Jostein Gaarder – “O Dia do Curinga” | Clássico da Literatura

 

“O Dia do Curinga”é um livro escrito pelo norueguês Jostein Gaarder, publicado originalmente em 1990 com o título Kabalmysteriet. Escritor e professor norueguês, Gaarder nasceu em 1952, na cidade de Oslo, onde estudou Teologia e Línguas Escandinavas. Com o livro “O dia do Curinga” ele venceu dois prêmios literários. Hoje, nossa colaboradora Laira Arvelos nos apresenta uma resenha deste clássico da literatura moderna.

 

“Não gosto de livros de fantasia”. Bastou esta frase para ser interrompida e bombardeada com inúmeras opções e dicas de meu amigo; resultado: revi meus conceitos. Amo fantasia.

Mais um ensinamento para aprender a não ficar presa a gostos e rótulos, classificar e afastar obras em gêneros específicos, limita e, por vezes, nos impede de conhecer estruturas narrativas, gêneros e personagens tão interessantes.

Para concluir esta lição, consigo no sebo um livro que a muito tinha interesse em ler, mas que não tinha atinado ainda o gênero que pertencia, que seria? Fantasia: “O dia do Curinga”, de Jostein Gaarder.

Escritor e professor norueguês, Gaarder nasceu em 1952, na cidade de Oslo, onde estudou Teologia e Línguas Escandinavas, com o livro “O dia do Curinga” venceu dois prêmios literários, um atribuído pelo Ministério dos Assuntos Culturais e Científicos norueguês, e o outro pelo Núcleo de Críticos Literários do mesmo país.

Consagrou-se como escritor a nível internacional em 1991, com o ‘O Mundo de Sofia’, obra que veio a constituir um enorme sucesso, acabando por ser traduzida em mais de sessenta idiomas.

O sucesso da obra permitiu a Gaarder dedicar-se à escrita a tempo integral, publicando obras como “O Pássaro raro” (1986), “Atrás do espelho” (1993) , “Vita Brevis” (1996), “Maya” (1999), entre outros .

Li “O mundo de Sofia” na adolescência umas quatro vezes, mas por diversas vezes o título deste outro livro me instigava, aliás há um ponto que cruza as histórias quando Sofia pergunta a sua mãe:

“Você já pensou que num baralho existem muitas cartas de copas e de ouros, outras tantas de espadas e de paus, mas que existe apenas um curinga?”.

O fio condutor do livro é a história de Hans- Thomas um menino de doze anos e seu pai, que embarcam em uma aventura em busca da sua mãe que tinha saído de casa para seguir a carreira de modelo; saído ‘para se encontrar’.

A divisão dos capítulos é um dos charmes do livro, são 53 capítulos, que vão acompanhando as cartas do baralho, das espadas as copas, e o Curinga; o ponto chave da narrativa.

No caminho para Atenas, eles passam por uma cidade onde Hans é apresentado a uma outra história.

O livro então segue estes mundos paralelos que se entrelaçam, na verdade não sabemos de qual história gostamos mais, a viagem de pai e filho levanta vários questionamentos filosóficos, onde a figura do filósofo é percebida na figura do pai, o pensador, e a relação mestre aluno com o filho.

A história dentro da história, o real e imaginário, como o pensamento afeta a nossa forma de viver e estar.

Bem escrito, as formas, os personagens fantásticos, as paisagens da Grécia, e até mesmo o próprio Fiat da viagem são muito bem construídos na imaginação do leitor.

A empatia com os personagens é garantida do início ao fim.

Embora a história e a própria forma de escrita de Gaarder apresenta a filosofia num tom lúdico ou até mesmo didático, esta definição para por aí, uma leitura que pode ser feita de forma rápida e prazerosa, mas que levanta questões que sobrepõe a própria história de modo a instigar o leitor a uma reflexão densa e mais profunda do entender.

“O dia do curinga” definitivamente não é um livro para ser lido apena uma vez. De forma genuína faz da aventura uma forma de busca pelo conhecimento.

Podemos encontrar reflexões sobre o ser humano, o amor, deus, a identidade social, as escolhas, o destino e o pensamento filosófico. Aficionada por citações logo no início parei de colocar os marcadores das partes interessantes, percebendo que o livro inteiro era.

Alguns pontos me chamaram atenção de modo especial: A figura do curinga; O Curinga vivia onde os outros viviam, mas nunca deixava de se fazer perguntas, e como esta forma de entender e enxergar o mundo frente a quem não vê da mesma forma é tanto prazeroso como sufocante e doloroso.

Que carta do baralho tenho sido?

Tenho aceitado resposta pronta?

Tenho me deixado iludir?

Qual é meu lugar no monte de cartas?

Tenho seguido padrões ou vislumbrado um amplo modo de vida?

Fazer estes questionamentos de modo profundo. De modo a pensar “um pensamento tão difícil que não conseguisse pensa-lo” é o que levo da leitura, assim a cada dia enxergar, não de forma ‘evidente’, mas da forma ‘profunda’, ‘complicada’, ‘preciosa’ e ‘imperscrutável’ que é viver; experimentando assim a “a sensação de ser uma criatura viva num planeta vivo dentro de uma Via Láctea.”, não acomodando, procurando sempre as respostas que serão perguntadas quando ouvir os guizos tilintantes do curinga: “Quem somos? De onde Viemos?”.

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