Poucas bandas são tão boas em revisitar o próprio material quanto o Marillion. Que o digam os recentes discos ao vivo que têm lançado.
Fundada em 1979, e desde então liderada pelo guitarrista Steve Rothery, a banda que emprestou seu nome de uma variação do título de um livro de Tolkien possui uma carreira até hoje relevante, produzindo ótimos discos como o recente e brilhante “F.E.A.R.”, de 2016.
Como um dos expoentes do que se convencionou a chamar de neo-prog, ao lado de bandas como IQ, Pallas e Pendragon, o Marillion teve uma primeira fase de sucesso, até 1988, com o vocalista Fish.
Nessa primeira fase, com muita personalidade, se propunham ser uma renovação da rica proposta do Genesis, algo que mudaria consideravelmente com a entrada do talentosíssimo Steve Hogarth, em 1989.
À partir de então, foram quatorze álbuns de estúdio de Hogarth com a banda, o que me leva a questionar os motivos de muitos ainda o identificarem apenas como o substituto de Fish, afinal é enorme sua parcela dentro da personalidade que atingiram e que geraram discos brilhantes como “Seasons End” (1989), “Brave” (1994), “Marbles” (2004) e o já citado “F*** Everyone and Run” (2016).
A verdade é que mesmo sendo Fish um cantor extremamente técnico e de muito talento, à partir da entrada de Hogarth o Marillion explorou ainda mais seu grande trunfo dentro da música progressiva: a exploração da emoção e do sentimento dentro de suas composições.
Com isso deram mais espaço às texturas climáticas e atmosféricas do que às estruturas técnicas e evoluções complexas, dando vasão principalmente às influências de Pink Floyd.
Assim, temos uma sonoridade que combina muito bem com os arranjos orquestrais que agora eles inserem em algumas de suas melhores composições registradas à partir de 1989 no imperdível “With Friends From The Orchestra”, disco recém-lançado no Brasil via Shinigami Records.
Esse era um desejo que a banda tinha há algum tempo, realizado no The Racket Club e no Real World Studios, esse último de propriedade do ex-Genesis Peter Gabriel, onde o quinteto se reuniu com o quarteto de cordas In Praise Of Folly, além do trompetista Sam Morris e da flautista Emma Halnan.
E na primeira audição impressiona a unicidade criada entre banda e orquestra, seja na forma, no conteúdo, no entrosamento, ou na técnica.
A produção está brilhante, com límpida captação de som, e a banda oferece uma performance inspiradíssima, conseguindo introduzir de forma fluida e homogênea toda a mágica e requinte da música erudita em suas composições.
Cabe aqui enaltecer novamente o trabalho do vocalista!
Hogarth consegue soar sempre melhor a cada lançamento do Marillion, e enquanto interpreta estas “releituras” ele experimenta bastante em suas linhas vocais, numa performance muito honesta, de alta carga emocional.
Tente não se emocionar com “Hollow Man” e você certamente falhará miseravelmente!
Claro que o trabalho de guitarras e teclados, à cargo de Steve Rothery e Mark Kelly, respectivamente, continua requintado e de extremo bom gosto e traz uma sensibilidade que lembra vagamente aquela criada pela dupla David Gilmour e Richard Wright.
Isso pode ser percebido desde “Estonia” (composição que evidencia essa mencionada influência do Pink Floyd no Marillion), passando por “Fantastic Place” (com inserção mais discreta da orquestra), “The Strange Engine” (um prog rock de manual), até o final com “Ocean Cloud” (uma das melhores músicas da banda, onde Steve Rothery instila toda a sua influência de David Gilmour) .
O fato é que “With Friends From The Orchestra” é uma coletânea diferente, pois os arranjos orquestrais adicionados deram ainda mais vida e cor às emoções de cada andamento.
Ao todo são nove composições escolhidas com atenção e esmero, revisitadas, regravadas e rearranjadas, sendo que algumas delas ficaram até melhores do que as originais.
Por exemplo? “Beyond You”, retirada de “Afraid of Sunlight” (1995), é uma das que ganharam um sopro renovador, assim como “A Collection” (que ficou com uma vibe intimista que me lembrou vagamente algo de Nick Drake) do pouco mencionado “Holidays in Eden” (1991) e a já citada “Estonia” (do ótimo “This Strange Engine” [1997]).
Já no outro extremo da comparação, ainda prefiro a versão original de “Seasons End”. O que não significa que a versão deste disco seja ruim!
Se você nunca foi atingido pela proposta do Marillion, não será nesse disco que isso mudará, principalmente porque escolheram faixas mais contemplativas e introspectivas para compor o repertório.
Até por isso fica a sensação de que “With Friends From The Orchestra” é um disco com sabor nostálgico, além da certeza de ser brilhante do início ao fim.
E não acredite em quem reclama da ausência de composições da era Fish, pois elas não fazem falta por aqui!
FAIXAS:
1. Estonia (This Strange Engine)
2. A Collection (Holidays in Eden)
3. Fantastic Place (Marbles)
4. Beyond You (Afraid of Sunlight)
5. This Strange Engine (This Strange Engine)
6. The Hollow Man (Brave)
7. The Sky Above The Rain (Sounds That Can’t Be Made)
8. Seasons End
9. Ocean Cloud (Marbles)
FORMAÇÃO:
Steve Hogarth »» Vocal
Steve Rothery »» Guitarra, Violão
Pete Trewavas »» Baixo, Backing Vocals
Mark Kelly »» Teclados
Ian Mosley »» Bateria
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