Overkill – Resenha de “The Wings of War” (2019)

 

Overkill - The Wings of War
Overkill – “The Wings of War” (2019, Shinigami Records) NOTA:10

Senhoras e senhores, o Overkill fez de novo!

Não. Eles fizeram ainda melhor! “The Wings of War” é o melhor disco da banda capitaneada pelo vocalista Bobby “Blitz” Ellsworth e pelo baixista DD Verni, desde “Ironbound” (2010).

Décimo nono álbum de estúdio, “The Wings of War” é o quinto full lenght da banda em uma década (no mesmo período ainda tivemos dois discos ao vivo), algo a ser louvado numa época em que cada vez menos o formato álbum é valorizado e as bandas estendem cada vez mais o intervalo entre seus discos de estúdio.

E o Overkill não é só incansável, como mantém a regularidade no intervalo entre seus discos desde “Feel the Fire” (1985), assim como a qualidade e fidelidade ao thrash metal.

Isso é confirmado quando ouvimos seus discos mais recentes e percebemos que a banda está numa de suas melhores fases da carreira, mostrando criatividade e energia para conjurar sua música pesada e dinamicamente melódica.

À julgar pelo que ouvimos em “The Wings of War”, essa fase parece que ainda vai render muitos bons frutos.

No que tange à formação da banda, temos uma mudança importante: Jason Bittner assume as baquetas no lugar de Ron Lipnicki.

Por mais que o espírito e a identidade musical do Overkill estejam bem definidos e ainda permaneçam intactos neste novo trabalho, é fato que Bittner trouxe uma dinâmica mais arrojada para as bases que sustentam as harmonias das dez composições que completam o disco (onze na versão nacional à cargo da Shinigami Records, que nos oferece “In Ashes” como faixa-bônus).

Essa observação é melhor percebida em “Out on the Road-Kill”, onde Bittner dá uma aula de técnica, precisão e groove em prol do thrash metal.

Ao longo de todo o trabalho fica nítido como o baterista se integrou à filosofia do Overkill, mas com a personalidade necessária para imprimir seu próprio estilo, dinâmico e técnico.

Ouvindo faixas como “Last Man Standing”“A Mother’s Prayer” até ficamos com a sensação de que “The Wings of War” será uma pura continuação de “The Grinding Wheel” (2017, e que resenhamos aqui), afinal elas são diretas, rápidas e poderosas, guiadas por melodias brutais e vocais determinados e característicos.

Porém, “Believe in the Fight”, segunda faixa, além de trazer a agressividade impregnada das digitais da banda, ainda oferece alguma coisa de metal tradicional no refrão e na passagem com groove cheio de tensão. E isso ligará o alerta de que nem só a bateria mudou sua pulsação no corpo da banda.

Com um pouco mais de atenção é perceptível que no processo de criação o Overkill deu prioridade aos solos e aos refrãos, alternando posições estruturais de sua música, aumentando o peso enquanto se inspiravam fortemente no metal tradicional, principalmente em seus movimentos melódicos e dramáticos.

“Distortion”, uma das melhores faixas de “The Wings of War”, deixa isso bem claro com um diálogo  quase épico entre baixo e guitarra que introduz o peso cadenciado, e suas guitarras dobradas junto ao refrão imperativo, remetendo até a algumas bandas da NWOBHM. Assim como em “Where Few Dare to Walk” e “Head of a Pin”.

Essa é uma mudança leve, mas que aponta para possibilidades interessantes no futuro, principalmente se mantiverem essa timbragem nervosa e ríspida das guitarras, que nos lembram do passado, mas sem soarem datadas, contribuindo fortemente para o impacto de faixas como “BatShitCrazy” (a melhor do disco! Dona de certa insanidade e uma passagem climática de arrepiar), “Welcome to the Garden State” (com sua veia punk) e “Hole in My Soul”, composições típicas do Overkill, agora carregadas de tensão.

Claro que não dá pra falar do Overkill sem mencionar o trabalho do vocalista Bobby “Blitz” Ellsworth, pois, mesmo com timbre esganiçado, e que não funcionaria na maioria das bandas de metal ainda ativas, ele é o traço mais forte da personalidade da banda, além de ficarem claras sua preocupação e sua destreza na criação de linhas vocais bem encaixadas, empolgantes, enérgicas  e explosivas.

Aos meus ouvidos, “The Wings of War” soa como um disco que o tempo se encarregará de colocar como um dos mais importantes da discografia do Overkill.

Overkill… Eis uma banda que nunca decepciona!

TRACKLIST

1. Last Man Standing
2. Believe in the Fight
3. Head of a Pin
4. BatShitCrazy
5. Distortion
6. A Mother’s Prayer
7. Welcome to the Garden State
8. Where Few Dare to Walk
9. Out on the Road-Kill
10. Hole in My Soul
11. In Ashes

FORMAÇÃO

DD Verni (baixo)
Bobby “Blitz” Ellsworth (vocais)
Dave Linsk (guitarra)
Derek Tailer (guitarra)
Jason Bittner (bateria)

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