Lucifer – Resenha de “Lucifer II” (2018)

 
Lucifer Lucifer II
Lucifer – “Lucifer II” (2018, Hellion Records, Century Media Records) NOTA:9,0

“California Sun”, a abertura deste “Lucifer II”, segundo capítulo da discografia do Lucifer, banda alemã formada em 2014 das cinzas do The Oath, mostra que algo está diferente no occult rock formulado pela banda.

De cara, já percebemos como as guitarras estão mais vivas, dinâmicas e inflamadas, cortesia de Nicke Andersson, o mentor intelectual desta onda vintage rock, com seus companheiros de Hellacopters e Imperial State Electric.

O poder dos riffs melódicos e do groove clássico advindo das raízes do blues (confira “Dancing With Mr D”) estão intactos neste “Lucifer II”.

Assim como as referências a Black Sabbath (“Reaper On Your Heels”), Deep Purple e Blue Öyster Cult (“Phoenix” é um exemplo, e uma das melhores do disco) no que tange ao clima e peso; ao Steppenwolf se olharmos para o espírito destas novas nove faixas; e até Heart e Fleetwood Mac (ouça “Before the Sun”) na grandiloquência cativante das melodias.

O tempero psicodélico também está presente em “Lucifer II”, como nos revela a segunda faixa, “Dreamer”, que soa como uma mistura de Black Sabbath com Jefferson Airplaine.

Psicodelia principalmente advinda dos vocais sirênicos vocais de Johanna Sedonis, uma mistura de Siouxie Soux e Liv Kristine, nos remetendo à abordagem do Ghost, só que com uma papisa e sem os teclados eclesiásticos, numa formatação mais austera, como descrito nesta resenha para o primeiro disco do Lucifer.

Se comparado a “Lucifer I” as composições de “Lucifer II” continuam “construídas sobre melodias sombrias, mudanças pontuais de andamentos e arranjos bem sacados”, recheadas de psicodelia melancólica clima viajante, estruturadas na simplicidade do bom e velho rock clássico, por vezes flertando com o pop rock das décadas de 1960 e 1970.

Todavia, o que poderia ser uma fórmula desgastada, é renovada mais pela força e intensidade do que pela originalidade.

E esta simbiose de força e groove é possível pela herança de Gaz Jennings, guitarrista substituído por Nicke Andersson (que também tocou bateria no disco), que agora divide as seis cordas (ele também tocou bateria e produziu o álbum ao lado de Johanna Sadonis) com Robin Tidebrink.

Se Nicke detém o poder de conjurar as formas mais cativantes do proto metal, Gaz Jennings trazia na bagagem a alquimia doom desenvolvida por anos na banda Cathedral, e que foi marcada à ferro e fogo na identidade do Lucifer.

Essa fricção de abordagens gera momentos poderosos como na ótima “Eyes In The Sky” “Aton”, dois dos destaques de “Lucifer II”.

Além disso, as nuances psicodélicas já não são tão simples, tendo espaço bem delineado na sonoridade, simplesmente para conferir a lisergia que amplifica o contraste da crueza das guitarras com o aveludado da seção rítmica e da voz de Johanna Sedonis.

Sem dúvidas, o Lucifer é uma banda que deu salto gigante do primeiro para o segundo trabalho, numa destreza sombria do rock que soa sempre obscura e nunca exagerada.

TRACKLIST

1. California Son 03:26
2. Dreamer 05:47
3. Phoenix 04:46
4. Dancing with Mr. D (The Rolling Stones cover) 04:11
5. Reaper on Your Heels 05:06
6. Eyes in the Sky 04:30
7. Before the Sun 03:38
8. Aton 05:05
9. Faux Pharaoh 05:25

FORMAÇÃO

Johanna Sadonis (vocais)
Nicke Andersson (guitarra, bateria)
Robin Tidebrink (guitarra)

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