Brian Hugh Warner não apenas se apropriou de nome de sex symbol e sobrenome de serial killer para criar seu nome artístico, como Marilyn Manson ele construiu paralelos interessantes com grandes nomes do rock que foram claras influências para sua imagética criada dentro de uma renovação do shock rock nos anos 1990, e que até inspirou o antagonista da “Trilogia da Escuridão” concebida por Guillermo Del Toro e Chuck Hogan.
Assim como seu “avô”, Alice Cooper, o pseudônimo do vocalista virou nome da banda, que se tornou uma espécie de carreira solo após alguns discos.
Além da semelhança com Alice Cooper, assim como Ozzy Osbourne, não é mera coincidência que a qualidade dos discos de Marilyn Manson esteja ligada aos compositores que têm ao seu lado.
Twiggy ajudou a construir o sleazzy/industrial da gloriosa primeira fase, e a retomar o alto nível da carreira até a chegada de Tyler Bates, que redefiniu a sonoridade de Marilyn Manson para a modernidade. .
Sua mensagem criativa, alegórica, sarcástica e combativa quanto aos valores da sociedade norte-americana de modo debochado e teatral, com uma controversa ligação com o satanismo de Anton LaVey e sua Igreja de Satã, está aspergida numa discografia que apresenta ao menos dois momentos de máximo e uma pérola subestimada.
1. “Antichrist Superstar” (1996)
Em meados dos anos 1990, a faixa “The Beautiful People” fora apresentada no auge da MTv em cadeia mundial, servindo de arauto a Marilyn Manson como um general do submundo misantropo, antirreligioso, vulgar, odioso e provocativo preenchido por aqueles que estão à margem do sonho americano.
Essa música era o carro-chefe do primeiro grande disco de Marilyn Manson, que já era seu terceiro full lenght, dando sequência ao interessante “Portrait of an American Family” (1994).
“Antichrist Superstar”, foi lançado em 1996 e, queiram ou não, tornou Marilyn Manson um símbolo da juventude noventista norte-americana, logo acusado de falso, mercenário e correlatos.
Mas não havia como negar, as composições de “Antichrist Superstar”, que traziam a mão do baixista Twigie Ramirez, eram muito boas, deturpando o conceito de “Jesus Christ Superstar” de modo original e genial, e aqueles que se comprazem às texturas industriais de “The Downward Spiral” (1994), do Nine Inch Nails, vão reconhecer as referências, afinal, Trent Reznor é peça-chave na construção deste álbum.
Quanto as associações ao satanismo, bom, neste caso, é melhor você conferir este texto.
2. “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)” (2000)
Entre “Antichrist Superstar” (1996) e este “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)” (2000) existe “Mechanical Animals” (1998), que poderia muito bem estar aqui nesta lista, e completa primeira grande sequência de discos de Marilyn Manson.
Todavia, Mechanical Animals” (1998) trouxe um conceito fortemente influenciado por David Bowie, dando foco a algo mais futurista, espacial, obscuro, melancólico e niilista.
Todavia, “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)” (2000) apresenta Marilyn Manson retornando a sua proposta soturna, suja e alijada ao industrial de “Antichrist Superstar” (1996).
Completando a clássica trilogia de álbuns da primeira fase de sua carreira, “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)” (2000) trazia mais um disco conceitual e um sucesso acachapante: “Disposable Teens“.
A misantropia alegórica agora vinha com tom mais rebelde (uma resposta irada ao Massacre de Columbine) quanto aos valores conservadores, de uma forma que disputava naqueles tempos com o rapper Eminem quem colocava mais o dedo na ferida da hipocrisia da sociedade americana.
Definitivamente, “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)” (2000) é o disco de sua primeira fase que melhor superou o teste do tempo, finalizando uma trilogia de rock-operas modernas e que precisam ser revisitadas e redescobertas.
3. “Eat Me, Drink Me” (2007)
Esta é a pérola escondida da discografia de Marilyn Manson! Trazendo Tim Skold na guitarra, ele nos apresentou um álbum depressivo, mas ainda assim requintado e profundo. “Eat Me, Drink Me” (2007) é uma obra tão intrinsecamente pessoal que é fácil vê-la destacada de sua carreira!
À partir de “The Golden Age of Grotesque” (2003), que se seguiu a “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)” (2000), Marilyn Manson resolveu ousar e romper com aquilo que desenvolveu em sua primeira trilogia.
A contestação conceitual foi substituída por uma musicalidade mais burlesca e decadente, sofrendo uma queda de popularidade e recebendo duras críticas em seus próximos quatro discos. Todavia, esta nova abordagem rendeu ao menos um grande disco: “Eat Me, Drink Me” (2007).
“Eat Me, Drink Me” (2007) era o sexto disco da carreira de Marilyn Manson, que era o último membro da formação da era gloriosa na década anterior.
Do período situado entre as duas grandes fases da carreira de Marilyn Manson, fechada com “Holy Wood (In the Shadow of the Valley of Death)” e re-aberta com “The Pale Emperor” (2015), muitos preferem “Born Villain” (2012) ou “The Golden Age of Grotesque” (2003), poucos “The High End of Low” (2009), ao invés de “Eat Me, Drink Me” (2007).
Todavia este disco de 2007 é subestimado, e merece ser redescoberto, por ser um disco mais introspectivo e pessoal, beirando o romantismo poético da solidão, em faixas como “Heart-Shaped Glasses (When the Heart Guides the Hand)“, “The Red Carpet Grave” e “They Said That Hell’s Not Hot”.
4. “The Pale Emperor” (2015)
Sim, “Born Villain”(2012) já era uma grande retomada de qualidade na carreira, mas Marilyn Manson realmente afirmou a boa fase em “The Pale Emperor”, álbum de 2015, que trazia Tyler Bates conduzindo as composições.
A imagética urbana ficou mais cinzenta, e Manson assumiu de vez a maturidade de sua música, sem perder a intensidade , mas controlando-a, dando contornos mais sinistros aos arranjos de alta entropia, sentimento industrial, e evoluções de inspirações no blues.
E justamente por causa deste trabalho que retomei o álbum “Eat Me, Drink Me” (2007), afinal “The Pale Emperor” é tão pessoal quanto, só que canaliza, até por influência de Tyler Bates (um compositor de trilha sonoras que produz tanto para filmes como Guardiões da Galaxia, quanto para as loucuras cinematográficas de Rob Zombie), a musicalidade para um rock alternativo de forte ascendência bluesy, transpirando ser algo que Marilyn Manson tem prazer em fazer (como revela a bônus “Fated, Faithful, Fatal“, uma versão acústica de “The Mephistopheles of Los Angeles”) .
Principalmente em faixas como “Killing Strangers”, “Deep Six“, “Third Day of a Seven Day Binge” e “The Mephistopheles of Los Angeles“, que compõem uma das melhores aberturas de um álbum na carreira de Marilyn Manson.
De fato, “The Pale Emperor” é um dos melhores discos da carreira de Marilyn Manson.
5. “Heaven Upside Down” (2017)
“Heaven Upside Down” é o décimo primeiro álbum da carreira de Marilyn Manson, que chegou para reforçar a grande fase atual que ele experimenta, esboçada em “Born Villain”(2012) e efetivada no ótimo “The Pale Emperor” (2015), dentro de uma discografia que oscilou em qualidade e concisão.
As comparações com “The Pale Emperor” são mais imediatas, pois até os conceitos gráficos são similares, além da presença do compositor Tyler Bates, que produziu e tocou todos os instrumentos exceto a bateria que ficou à cargo de Gil Sharone.
Existe em “Heaven Upside Down” um tom mais pessoal nas letras densas, sem conceitos ou máscaras teatrais, ficando claro como ele exorciza e desabafa em cada berro (como o que dá cores finais ao álbum) e cada verso cortante que profere, ao mesmo tempo que usa arquétipos satânicos como forma de se opor ao establishment.
“Heaven Upside Down” pode ser visto como uma fusão de “The Pale Emperor” com “Mechanical Animals” (1998), o que nos dá um tom libertino e ameaçador ao áspero e cinzento rock alternativo desenhado no disco anterior, forjando um rock pesado lascivo, moderno, psicótico, urbano, noturno, sensual, e instável em sua “sanidade mental”.
Além disso, “JE$U$ CHRI$T$”,“SAY10”, Tattooed in Reverse” e “KILL4ME” (com Johnny Depp no clipe) são as melhores composições suas desde o sucesso de “Disposable Teens”.
Leia Mais:
- RESENHA | Marilyn Manson – “Heaven Upside Down” (2017)
- ALICE COOPER | 5 Discos Pra Conhecer
- MARILYN MONROE | As Relações Perigosas e a Morte de uma Estrela
- Bíblia Satânica | O que está escrito em suas páginas?
- RESENHA | Ministry – “AMERIKKKANT” (2018)
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Valeu Danilo, passou despercebido aqui na revisão. Vou ajustar!
Twigie Ramirez é baixista e não guitarrista!