Michael Jackson – “Thriller” (1982) | Clássico da Música

 

“Thriller” é o sexto álbum de estúdio em carreira solo do artista estadunidense Michael Jackson, lançado em 30 de novembro de 1982, através da Epic Records. Este foi o disco que fez dele ser aclamado como o Rei do Pop, além de ser o disco mais vendido da história da música (os últimos dados sobre a venda do sexto disco do cantor são de 66 milhões de cópias vendidas no mundo todo) e  ganhador de oito prêmios Grammy.

Michael Jackson - Thriller

Poucos artistas podem desfrutar de um lugar máximo no panteão da música pop ao lado de nomes como Elvis Presley, Frank Sinatra, Ray Charles, Paul McCartney, John Lennnon e Freddie Mercury. Estes são deuses da música pop que, em 1982, tiveram sua formação adicionada por Michael Jackson.

Posso afirmar, sem medo de injustiças, que Michael foi o maior entertainer de todos os tempos. Numa época onde artistas pop tinham que cantar de verdade, ele ainda dançava muito bem e tinha uma presença de palco incrível. Sozinho, ele preenchia toda a cena, independente da dimensão física do local onde estivesse desfilando seu talento.

E se Michael Jackson tem o título de Rei do Pop, isso se deve a este disco.“Thriller” é um marco, não só na história do artista, mas na história da música e todo o mainstream musical foi revolucionado depois de 1° de dezembro de 1982, com seu lançamento.

A Ascensão do Rei do Pop.

A história começa na cidade americana de Gary, em 29 de agosto de 1958, quando nasce Michael Joseph Jackson, o sétimo dos nove filhos de Joseph Walter Jackson e Katherine Scruse Jackson. Com cinco anos de idade, o menino mostra seu talento pela primeira vez ao lado dos irmãos.

Nasce então a banda Jackson 5 que era composta por Michael Jackson e seus irmãos Marlon, Jermaine, Tito e Jackie. Em 1969, o grupo se apresenta para Berry Gordon, dono da Motown, mais importante gravadora de artistas negros dos EUA. O sucesso é tão grande que dois anos após a assinatura do contrato com a gravadora, eles são personagens de um desenho animado.

Músicas como “Got To Be There”, “I Want You Back”, “I’ll Be There” e “ABC” estouraram e viraram clássicos da era de ouro da Motown. Em carreira solo, Michael Jackson demorou a atingir o sucesso que tinha ao lado dos irmãos e sua popularidade só começou a alavancar em 1979 quando dispensa o pai como agente pra começar a tomar conta da própria carreira, se juntou a Quincy Jones e ganhou o Grammy de melhor artista masculino de rythm & blues pelo disco “Off The Wall”, que vendeu dez milhões de cópias.

O período musical adolescente de Michael Jackson não foi tão grandioso quanto o restante de sua carreira. Em 1979 ele estava há sete anos sem emplacar nenhum sucesso solo. Último a atingir o número um foi a balada “Ben” de 1972. Dentre seus outros singles após este o de melhor colocação nos charts foi “Just a Little Bit Of You”, do  álbum “Forever Michael”, de 1975.

Aos 19 anos, Michael Jackson precisava de um guia, um mentor musical. Esta figura foi encarnada por Quincy Jones, produtor de jazz e funk, que montou uma banda de estúdio para Michael e ainda trouxe para participações nomes como Steve Wonder.

A nova música do futuro rei do pop era uma bem construída fusão de disco music, funk e R&B, dando uma revigorada na música negra americana. Tudo isso foi visto no álbum “Off The Wall”, que marca a primeira, de várias parcerias entre Michael Jackson e Paul McCartney. Mas também, podemos ver o futuro compositor Michael em ação com seu grande hit “Don’t Stop ‘Till You Get Enough”.

O Disco “Thriller”: A Proclamação do Rei.

“Thriller” é o exemplo do sucesso. A fusão do pop com o funk e o rythm & blues é melhor lapidada neste álbum que pode ser visto como uma evolução muito à frente de “Off The Wall”, disco anterior.

Todas as canções aqui parecem obras-primas; desde o funk moderno de “Wanna Be Startin’ Somethin'” (composição do próprio Michael), passando pelo soul pop clássico de “Baby Be Mine”, a primeira parceria com o ex-Beatle Paul McCartney em “The Girl Is Mine”, a histórica “Thriller”, o pop/rock de “Beat It” (que traz um solo de Eddie Van Hallen construído em estúdio a partir de 50 gravações diferentes), o soul cadenciado de “Billie Jean” (o molde da perfeita canção pop), a balada “Human Nature” (composta por Steve Porcaro, da banda Toto), até o fim com o funk/soul “P.Y.T (Pretty Young Thing)” e a suave balada pop com clichês de soul music “The Lady In My Life”.

A partir deste álbum o menino de Gary viraria lenda, imortalizaria seu nome na cultura pop, bem como sua genialidade e o mundo da música clama por seu novo rei: Michael Jackson.

A Noite da Coroação.

Na noite de 16 de maio de 1983, Michael Jackson seria coroado como o Rei do Pop. Aquela noite especial era marcada para comemorar os 25 anos da gravadora Motown, com mais de três mil celebridades norte-americanas convidadas para a festa e que lotaram um teatro de Los Angeles.

Porém, a festa não foi acompanhada somente pelos presentes no teatro. Aproximadamente cinquenta milhões de pessoas assistiram a festa pelos tubos de suas televisões e viram, após a performances de diversos artistas negros, Michael Jackson subir no palco e cantar “Billie Jean”, sucesso do recém-lançado álbum “Thriller”.

Naquela noite, Michael foi dormir como o Rei do Pop. Com o tempo, as quebras de recordes foram constantes e foi o primeiro artista negro a ser considerado o maior artista de sua época.

O Moonwalk.

Mas aquela noite mágica da festa da Motown de maio de 1983 guardava mais surpresas na apresentação. De repente, Michael Jackson para de cantar. Anda até o canto esquerdo do palco e volta… deslizando de costas. É tão incrível quanto os três mil queixos caídos dos presentes no teatro naquela noite de 16 de maio de 1983.

O jornalista britânico Nick Bishop compara o Moonwalk com o andar de vagabundo de Chaplin, ou à sequência de dança na chuva protagonizada por Gene Kelly. A maior curiosidade é que depois da apresentação na comemoração da Motown, Fred Astaire e Gene Kelly foram até Michael para parabenizá-lo.

“Thriller”: Os Históricos Videoclipes.

Michael Jackson, ao ganhar o Grammy de melhor cantor de R&B com “Off The Wall”, disse que seu próximo disco faria com que todos reconhecessem sua genialidade. O álbum “Thriller” mostra que ele era um homem de palavra, sua genialidade é incontestável, mas podemos dizer que ele estava no lugar certo, na hora certa.

Digo isso, pois quando o álbum foi lançado a MTv estava engatinhando e precisava alavancar sua popularidade junto ao público negro. É bem verdade, que no seu nascedouro, a Music Television renegava qualquer tipo de música negra e apenas nomes como Prince e Tina Turner apareciam em sua programação esporadicamente.

A história começa a ser mudada quando os executivos da nova emissora decidem exibir o clipe de “Billie Jean”. A partir dali, o novo álbum de Michael Jackson tinha músicas que podiam ser ouvidas, dançadas e principalmente, podiam ser vistas!

Qualquer um dos grandes sucessos de “Thriller” são diretamente ligados aos videoclipes: “Billie Jean” e seu mistério noir é inesquecível; “Beat It” inicia as coreografias arrebatadoras dos vídeos do rei do pop; e  “Thriller” que pode ser considerado um dos grandes momentos da história do videoclipe, como vimos neste texto especial.

Posso dizer sem medo de exagerar que o vídeo de “Thriller” fez de Michael um artista universal. A direção desta obra atemporal ficou a cargo de John Landis, que havia dirigido o filme “Um Lobisomem Americano em Londres” (1981).

Dois momentos interessantes do vídeo estão no prólogo que diz algo como “Em função de minhas fortes convicções pessoais, quero enfatizar que este vídeo  de forma alguma endossa uma crença no oculto”. Mas fica claro que o intuito era recriar o clima dos antigos filmes de terror pela participação do mestre do gênero Vincent Price.

Misturando personagens eternos do terror como o lobisomem e os zumbis, o grande atrativo do vídeo, além da música, são as complexas coreografias apresentadas pelo zumbi Michael e sua horda de mortos-vivos.

Detalhes do clipe se tornaram marcas registradas na história do artista. A coreografia de “Thriller” fez tanto sucesso quanto o passo moonwalk – sendo reproduzida em filmes, séries, desenhos animados e outro videoclipes (Gorillaz, Chris Brown, Miley Cyrus e Backstreet Boys que o digam) e a solitária luva branca se tornou um dos símbolos dos anos 80.

Com sua visão à frente do seu tempo e apenas 25 anos, Michael Jackson determinou como seria feita a divulgação da música pop a partir dali. Agora, as rádios e seus DJ’s já não eram a engrenagem que girava a máquina da industria fonográfica. Os videoclipes tomaram de assalto este posto e parte disso se deve a Michael Jackson.

Por fim…

Por mais controversa que tenha sido a vida particular de Michael Jackson, nada tira o brilho desta magnífica demonstração de talento que foi registrada em “Thriller”. A cada audição destas músicas para escrever este texto, crescia a certeza de que sua memória esta carregada de referências a talentos ilimitados – seja compondo ou dançando. Não se pode deixar que coisas alheias à música manchem um álbum que após 40 anos não foi igualado e que por muito mais tempo não o será.

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