Malvada – “A Noite Vai Ferver” (2021) | Resenha

 

“A Noite Vai Ferver” é o primeiro álbum da banda Malvada, lançado em 2021 pelo selo Shinigami Records. Formado em março de 2020 o quarteto paulista traz nos vocais Angel Sberse, que ganhou notoriedade nacional quando participou da edição de 2020 do The Voice Brasil da Rede Globo.

Malvada - A Noite Vai Ferver (2021, Shinigami Records) Resenha Review

Apesar de pouco mais de uma ano de fundação, a banda Malvada é completa por musicistas experientes. Além da vocalista Angel Sberse, a formação traz a guitarrista Bruna Tsuruda, a baixista Ma Langer e a baterista Juliana Salgado, todas com presença frequente nos palcos da noite paulistana.

Experiência essa que é levada para o repertório de “A Noite Vai Ferver”, seu primeiro trabalho de estúdio que consegue se equilibrar muito bem entre o rock de cacoetes hard e o pop de melodias envolventes, gerando uma fórmula musical moderna que cativa de saída, claro que pelas referências que escolhe, mas principalmente pela personalidade forte.

Nesse ambiente, digamos, hard/pop, a Malvada costura com destreza e atenção às arestas e acabamentos, a incisividade do rock setentista (as inspirações vêm redesenhadas em “O que te Faz Bem”), a lascívia do hard rock (bem impresso em “Disso que eu Gosto”), o hiper-palatável senso melódico do pop rock (marcado no início do álbum, na melancólica “Quem vai Saber”) e o espírito anti-heroico do rock alternativo noventista (ouça “Prioridades”), construindo sua identidade a partir de versos maliciosos, amplificados pela picardia brasileira, instrumental sinuoso, de riffs precisos, linhas vocais empolgantes e refrãos grudentos.

E se as referências musicais são, em sua maioria, internacionais, o fato das letras serem em português provam o valor que dão ao rock nacional e qual o público que querem atingir com sua música desde o peso determinado da faixa de abertura que, também, empresta o título ao disco.

Sem dúvidas, essa escolha pelas letras em português cria um vínculo mais fácil com o ouvinte que irá se conectar com as reflexões, ora subjetivas, ora diretas (como na declaração de amor ao rock feita em “Disso que eu Gosto”), das letras escritas (em sua maioria) pela vocalista Angel Sberse, que tem uma performance brilhante, com total domínio de sua voz marcante, agressiva e afinada, que, aos meus ouvidos, soou como um amálgama da intransigência rebelde do vocal de Lzzy Hale com a ousadia adocicada de Taylor Michel Momsen.

No decorrer do trabalho, a banda se mostra altamente versátil dentro de sua proposta sustentada pelas ótimas e bem alocadas linhas de guitarra que, por sua vez, de imprimem a dose certa de adrenalina, com destaques para a pesada “Pecado Capital”, “Ao Mesmo Tempo” (bela balada com show de Angel na interpretação), e “Mais Um Gole” (um blues rock à lá Led Zeppelin ou Humble Pie), as melhores do disco.

E neste momento, cabe um destaque especial à guitarrista Bruna Tsuruda, que investe em abordagens multifacetadas e cheias de referências, esbanjando bom gosto e sendo o fulcro desta balança musical que oscila entre o pop atual e o hard rock oitentista. Ela tem um arsenal de solos e riffs certeiros, sacados com precisão exatamente quando necessários. Na pouco inspirada “Cada Escolha Uma Renúncia” seu solo final, além da boa letra, é o que se salva.

O álbum foi produzido por Tiago Claro e Nobru Bueno e gravado no Studio Pub em Santo André/SP e tem arte de capa feita por João Duarte que já trabalhou com grandes bandas como Angra, Shaman, Circle II Circle e Golpe de Estado, entre outras.

Enfim, com “A Noite Vai Ferver” a banda Malvada não apresenta somente um cartão de visitas musical consistente, mas também uma promissora perspectiva para figurar ao lado dos grandes nomes do rock nacional.

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