Nick Drake – “Pink Moon” (1972) | Você Devia Ouvir Isto

 

Dia Indicado para ouvir: Segunda-Feira.

Hora do dia indicada para ouvir:  Sete da Manhã.

Definição em um poucas palavras: Acústico, triste, sentimental, clássico².

Estilo do Artista: Folk.

NICK DRAKE - Pink Moon (1972)
NICK DRAKE – “Pink Moon” (1972 | Island)

Comentário Geral: Aqui temos o ápice da arte de Nick Drake.

Ou melhor, “Pink Moon” é Nick Drake!

Este álbum foi gravado à meia-noite, em duas sessões no estúdio Sound Techniques, com apenas Nick Drake e seu produtor John Wood. Nada incomum para alguém que tinha como uma de suas características marcantes a condição de notívago. Grande parte das suas composições foram concebidas na madrugada.

Quando Peter Buck, do R.E.M. questionou o produtor quanto ao clima intimista conseguido no álbum, John Wood respondeu que todo ele veio do músico, que apenas se sentou, tocou e cantou com toda a emoção de um compositor desapontado, sem enfeites de guitarra e a pura voz de Nick trêmula de emoção.

Mas para entender esse disco é necessário entrar um pouco na biografia deste trovador solitário.

Nascido em 19 de junho de 1948, na antiga Birmânia, Nick Drake ficou conhecido como um ícone britânico da música folk, mesmo sua música indo além dos limites desta prateleira.

Uma pessoa calma e introvertida, sem muitos amigos, ele se dedicava mais a aprimorar sua técnica musical do que às relações pessoais. Como um obsessivo na prática do violão, treinava até altas horas, experimentava afinações e compunha compulsoriamente.

Seu primeiro álbum foi “Five Leaves Left”, de 1969. Claramente inspirado pelo primeiro álbum de Leonard Cohen, ele criou uma coleção de canções intimistas, introspectivas e complexas, que exaltavam sua técnica aprimorada ao violão, ficando explícita a influência da música clássica.

Porém, toda obra é reflexo de alguma parte de seu compositor, e Nick Drake era triste. Genialmente triste, como ninguém mais o poderá ser. O que explicaria o fracasso do primeiro trabalho e a mudança de direcionamento em “Bryter Layter”, lançado em 1970.

Agora ele não estava mais sozinho ao violão e empacotava suas composições com requinte, detalhes e ousadia, se mostrando totalmente diferente, experimental, sendo que até um clima jazzístico se faz presente!

Não adiantou! Sua música estava à frente de seu tempo e poucos captavam a genialidade com que cada acorde se tornava voz de uma emoção humana.

Após o fracasso de “Bryter Layter”, Nick Drake parece ter desistido, desanimado, e se entregado à melancolia capaz de preencher um quadro de Albrecht Dürer ou de Edvard Munch.

Isso fica evidente em “Pink Moon”, seu terceiro e derradeiro álbum, lançado em 25 de fevereiro de 1972.

O álbum foi gravado à meia-noite em duas sessões de duas horas em outubro de 1971, apenas com Nick e seu produtor presentes. Ao contrário dos álbuns anteriores, Nick não foi acompanhado por uma banda.

As composições foram brutalmente despidas de qualquer enfeite orquestral e fortemente carregadas do tom emocional que flui de um compositor desarmado de qualquer artifício que amenize os sentimentos crús e vibrantes de sua arte.

De fato, todas as canções são tristes, mais intimistas, mais duras e até perturbadoras.

Onze obras-primas estão presentes neste álbum que não ocupa nem trinta minutos de música, sem que isto desmereça qualquer pedaço de si mesmo.

Um fato que alguns compositores ignoram e poucos dominam é que as músicas tem sua hora certa de acabar. Nick Drake sabia disso como poucos.

A abertura de “Pink Moon” ficou para a faixa-título, a mais “colorida” do disco, com acordes de fácil assimilação e uma melodia simples, porém belíssima, e se tornou a música mais conhecida de toda a carreira de Nick Drake, tendo inclusive, figurado em uma campanha publicitária de um carro nos Estados Unidos. Sua letra, curta, é tão poética quanto ironicamente simbólica:

“I saw it written and I saw it say
Pink moon is on its way
And none of you stand so tall
Pink moon gonna get you all
It’s a pink moon
It’s a pink, pink, pink, pink, pink moon”

Porém, a primeira pista de desabafo chega em “Place To Be”, uma canção cuja melodia serve para uma bucólica manhã ainda umedecida pelo orvalhar noturno. Em seus versos, Nick Drake usa a natureza para nos dizer de como se sentia:

“And I was green, greener than the hill
Where the flowers grew and the sun shone still
Now I’m darker than the deepest sea
Just hand me down, give me a place to be”

Na sequência ouvimos o quanto ele conseguia ser técnico ao seu violão, tanto quanto imprimir mais sentimentos com as melodias dali tiradas do que propriamente nos quatro versos doloridos que também fazem parte de “Road”, uma de suas melhores músicas da sua curta carreira.

“Wich Will” chega contrastando com o que ouvimos antes ao discorrer suave em suas linha melódicas fascinantes entremeadas a versos sobre a solidão, e dá espaço, após um rápido e melancólico interlúdio, para a  magistral “Things Behind The Sun”.

Dona de uma beleza minimalista poucas vezes vista em uma canção com apenas voz e violão, uma das obras-primas de Drake com toda a certeza, “Things Behind The Sun” é capaz de te emocionar mesmo se você nunca entender sua letra. Mesmo assim, é interessante notar como parece que ouvimos o próprio Nick Drake se questionando: “Who’ll hear what I say” ?

O segundo lado do disco abre com as linhas ritmadas, graves, e os murmúrios de “Know”, mas a primeira pérola desta segunda parte do repertório é “Parasite”. Essa é outra daquelas com intricado trabalho de violão em linhas harmônicas descendentes que emocionam mesmo se você não entender o que ele diz em versos como:

“And take a look you may see me on the ground
For I am the parasite of this town.
And take a look you may see me in the dirt
For i am the parasite who hangs from your skirt.”

Se você não sentir nada enquanto ouvir essa música reveja seus conceitos de empatia!

Para tirar o clima depressivo ele nos entrega algo mais esperançoso, digamos assim, na sequência com “Free Ride” e suas mudanças de acordes rápidos exaltando o talento de compositor presente em Nick Drake.

Aliás, um compositor versátil, como nos prova“Harvest Breed”, uma música que vai agradar quem gosta da MPB dos anos sessenta e setenta. Não que ele tenha se inspirado em nossa música, mas as harmonias de violão e voz dialogam muito com os nossos compositores.

O disco fecha com “From the Morning” de uma forma até mais otimista do que começou, afinal existe certa resiliência e esperança em seus versos que oferecem um contraponto aos de “Parasite”. 

Nick Drake tinha apenas vinte e quatro anos quando gravou esta obra-prima, restando a nós a perguntar do que teria sido capaz este músico ímpar se sua vida não tivesse acabado em 1974, com apenas 26 anos?

Fechado em seu apartamento em Londres, Nick ainda cunhou diversas faixas que vieram a ser divulgadas em caixas lançadas postumamente, mas “Pink Moon” é o canto do cisne de mais um gênio que só ganhou o reconhecimento após sua morte.

Ano: 1972

Top 3:Pink Moon”, “Things Behind The Sun”  e  “Parasite”.

Formação: Nick Drake (voz, guitarra, violão e piano).

Disco Pai: Leonard Cohen – “Songs From a Room”  (1969).

Disco Irmão: Joni Mitchell – “Blue”  (1971).

Disco Filho: Elliott Smith  – “Either/Or”  (1997).

Curiosidades: Diz a lenda que após finalizar as gravações, Nick Drake teria ido ao prédio da gravadora e deixado as fitas em cima da mesa da secretária, saindo sem falar com ninguém. As gravações teriam ficado lá por todo o fim de semana, até serem encontradas no meio da semana seguinte. Ele teria feito isso pelo fato da gravadora Island Records não querer um terceiro disco seu,

Pra quem gosta de: Trovadores solitários, letras profundas, melancolia, o orvalho das primeiras horas da manhã e lágrimas sinceras.

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