Low Levels of Serotonin – “In The Entrails Of My Mind” (2022) | Resenha

 

“In The Entrails Of My Mind” é o segundo álbum do Low Levels of Serotonin, projeto death/doom metal do multi-instrumentista Wilian Gonçalves, guitarrista da formação original da banda Desdominus.

O disco foi lançado pelo importantíssimo selo Heavy Metal Rock. Abaixo você lê nossa resenha completa.

Low Levels of Serotonin - In The Entrails of my Mind resenha review

O multi-instrumentista Wilian Gonçalves continua exorcizando seus sentimentos mais melancólicos e profundos no projeto Low Levels of Serotonin, onde ele é responsável por todos os instrumentos e alguns vocais, desde 2017.

Até por isso, “In The Entrails of my Mind” é um mergulho não só na mente, mas no oceano emocional de Wilian, indo além do que sugere o título deste segundo álbum, muito pela carga autorreferencial de um trabalho onde ele, além de compor e tocar, foi o responsável por todo o trabalho de estúdio.

Mesmo que as letras não tenham sido escritas por ele (apenas “Lost In Time” é de Wilian), musicalmente percebemos uma intenção de traduzir emoções em progressões de acordes, harmonias e passagens densas, ora contemplativas, ora pesadas, tendo nas bases do death/doom metal seu fulcro.

Musicalmente, podemos dizer que o Low Levels of Serotonin continua de onde parou em “Katharsis” primeiro trabalho que saiu em 2019 pela Heavy Metal Rock, mesmo selo que lança agora “In The Entrails of my Mind”.

Essa continuidade pode ser comprovada já nos convidados. “In The Entrails of my Mind” conta novamente com Guilherme Malosso, do excelente Motherwood, e Douglas Martins, do também excelente Deep Memories, junto a Tiago Tzepesch (responsável pela maioria das letras do disco).

Antes de falar do que eu gostei no trabalho, queria chamar a atenção para aquele que acho ser o ponto negativo de “In The Entrails of my Mind”: a produção! Não que ela seja diletante, longe disso, ela apenas não valorizou as potencialidades das composições, diminuindo o poder emocional por estar um tanto crua demais.

Pensei que fosse algo com os dispositivos que eu estava usando, mas escutei o disco em três aparelhos diferentes, com três fones diferentes, e tanto no CD quanto no streaming a sensação foi a mesma.

Entendo o caráter pessoal do Low Levels of Serotonin, mas talvez uma coprodução seria saudável para os próximos projetos, pois as composições são muito bem feitas, trabalhadas nos detalhes e com um potencial emocional gigantesco que não foi desabrochado.

Isso posto, não há o que corrigir nas músicas, onde a dosada brutalidade instrumental convive harmoniosamente com ricos detalhes sombrios espalhados pelas canções, bem como se mistura de modo homogêneo com as passagens introspectivas e melódicas.

A melancolia explorada pelo Low Levels of Serotonin não vem carregada dos sentimentos sombrios e depressivos comuns ao gênero, mas envolta num clima de nostalgia, uma tristeza contemplativa e saudosa causada pelo vazio de algo que nunca viveu. Quem já experienciou este tipo de estado melancólico entenderá o que quero dizer.

Neste caminho, as oito composições do disco não evocam sentimentos deletérios inerentes à depressão, como o fazem tantas bandas de death/doom metal. Todas elas trazem a mesma sensação do sol num dia muito frio. Não aquece, nem energiza, mas ilumina e limpa um pouco das trevas emocionais após uma longa noite de inverno (a instrumental “Coming Home” é o perfeito exemplo deste fato).

Tudo bem que My Piece of Shade” soa um pouco mais negativa pela letra baseada em pensamentos repetitivos que rondam nossa mente nos cobrando ações do passado que são a antessala da depressão. Enquanto “Inner Blast”, com os vocais de Guilherme Malosso, esbarra com mais força na morbidez do death metal.

Porém, músicas como “Lost In Time” (com uma simples, mas poética letra) e “Silent Rhymes of Sorrow” (a peça mais introspectiva e emocional do trabalho), ambas com a participação de Douglas Martins, evidenciam bem esta “melancolia iluminada” que desenhei anteriormente, enquanto “Hazy Days”, outra com o vocal de Guilherme Malosso, faz o mesmo com um pouco mais de dramaticidade trágica.

É importante observar que ao contrário de vários e importantes nomes do death/doom metal, o Low Levels of Serotonin não estica suas composições desnecessariamente, sendo que as oito faixas de “In The Entrails of my Mind” se desenrolam em pouco mais de trinta minutos, eliminando qualquer possibilidade de cair no abismo da repetitividade e da falta de alma que sempre espreita os álbuns de death/doom metal.

Em suma, apesar da ressalva quanto a produção (que não compromete o resultado final, diga-se) “In The Entrails of my Mind” é a prova dada pelo Low Levels of Serotonin de que dá pra seguir os preceitos do death/doom metal por vias mais emocionais e melódicas, sem perder a essência mórbida.

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