Michael Kiwanuka – “Love & Hate” (2016) | Resenha

 

Michael Kiwanuka demorou quatro anos para nos apresentar seu segundo álbum, “Love & Hate”.

E valeu cada segundo da espera!

Comparado a Bill Withers, Randy Newman e Otis Redding por seu primeiro álbum, este filho de refugiados de Uganda que se dirigiram para o norte da Inglaterra confirma sua maestria como compositor e supera de vez o rótulo de “revelação”.

Michael Kiwanuka - Love & Hate (2016, Polydor)

Agora confirmado como uma realidade do mundo da música, ele pegou as influências latentes da música negra americana, seja ela soul music, folk ou blues, de seu primeiro álbum, “Home Again”, que o colocava na encruzilhada entre Ottis Redding e Van Morrison, e adicionou muita personalidade.

“Love & Hate” combina a sonoridade retrô com nuances modernas, numa caleidoscópica evolução de psicodelia, tradicionalismos da música negra e doses controladas de groove, intersectando o clima vintage de outrora com uma instrumentação mais vasta, dotada de muita introspecção melancólica, melodias altamente emocionais e guitarras lisérgicas.

E por falar em melodia,  podemos dizer que este é um álbum construído sobre melodias, mas com cores diferentes das usuais dentro da soul music moderna, numa abordagem quase lúdica e onírica do estilo.

Já no quesito “guitarras lisérgicas”, o que elas aprontam em “The Final Frame”, um blues/soul de arrepiar que fecha o álbum, e na épica “Cold Little Heart” (forte concorrente a melhor música do compositor), faixa de abertura e, quiçá, a obra-prima da carreira de Kiwanuka, dará orgulho a nomes como David Gilmour e Eddie Hazel, sendo que estas faixas já valeriam o álbum.

Mas ainda temos “Love & Hate”, “Black Man In The White World”, “Falling”, “Place I Belong”, “Rule the World” “Father’s Child”, que imprimem um bem vindo saudosismo ao reconstruir os classicismos da soul music, com backing vocals de arrepiar, evocando as mais diversas vertentes da música negra.

Michael Kiwanuka enfim confirma as expectativas em torno de seu nome, com um segundo passo classudo e emocional em sua carreira evidenciando um grande amadurecimento como músico e compositor.

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