Nashville Pussy – Resenha de “Pleased to Eat You” (2018)

 

 

 

Nashville Pussy Pleased to Eat You
Nashville Pussy, “Pleased to Eat You” (2018, earMUSIC, Shinigami Records) NOTA:9,0

“A última banda de rock n’ roll da América”!

Pode soar um título exagerado, mas ele foi dado por ninguém menos que Lemmy Kilmister, o lendário líder do Motorhead. E se tem uma coisa da qual Lemmy entendia era do rock n’ roll “puro sangue”, então sempre que o Nassville Pussy lança um novo álbum é quase um dever para com o mestre Lemmy ao menos conferir rapidamente o trabalho.

Desde 1997, o Nashville Pussy dissemina uma música cheia de atitude, texturas ásperas e sujas por um alto volume, não só sonoro, mas também de libido e lascividade, o que deu certo charme ultrajante à fusão de bluespunk da banda.

Pense numa mistura de AC/DC e ZZ Top com Motorhead, aditivada por doses generosas de uísque barato e ambientada pela fumaça gerada pela queima de substância licitas (ou não!).

E não há como negar que “She Keeps Me Coming And I Keep Going Back”, faixa de abertura de “Pleased to Eat You”, é uma herdeira do legado do Motorhead, principalmente no riffalém de ter uma seção rítmica concisa e vocal com cacoetes de punk. 

À partir desta faixa teremos um desfile de músicas carregadas de despojamento e energia, riffs licks de guitarra “aos tubos” e letras sacanas, recheadas de sarcasmo e duplos sentidos, onde não existe pretensão além de tocar rock n’ roll no espírito “feio, sujo e malvado” sempre.

Na sequência, temos “We Want A War”, um rockão que empolga, com destaque à sua bateria cativante e ao solo arrepiante. Essa, ao lado de “Endless Ride” “Testify”, são as faixas de “Pleased to Eat You” com mais cara de hit. 

Essa é a imagética desenhada pelo quarteto norte-americano neste “Pleased to Eat You”, seu sétimo álbum de estúdio, produzido por Daniel Rey, conhecido pelo trabalho ao lado do Ramones. A simples, direta, e luxuriante tríade sexo, drogas rock n’ roll.

Basta uma primeira audição em  “Pleased to Eat You”“Pleased to Eat You” para vermos que a ruptura com o trabalho de Rey no álbum anterior, atrasou a criação de seu ápice discográfico. “Get Some!” (2005) e “From Hell to Texas” (2009) vinham esboçando o que vemos aqui, e ambos traziam a mão de Rey na produção.

Já no disco anterior, “Up the Dosage” (2014), a banda arriscou novamente uma auto-produção em parceria com Brian Pulito.

Uma impressão que sempre tive foi que o Nashville Pussy nunca teve maior reconhecimento por causa da voz de Blaine Cartwright (também guitarrista). Ele sempre me soou como uma versão esganiçada de Alice Cooper.

Nesse ponto eu acredito que a produção de Rey foi precisa em trazer algumas composições para a forma trabalhada por Alice Cooper nos anos setenta, o que gerou as ótimas “Just Another White Boy”“Go Home And Die” (um blues rock de ímpeto hard, cujo refrão é puro Alice Cooper Group) e “CCKMP”.

Com isso, as composições do Nashville Pussy neste “Pleased to Eat You” ganharam em melodia. A produção também foi inteligente em manter as guitarras de Ruyter Suys empoeiradas, com aquele pó do blues, afinal, eles buscam o feeling de suas músicas no blues, como nos mostram “Woke Up This Morning” (uma das melhores do álbum), com seu slide malicioso, e na crua “Hang Tight”.

Nos momentos de mais proximidade com o blues não há como não lembrar do ZZ Top, principalmente pelas guitarras de Ruyter Suys, totalmente influenciadas por Angus Young e Billy Gibbons.

Também temos que aplaudir o fato de deixarem o baixo engordurado e o baterista livre para ir além de ser a coluna de sustentação das harmonias, ou simplesmente marcar o tempo das canções. Além disso, Ben Thomas nos lembra do quão eficiente é o cowbell como artifício de percussão num rock n’ roll cheio de malícia.

Uma fórmula que gera faixas poderosas como “Low Down Dirty Pig” “One Bad Mother”. Claro, existe uma hammond “safado” em “Testify”, mas só pra deixar tudo ainda mais flamejante. Já a faceta hard rock do Nashville Pussy mostra sua cara em “Tired Of Pretending That I Give A Shit “.

“Pleased to Eat You” é um disco que passa rápido, divertindo pelo rock certeiro, não nos permitindo pular uma faixa.

Até este álbum eu estava dividido entre “High as Hell” (2000) e “Say Something New” (2002) como o meu favorito do Nashville Pussy, pois eles promoviam as formas mais sujas, lascivas e sacanas do rock n’ roll. Todavia, “Pleased to Eat You” chegou para roubar o posto, simplesmente por mostrar essa rebeldia musical de uma forma mais madura, além de invocar cânones como ZZ Top, Motorhead, Alice Cooper e AC/DC.

Não é à toa que este disco foi lembrado na nossa lista de Melhores de 2018, que você confere aqui.

TRACK LIST

1.She Keeps Me Coming And I Keep Going Back
2. We Want A War
3. Just Another White Boy
4. Go Home And Die
5. Low Down Dirty Pig
6. Testify
7. One Bad Mother
8. Woke Up This Morning
9. Drinking My Life Away
10. Endless Ride
11. Hang Tight
12. CCKMP
13. Tired Of Pretending That I Give A Shit

FORMAÇÃO

Blaine Cartwright »» Guitarra / Vocal

Ruyter Suys »» Guitarra / Vocal de apoio

Bonnie ‘Bon’ Buitrago »» Baixo / Vocal de apoio

Ben Thomas »» Bateria

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