O que é Melodic Death Metal? A História e os 50 Discos Essenciais

 

Melodic death metal ou death metal melódico, é uma forma de praticar o death metal utilizando as bases harmônicas de guitarra encaixadas à proposta mais tradicional das melodias do heavy metal, iniciada no início dos anos 1990 por bandas como Dark Tranquility, In Flames, At The Gates e Carcass, expandido ao longo daquela década até explodir em termos de popularidade na virada do milênio com nomes como Children of Bodom, Amon Amarth, Soilwork e Arch Enemy, principalmente.

Musicalmente o death metal melódico busca mesclar estas melodias tradicionais do heavy metal tradicional com as principais características do death metal, atritando velocidade, peso e melodia em músicas mais guiadas por riffs e solos de guitarras complexos e harmônicos, e transições com violões. Algumas vezes as guitarras estão em duelos virtuosos com os teclados, as baterias são sempre fortes, mas com menos blast-beats que o death metal original, além de vocais ásperos, gritados ou guturais, por vezes contrastando com vocais limpos.

É fato que muitas bandas mesclaram as bases do death metal melódico com a virtuose do power metal melódico, gerando uma versão mais extrema deste segundo sub-gênero do heavy metal cujas diferenças residem basicamente em algumas passagens mais agressivas e nos vocais que são rasgados ou guturais, como fazia o Children of Bodom, por exemplo, que musicalmente estava mais próximo do Stratovarius do que do At The Gates.

Neste artigo queremos investigar um pouco mais sobre o death metal melódico, suas raízes, seus desdobramentos, além das principais bandas e os cinquenta discos essenciais para entender o gênero.

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Quem Inventou o Melodic Death Metal?

Como todos os afluentes do heavy metal death metal melódico foi talhado ao longo dos anos por diversas bandas em discos consecutivos até ser lapidado e ter suas bases bem estabelecidas. Até por isso, o crédito pela invenção do melodic death metal é compartilhado por bandas europeias como Carcass, In Flames, Dark Tranquillity, e At the Gates, respectivamente, em discos como “Heartwork” (1993), “Lunar Strain” (1994), “Skydancer” (1993) e “With Fear I Kiss the Burning Darkness” (1993).

Muito importante para o death metal melódico, o selo Wrong Again Records lançou alguns dos materiais pioneiros do gênero como a famosa compilação “WAR Volume 1”, de 1995, e que servia como uma espécie de cartão de visitas para o mundo deste novo desdobramento do death metal através de músicas do In Flames, Eucharist, Dark Tranquillity e Ceremonial Oath ao lado de outro nomes ligados ao black metal melódico.

Outras bandas clássicas do death metal foram importantes para estabelecer as bases do death metal melódico mesmo que poucas vezes referenciadas. De uma forma um pouco diferente, “Symbolic” (1995), do Death, trazia uma abordagem interessante para os elementos usuais do death metal melódico.

Assim como não seria exagero citar o Dismember como uma das grandes influências do “novo” death metal, pois, além de de ser uma banda histórica na Suécia, músicas como “Like a Everflowing Stream”, “Pieces” e “Indecent and Obscene” traziam estruturas melódicas que parecem protótipos do que viria em seguida no melodic death metal. Se pensar bem, em dado momento, até o Paradise Lost trazia elementos melódicos para o death metal à sua maneira.

Além disso, outras bandas menos badaladas ajudaram a erguer o afluente do death metal como Cerimonial Oath, Desultory, Unanimated, Cenotaph, Deceased e Eucharist, mas que não ganham o devido reconhecimento. Já os gregos do Septicflesh e os finlandeses do Sentenced não podiam ser encaixados como bandas de death metal melódico, mas tinham interseções com seus elementos principais enquanto colocavam o death metal numa nova direção, assim como o Dissection e o Katatonia, que usavam as mesmas premissas melódicas só que pendiam mais para o black metal do que ao death metal.

Creio que “Heartwork”, do Carcass, e “The Jester Race” (1996), do In Flames, foram os discos que definiram os padrões estéticos e musicais do death metal melódico, após os primeiros esboços feitos por de At The Gates, Dark Tranquillity e do próprio Carcass no disco “Necroticism – Descanting the Insalubrious” (1991), ao combinar o death metal sueco com harmonias de guitarra influenciadas pelas bandas britânicas Iron Maiden e Judas Priest. Esse artifício tornou o death metal sueco muito mais acessível e gerou uma nicho musical aquecido após o sucesso do In Flames.

Daniel Ekeroth registrou no livro “Swedish Death Metal” que o sucesso comercial atingido pelo In Flames com os discos seguintes a “The Jester Race” (1996), em especial o estupendo “Clayman” (2000), gerou uma infinidade de imitadores pela Suécia, como Ablaze My Sorrow, Sonic Syndicate, Avatar e Soilwork. Ele completa dizendo que nos Estados Unidos, o avassalador sucesso do melodic death metal oriundo da cena de Gotembugo atingiu um ponto crítico na cena norte-americana do metalcore.

Outra banda importante na definição do death metal melódico foi o Children of Bodom, que aproximou o estilo das formas mais virtuosas e eletrizantes do power metal melódico noventista, enquanto o Dimmu Borgir e o Cradle of Filth traziam para suas estruturas sinfônicas do black metal elementos do death metal melódico e ajudavam a popularizar ainda mais o subgênero melódico do metal da morte.

Qual a Diferença Entre Melodic Death Metal e Gothenburg Sound?

Até pelas bandas pioneiras do melodic death metal serem em sua maioria oriundas da Suécia, existe certa confusão sobre a existência de diferenças entre o death metal melódico e o chamado Gothenburg Sound. Segundo o escritor Gary Sharpe-Young, “Gotemburgo tornou-se a nova Tampa e o gênero recebeu um novo sopro de vida”, dando à cena da cidade sueca os créditos pela revitalização do death metal na metade da década de 1990.

Basicamente, Gothenburg Sound é um termo usado para se referir a bandas de death metal melódico que vieram da cidade sueca de Gotemburgo. Segundo Daniel Ekeroth escreveu no livro “Swedish Death Metal”, a cidade de Gotemburgo se tornou o centro de um novo estilo dentro do death metal sueco, capaz de rivalizar com a cena mais purista de Estocolmo. “Enquanto Estocolmo ofereciam em sua maioria guitarras barulhentas, vocais guturais e produção suja, Gotemburgo ia na direção oposta” escreve Ekeroth.

No geral, as bandas de Gotemburgo se inseriam dentro do death metal melódico mas tinham elementos característicos que uniam-as em torno de um modo diferenciado, valorizando mais as melodias e a tradicional estrutura de verso/refrão da canção, uma produção limpa e menos brutalidade, ambas características do estúdio Fredman que davam às guitarras e à bateria timbres mais clínicos.

O Metalcore é Influenciado pelo Death Metal Melódico

É fato que “Slaughter of the Soul” (1995), um dos grandes discos do melodic death metal, gravado pelo At The Gates, foi muito influente nas bandas de metalcore norte-americanas que emprestavam os riffs e os vocais da banda sueca descaradamente. Uma delas foi o Killswitch Engage, que representa bem como o metalcore melódico é um descendente direto desta influência de bandas suecas como At the Gates, In Flames, Arch Enemy e Soilwork.

Os Melhores Discos do Death Metal Melódico

  1. Carcass – “Heartwork” (1993)
  2. At The Gates – “With Fear I Kiss the Burning Darkness” (1993)
  3. Desultory – “Bitterness” (1994)
  4. Merciless – “Unbounded” (1994)
  5. Amorphis – “Tales From the Thousand Lakes” (1994)
  6. At The Gates – “Slaughter of the Soul” (1995)
  7. Dark Tranquillity – “The Gallery” (1995)
  8. In Flames – “The Jester Race” (1996)
  9. Hypocrisy – “Abducted” (1996)
  10. Edge of Sanity – “Crimson” (1996)
  11. Gates of Ishtar – “A Bloodred Path” (1996)
  12. In Flames – “Whoracle” (1997)
  13. Sacrilege – “The Fifth Season” (1997)
  14. Crown of Thorns – “Eternal Death” (1997)
  15. Dark Tranquillity – “The Mind’s I” (1997)
  16. Night in Gales – “Towards the Twilight” (1997)
  17. Gandalf – “Deadly Fairytales” (1998)
  18. The Embraced – “In My Dreams…I Am Armageddon” (1998)
  19. The Haunted – “The Haunted” (1998)
  20. Cryhavoc – “Sweetbriers” (1998)
  21. Children of Bodom – “Hatebreeder” (1999)
  22. In Flames – “Colony” (1999)
  23. Arch Enemy – “Burning Bridges” (1999)
  24. Hypocrisy – “Hypocrisy” (1999)
  25. Dark Tranquillity – “Projector” (1999)
  26. Autumn Leaves – “As Night Conquers Day” (1999)
  27. Gardenian – “Soulburner” (1999)
  28. Garden of Shadows – “Oracle Moon” (2000)
  29. In Flames – “Clayman” (2000)
  30. Kalmah – “Swamplord” (2000)
  31. Children of Bodom – “Follow the Reaper” (2000)
  32. Burden Of Grief – “On Darker Trails” (2001)
  33. Soilwork – “A Predator’s Portrait” (2001)
  34. Arch Enemy – “Wages of Sin” (2001)
  35. The Crown – “Crowned in Terror” (2002)
  36. Amon Amarth – “Versus the World” (2002)
  37. Soilwork – “Natural Born Chaos” (2002)
  38. Nightrage – “Sweet Vengeance” (2003)
  39. Kalmah – “Swampsong” (2003)
  40. Callenish Circle – “My Passion // Your Pain” (2003)
  41. Intestine Baalism – “Banquet in the Darkness” (2003)
  42. Wintersun – “Wintersun” (2004)
  43. Into Eternity – “Buried in Oblivion” (2004)
  44. Amon Amarth – “With Oden on Our Side” (2006)
  45. Insomnium – “Above the Weeping World” (2006)
  46. The Black Dahlia Murder – “Nocturnal” (2007)
  47. Eluveitie – “Slania” (2008)
  48. Amon Amarth – “Twilight of the Thunder God” (2008)
  49. Be’lakor – “Stone’s Reach” (2009)
  50. Draconian – “A Rose for the Apocalypse” (2011)

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1 comentário em “O que é Melodic Death Metal? A História e os 50 Discos Essenciais”

  1. Infelizmente esse estilo parece não ter angariado tantos fãs no Brasil. Já me debrucei inúmeras vezes na “árvore genealógica” do estilo e cada vez fico mais facinado pela variedade e importância para o metal que surgiu no século XXI. Sobre os melhores álbuns eu acrescentaria: “Deflower”, da banda Whitout Grief; “Silence of the World Beyond”, da banda A Canorous Quintet; “Black Cloak Skeleton”, da banda Thousand Leaves; e “Venomous” da Nightrage. Fora outros muitos…

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