Acredito que uma banda capaz de trabalhar com os cânones do rock em qualquer de suas vertentes, extraindo o conteúdo latente das obras tradicionais do gênero e usando-o como ponto de partida de novas composições possui tanto valor quanto os nomes mais inventivos e originais.

O Overlloud é um representante nacional desse essência, retrabalhando aquele heavy metal feito por fãs de heavy metal para fãs de heavy metal, cujo segredo está no enlace de um riff instigante com um refrão matador.

Musicalmente, as oito composições deste primeiro álbum, intitulado “Splendor Solis”, trazem uma cozinha que marca padrões técnicos, muita dramaticidade e melodia nas guitarras precisas chafurdando nos cânones do gênero, e vocais expressivos formando um conjunto que transpira o metal oitentista, por feeling, malícia e destreza.

A banda foi formada em outubro de 2011, em Campina Grande, na Paraíba, e as primeiras composições a surgir foram “Searching for the Light” e “Buildings on Fire”.

E se este primeiro disco da banda, lançado de forma digital e independente em 2019, fosse prensado num LP, acredito que essas duas músicas seriam as aberturas de cada lado.

A abertura do disco fica à cargo de “Buildings on Fire”, uma faixa que vai agradar muito os fãs de Iron Maiden, com seus andamentos ritmados, melodias dobradas de guitarra e vocais dramáticos, elementos que também ouviremos em “Abyss of the Void”, outra com a vibe britânica da Donzela de Ferro.

Já “Searching for the Light” trará algo do metal melódico do Helloween para o jogo musical, dinamizando o repertório sem perder a pureza da proposta.

Aliás, mesmo que exista uma linha condutora entre o heavy metal tradicional americano e o britânico, existe algo de hard rock aqui e acolá (como em “Drinking All Night” e “Apotheosis”) e até um peso mais determinado em “Omen”.

Mesmo assim, não dá pra negar que a grande influência do Overlloud é o Iron Maiden.

Cada curva melódica das guitarra bebe diretamente da fonte da dupla Adrian Smith/Dave Murray, e os vocais, apesar de explorar outras influências, possuem cacoetes que lembram muito o estilo de Bruce Dickinson.

Todavia, não se trata de uma imitação pura e simples.

Existem detalhes que imprimem a personalidade da banda em cada uma destas composições, como nos passagens mais arrastadas de “Widowmaker” ou nos momentos mais épicos e hard n’ heavy de “Metal Legends”, sem dúvidas as duas melhores faixas do disco.

Em suma “Splendor Solis” traz uma performance bem trabalhada em estúdio, pela produção da própria banda em parceria com o Base SLZ  Studio, onde conseguiram tirar qualquer aspecto datado das músicas que possuem uma concisão ótima, exatamente por não tentar reinventar a roda.

Hoje em dia o heavy metal se desdobrou em vertentes tão diversas e complexas que é impossível não ter um certo estranhamento e até saudosismo quando pegamos um disco de “metal puro sangue” como esse.

E quer saber? Seguindo a comparação com a influência mais marcante do quinteto, vou te falar que algumas faixas de “Splendor Solis” me empolgaram mais que as apresentadas pelo Iron Maiden em seus últimos três discos!

Aproveite que a Hellion Records acabou de lançar a versão física deste primeiro disco do Overlloud e vá atrás, pois vale muito a pena.

FAIXAS:

1. Buildings on Fire
2. Widowmaker
3. Metal Legends
4. Abyss of the Void
5. Search for the Light
6. Apotheosis
7. Omen
8. Drinking All Night

FORMAÇÃO:

Lucas Moura (baixo)
Rui Jr. (bateria)
Andrew Marques (guitarra)
Tiago Galdino (vocais)
Leandro Balby (guitarra)

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