Invariavelmente, assim como algumas bandas tem feito no metal nacional, o Orphaned Land pratica uma forma interessante de folk metal.
Geralmente quando pensamos neste gênero, associamos a influências celtas e nórdicas, mas é fato o conceito de folk se associa a um espectro cultural mais diverso.
Não que a banda israelense, formada em 1991 clame esse rótulo para si (o oriental metal seria o mais adequado), esta é mais uma análise deste que vos escreve para tentar condensar essas quase três décadas de evolução musical que os credenciou como uma das forças mais revolucionárias e interessantes dentro do heavy metal moderno.
De forma criativa e pacifista (a banda é reconhecida por esforços consistentes em prol da paz, sendo premiada por sua postura, existindo até mesmo uma campanha entre os fãs para que a banda seja laureada com o prêmio Nobel da Paz), oferecem uma discografia de altíssimo nível, em seis discos, com destaque absoluto à obra-prima “Mabool – The Story of the Three Sons of Seven” (2004), e confesso que desde este trabalho espero algo como o que foi feito em “Unsung Prophets & Dead Messiahs”, recém-lançado sexto álbum, que aumenta esta personalidade musical forte, com mensagem cheia de amor e esperança nestes tempos turbulentos.
Este primeiro álbum após “All Is One” (2013) -sem contar o projeto de 2016 ao lado do Amaseffer-, foi lapidado nestes anos inspirado nos escritos de Platão e ideais revolucionários e pacifistas ao longo da história, criando um conceito intrincado e profundo, com camadas de absorção para cada audição realizada, remetendo à profundidade conceitual feita em 2010, no álbum “The Never Ending Way of ORwarriOR”.
“Unsung Prophets & Dead Messiahs” reforça a mensagem de tolerância entre judeus, cristãos e muçulmanos, embasada pelos ensinamentos filosóficos gregos, em destaque ao “Mito da Caverna”, de Platão.
Musicalmente, é um trabalho construído sobre camadas de informação, numa mescla de seus três últimos discos.
E temos exatamente o que esperamos da banda, com sonoridade multifacetada e multivariada, bem dinamizada por uma produção brilhante, mantendo Jens Bogren e a própria banda no posto, deixando tudo com sabor familiar, enquanto varia da brutalidade épica para a sensibilidade melódica, indo da euforia à reflexão com fluidez e envolvência.
Fato evidente nos primeiros momentos de “The Cave”, faixa de abertura, com seu canto sirênico e arranjo orquestrado, também mostrando que estamos diante de um nome diferenciado dentro da música moderna.
Uma banda que pensa sua obra além da conjunção de ritmos e melodias, onde tudo tem uma razão de ser e estar, e cada mínimo detalhe é pensado e construído para atingir o fã além dos ouvidos.
Nesta experiência musical a identidade regionalista do Orphaned Land está impressa perenemente, mas sem forçar para ser diferenciada. Os cântico, coros, refrãos, orquestrações e sinuosos maneirismos vocais formam um grandioso e emocionante escopo musical, com sabor de opera rock/metal e diversidade musical criativa e inteligente.
Os arranjos são dinâmicos, seja em suas formas elásticas, como na já citada “The Cave”, “Take My Hand” ou em “Chains Fall to Gravity” (uma das melhores composições da banda, com o feeling e maestria do guitarrista Steve Hackett dando um tom progressivo ainda mais aflorado), seja em suas formas mais compactas, como nas brilhantes “Yedidi”, “All Knowing Eye” e na cinematográfica “The Manifest – Epilogue”.
Os detalhes metálicos estão brilhantes, bem desenvolvidos nos moldes tradicionais do heavy metal em “Left Behind”, “In Propaganda”, e “My Brother’s Keeper”, enquanto “Like Orpheus”, até mesmo pela participação de Hansi Kürsch (Blind Guardian), resvala no power/melodic metal, e as iracundas “We Do Not Resist” e “Only the Dead Have Seen the End of the War” são erigidas sobre o metal extremo, sendo esta última um death metal disfarçado pelos maneirismos do Orphaned Land, com a participação de Tomas Lindberg (At the Gates).
Uma diversidade musical que segue um fio condutor melódico que é a alma da peça, seguindo suas peregrinações dentro do álbum, seguindo também um conceito musical guiado por texturas, pesos e sentimentos, fazendo de “Unsung Prophets & Dead Messiahs” um álbum complexo e grandiloquente, sem ser pretensioso.
No fim da audição, “Unsung Prophets & Dead Messiahs” pode ser referenciado como um álbum ousado, progressivo, espiritual, filosófico, viajante, lírico e moderno.
“Simples” assim…
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