“Lost Paradise”, clássico primeiro disco da banda PARADISE LOST é nossa indicação de hoje na seção VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO, cuja proposta você confere nesse link.
Definição em um poucas palavras: Pesado, melancólico, arrastado, dissonante e pioneiro.
Estilo do Artista: Doom/Death Metal
Comentário Geral: O Paradise Lost colecionou álbuns que trouxeram pontos de pioneirismo dentro do heavy metal e uma evolução musical que saltava aos ouvidos.
“Gothic” (1991), por exemplo, antecipava o gothic metal que dominaria a segunda metade da década de noventa dentro do heavy metal, abusando do contraste de agressividade e melodia.
Já “Icon” (1993) misturava vocais limpos com guturais, musicalidade densa, melancólica e melódica, dentro de uma estrutura musical que atingiria seu ápice em “Draconian Times” (1995), um dos maiores clássicos do metal noventista.
Ou seja, o DNA experimental sempre existiu no âmago da musicalidade inquieta do Paradise Lost, que atingiu sua forma mais ousada em “One Second” (1997), onde as melodias arrastadas do doom metal e as texturas góticas foram amainadas e os teclados ganharam o primeiro plano em melodias que passaram da abordagem pesada e depressiva para o tom confortavelmente melancólico, e mais experimental.
Isso só pra ficar na primeira década de sua história!
Porém, tudo começa aqui em “Lost Paradise”, primeiro full lenght do Paradise Lost após sua fundação em 1988, na cidade de Halifax, na Inglaterra, quando emprestaram o título do poema épico de John Milton.
Este é basicamente um disco de death metal, com esboços do que seria inovador e marcante em discos como “Gothic” (1991) e “Icon” (1993) que viriam na sequência, principalmente na faixa “Breeding Fear”, que já traz alguns vocais femininos contrastando com os guturais.
Os ritmos são lentos, as timbragens sujas e a produção old school amplifica o peso orgânico e mórbido que evoca referências óbvias e clássicas.
O que hoje pode soar ensimesmado e enrijecido, para a época uma banda que tocava death metal apenas em ritmo lento era algo novo.
“Nós não acreditávamos que você precisa ser rápido para ser extremo”, refletiria anos mais tarde o guitarrista Gregor Mackintosh.
Assim como era de se esperar, eles estavam apenas reproduzindo suas influências enquanto criavam sua identidade, como disse Nick Holmes:
“Quando começamos a banda nós estávamos muito interessados em death metal e, de fato, não ouvíamos nada além disso por muitos anos. De 1984 a 1990, eu não ouvia nada além de death metal e thrash metal.”
Junto aos guitarristas Gregor Mackintosh e Aaron Aedy Guitars, o baixista Stephen Edmondson e o baterista Matthew Archer, Nick usou essas influências para remodelar o death metal para algo ainda mais sombrio e impactante, enquanto rompia com elementos básicos do gênero como o excesso de velocidade, por exemplo.
Essa é uma observação que Gregor Mackintosh reforçou em recente entrevista à revista Roadie Crew:
“Eu acredito que existia uma energia e uma vibração diferentes na música do Paradise Lost. Nós trabalhávamos para que nossa música não expressasse apenas o sentimento de fúria. Havia muitas outras emoções envolvidas em cada composição. Não era apenas fúria e nem somente tristeza.”
Se você prestar atenção em faixas como “Deadly Inner Sense”, “Our Saviour”, “Rotting Misery” (onde o legado do Black Sabbath é mais perceptível) e “Internal Torment II” perceberá como isso fica evidente, pois existem sentimentos diversos nos climas sobrepostos à estética do death metal.
Antes deste primeiro disco, o Paradise Lost lançou três demo tapes que os levaram a ser contratados pela Peaceville Records em 1989, um selo britânico do qual o Paradise Lost se tornou um dos principais nomes.
Gregor Mackintosh inclusive chamou a atenção para uma dessas demos, na já citada entrevista publicada na revista Roadie Crew #255:
“Pelo que me lembro, essa noção de que fazíamos algo diferente surgiu na época em que gravamos nossa segunda demo, ‘Frozen Illusion’ (1989), ou seja, antes do lançamento do álbum de estréia”.
Uma audição de “Frozen Illusion” (1989), que hoje é encontrada facilmente na internet, mostra como o processo evolutivo e criativo da banda já estava em franca evolução quando lançaram “Lost Paradise” em fevereiro de 1990, pois naquela demo eles soavam ainda mais agressivos e até próximos à estética sueca do death metal.
Faixas como “Paradise Lost”, “Frozen Illusion” (com coros bem encaixados) e “Breeding Fear” (com seus vocais femininos), por exemplo, que estão presentes em ambos os momentos, abriam possibilidades novas para amadurecer o death metal, deixando-o ainda mas sombrio e menos estereotipado.
Segundo Gregor Mackintosh, essa impressão se dá pela produção:
“Só tivemos dois dias para trabalhar em tudo o que envolvia ‘Lost Paradise’, e esse é um tempo muito curto para fazer um álbum. a maior parte desse tempo nós perdemos discutindo com ‘Hammy’, que estava tentando ser um produtor musical naquela época, mesmo sem ter habilidade nenhuma para isso.”
Ele continua:
“Eu sinto que ele realmente roubou parte da atmosfera do álbum, por assim dizer. Ele tirou parte daquilo que queríamos que o disco transmitisse ao ouvinte”.
O Hammy a quem Gregor Mackintosh se refere era ninguém menos que Paul Halmshaw, o fundador da Peaceville Records, gravadora por onde o Paradise Lost lançaria “Lost Paradise”.
“Lost Paradise” foi gravado no inverno europeu de 1989 e mesmo entendendo todos os problemas apresentados pelo guitarrista, a impressão que tenho é que o Paradise Lost conseguia chegar na sonoridade que quase toda banda européia de death metal buscou até pelo menos 1992.
Que o digam bandas como Asphyx e Autopsy, que estavam pareadas musicalmente com a proposta do Paradise Lost, que por sua vez conseguia se destacar já pelo senso opressor das harmônias dissonantes e estranhas de Greg Mackintosh e as bases impactantes de Aaron Aedy.
Em novembro de 1990, a banda já retornava ao estúdio para gravar seu histórico e influente segundo disco, “Gothic”, que seria lançado em março de 1991 e promoveria a primeira grande mudança estética na música da banda, ousando ao inserir teclados e vocais femininos nos arranjos.
Por ser um disco emblemático, que junto a “Serenades”, do Anathema, e“As the Flower Withers”, do My Dying Bride, representam o histórico death/doom metal do selo Peaceville, VOCÊ DEVIA OUVIR ISTO!
Ano: 1990
Top 3: “Our Saviour”, “Rotting Misery” e “Frozen Illusion”.
Formação: Nick Holmes (vocais), Gregor Mackintosh (guitarra), Aaron Aedy (guitarra), Stephen Edmondson (baixo) e Matthew Archer (bateria)
Disco Pai: Celtic Frost – “Into the Pandemonium” (1987)
Disco Irmão: My Dying Bride – “As the Flower Withers” (1992)
Disco Filho: November’s Doom – “Amid Its Hallowed Mirth” (1995)
Curiosidades: Fundado em 26 de março de 1988, o Paradise Lost compõe o trio de ferro de pioneiros do death/doom metal, junto ao Anathema e ao My Dying Bride.
Pra quem gosta de: Peso dissonante, velocidade controlada, literatura gótica, climas e sentimentos, e cerveja escura.
Leia Mais:
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