretamente ao Depeche Mode, que à época havia lançado o ótimo “Ultra”, uma clara influência deste “Host”, como vemos em “Deep”. E isso só é um problema se você não gosta deste tipo de sonoridade, onde o gothic rock/metal, outrora inspirado por Sisters os Mercy e The Mission, está misturado ao eletropop, e não aceita que arte siga seus próprios caminhos, transformações e desejos.

Afinal, seja pela grandiloquência pop das harmonias, ou das melodias saborosas e, até mesmo, pelos detalhes criativos dos arranjos (como o violino de “Nothing Sacred”, que também aparece na melancólica “Harbour”), o fato é que “Host” é um grande álbum, muito bem trabalhado em estúdio, por uma produção que traduziu muito bem a sonoridade que o Paradise Lost queria.

E queiram ou não, “Host” foi muito influente nas bandas congêneres do Paradise Lost naquele último ano do milênio. A forma do, popularíssimo à época, gothic metal foi revitalizada por esse disco, e amplificada por nomes como H.I.M.,  Poisonblack, Tiamat, Anathema e Diabolique, principalmente no que tange à mistura de guitarras distorcidas com sintetizadores, teclados e artifícios eletrônicos. Além disso, não há como negar a qualidade de canções como “Ordinary Days”, “It’s To Late” (climática, cadenciada e emocional), “In All Honestly”, “Wreck”, “Host” (com ótimo arranjo de cordas) e “Permanent Solution” (essa, quiçá, a melhor do álbum), e as letras que direcionavam os aspectos mórbidos e depressivos, para a melancolia das agruras da vida real.

O som pode ate não ter mais aquele feeling metálico junto a melancolia, mas a alta capacidade em desdobrar boas ideias musicais continuava intacta, assim como a genialidade do guitarrista e líder\fundador Mackintosh, que buscava o passo seguinte na metamorfose musical da banda que liderava, após o clássico “Draconian Times”, girando seu foco aos teclados e menos às seis cordas.

As guitarras até aparecem, como em “Permanent Solution” e “Behind the Grey”, mas estão texturizadas, e a sujeira até dá certa sensação de peso em “Made The Same”, mas está longe de ser heavy metal. Ainda bem, pois nem caberia isso em “Host”, um disco compacto e de uma banda que não fica tateando à esmo em busca de personalidade sonora. O Paradise Lost podia até estar longe de sua gênese musical, mas não estava perdido!

Esqueça que “Host” não foi bem aceito pela critica da época e dê uma chance a esse disco que chegou remasterizado e lançado no Brasil via Shinigami Recods. Dê a essa fase do Paradise Lost mais uma crédito, pois passar intacto pelo teste do tempo não é pra qualquer álbum controverso. E garanto que “Host” passou!

Abaixo você tem ofertas de “Medusa” e “Draconian Times”, clássicos de Paradise Lost, em edições em CD e em disco de vinil.

Ano: 1999.

Top 3: “Nothing Sacred”, “Ordinary Days” e “Permanent Solution”.

Formação: Nick Holmes (vocais), Gregor Mackintosh (guitarra, teclados, programação e arranjos de cordas), Aaron Aedy (guitarra), Stephen Edmondson (baixo), e Lee Morris (bateria);

Disco Pai: Depeche Mode – “Ultra” (1997)

Disco Irmão: The Gathering – “if_then_else” (2000)

Disco Filho: Host – “IX” (2023)

Curiosidades: Sobre a mudança no som da banda, Greg disse que: “Nós estávamos cansados de tudo aquilo [compor na estrada e ir para o estúdio sem paradas], sentíamos que já tínhamos feito  tudo o que podíamos dentro daquele estilo [desenvolvido de “Icon” a “Onde Second”] e precisávamos fazer algo diferente, de outro modo isso poderia ser igual a trabalhar numa fábrica, fazendo o mesmo tipo de coisa sempre.”

Pra quem gosta de: Tristeza, luz no fim do túnel, profundidade, mudanças drásticas e sintetizadores.

Leia Mais:

Abaixo você tem ofertas de “Icon” e “At The Mill”, clássicos de Paradise Lost, em edições em CD e em disco de vinil.

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

1 comentário em “Paradise Lost – ‘Host’ (1999) | Uma obra-prima do gothic metal?”

  1. O Host é para o Paradise Lost o que o Musique foi para o Theatre of Tragedy (lançado um ano mais tarde), deixando totalmente de vez as influências no gothic e doom metal e abraçando mais o eletrônico (no caso do ToT uma influência no ebm de bandas como Blutengel). Eu particularmente não torço o nariz para essas mudanças de sonoridade, desde que a banda mantenha a boa qualidade, o que aqui não se perdeu. Paradise Lost continua sendo uma banda do kct.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *