“Rock Is Our Religion” é o primeiro álbum da dupla de hard rock formada pelos músicos alemães Claus Lessmann e Michael Voss, mais conhecidos por seus trabalhos com o lendário guitarrista Michael Schenker.
Abaixo você lê nossa resenha completa deste disco que foi lançado no Brasil pela parceria dos selos Shinigami Records e Atomic Fire.
A dupla Lessmann/Voss é formada por dois grandes nomes do hard rock que por incrível que pareça não são tão comentados por quem não saiu da superfície de bandas mais famosas do gênero. Claus Lessmann é dos grandes vocalistas do gênero, com passagens por bandas como Bonfire e Phantom 5, enquanto Michael Voss é um músico e produtor gabaritado com ligações a bandas como Mad Max, Casanova, Demon Drive, Phantom 5 e outros.
“Rock Is Our Religion”, como o próprio título indica, é mais uma declaração de amor e de intenções da dupla, e um ponto de confluência entre o passado e o presente do hard rock. Isso porque as doze composições do disco estão carregadas da nostalgia dos anos 1980 em seu conteúdo (muito pela voz de Lessmann), ao mesmo tempo que a forma está conectadas com o que é feito atualmente.
Antes de entrar mais detalhadamente no trabalho, preciso enaltecer aqui o trabalho em estúdio que conseguiu imprimir organicidade e energia nas texturas sonoras que fazem as melodias brilharem em cada movimento, sejam eles mais lentos e emocionais, ou mais acelerados e pesados. A produção é impecável, com destaque para a solidez da cozinha, que estruturou os andamentos para que as guitarras pudessem ostentar um pouco de virtuosismo. Não obstante, Lessmann realiza uma de suas melhores e mais entregues performances em estúdio.
No geral, musicalmente, “Rock Is Our Religion” é uma reunião de ganchos melódicos dedicados ao hard rock, com clichês conscientemente encaixados, mas inofensivos se a intenção era causar impacto pela paixão com que são desenvolvidos. Ou seja, pode esperar por um hard rock à moda européia, com refrãos fáceis de gravar, bastante melodia , mas com carência de adrenalina e vigor instrumental.
Além da natural influência que os músicos trazem de suas bandas anteriores, podemos enumerar elementos de Survivor, Bon Jovi, Poison, Bryan Adams, Toto e Firehouse (dos dois primeiros álbuns), num abuso inteligente dos clichês do hard/melodic rock.
Neste sentido, faixas como “Medicine Man” (com um “q” de Alice Cooper), “Runaway Days” (com um belo refrão), “Look Around”, “Something Is Better Than Nothing” (que me remeteu à esquecida “Little Bit Of Soul”, do Bon Jovi, na malícia das melodias), “Stay” (com riffs empolgantes e vibe oitentista dos dois primeiros discos do Bon Jovi) e “Rock Is Our Religion” (outra com a influência de Alice Cooper) se tornam irresistíveis pelas batidas quase sensuais, tipicamente hard rock, e pelas guitarras lascivas, que formam uma identidade simples, mas criativa, bem desenhada por uma produção orgânica, que não se preocupa em soar moderna ou vintage, apenas em entregar o melhor potencial de suas composições.
Claramente, o Lessmann/Voss esbanja experiência e não está interessada em reinventar o estilo, exercitando fielmente seus cânones, gerando, em certos momentos, andamentos mais genéricos. De fato, a dupla não cria nada de novo dentro do hard rock, mas pra quem aprecia a fórmula equilibrada de guitarras encorpadas unidas a artifícios e melodias mais acessíveis, ou apenas se identifica com a sonoridade de bandas como Bonfire, Phantom 5 e MSG, pode conferir “Rock Is Our Religion” sem medo, pois a satisfação é garantida, principalmente na versão de “Sister Golden Hair”, do America (é impossível estragar esta música).
Se o hard/melodic rock oitentista nunca foi sua praia, não será por “Rock Is Our Religion” que começará a apreciá-lo, entretanto, se és um saudoso da sonoridade oitentista, não perca tempo e corra atrás do trabalho da a dupla Lessmann/Voss, pois vale a pena!
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