Kreator – “Hate Über Alles” (2022) | Resenha

 

“Hate Über Alles” é o 15º álbum de estúdio da lendária banda alemã de Thrash Metal Kreator, certamente seu disco mais diversificado e maduro da carreira.

Abaixo você lê nossa resenha do disco lançado no Brasil pela parceria entre os selos Nuclear Blast e Shinigami Records.

"Hate Über Alles" é o 15º álbum de estúdio da lendária banda alemã de Thrash Metal Kreator, certamente seu disco mais diversificado e maduro da carreira.

O Kreator é uma das bandas mais interessantes da história do thrash metal. O adjetivo “interessante” pode parecer pouco para este nome lendário do metal alemão, mas é que esta característica é o grande diferencial da banda liderada por Mille Petrozza.

Perceba. O Kreator nasceu impulsivo em discos como “Pleasure to Kill” (1986) e “Terrible Certainty” (1987), evoluiu sua técnica e domou sua raiva juvenil nos brilhantes “Extreme Aggression” (1989) e “Coma of Souls” (1990), explorou nuances industriais em “Renewall” (1992) e góticas no belíssimo “Endorama” (1999), e voltou ao puro metal em “Violent Revolution” (2002), de forma crua, e “Gods of Violence” (2017), de forma muito melódica.

Por isso tudo eu insisto no adjetivo “interessante”, pois ao contrário de vários dos seus pares, o Kreator nunca ficou ensimesmado em um fórmulas desgastadas, para o bem ou para o mal, explorando o espectro musical que queria em seus discos, numa evolução natural de criatividade e técnica.

Neste sentido, “Hate Über Alles” é um disco diversificado, pois mescla toda esta herança musical de sua herança histórica. E mesmo que muitos digam, está longe de ser um disco experimental, pois a diversificação do repertório vem como herança do seu próprio passado.

A primeira coisa que chama a atenção no repertório é que nele não está incluída a faixa “666 – World Divided”, um single lançado em 2020 que anunciava “Hate Über Alles”, disco que empresta o título do clássico “California Über Alles”, do Dead Kennedys.

A faixa-título, que também abre o repertório após a introdução “Sergio Corbucci Is Dead”, traz o típico DNA do Kreator, com peso nos riffs empolgantes, melodias inteligentes e uma estrutura bem elaborada. Uma fórmula que será mantida em “Killer of Jesus” “Demonic Future”, faixas que chegam a esbarrar na crueza thrash metal de seus primeiros três discos.

Mas os melhores momentos de “Hate Über Alles” vem justamente nos movimentos mais diversificados. “Crush of the Tyrants”, por exemplo, não chega a ser um doom/thrash metal, mas tem uma alta carga de influência do Black Sabbath nos riffs cadenciados e acachapantes; “Become Immortal” remete vagamente ao power/heavy metal teutônico do Running Wild; e “Strongest of the Strong” traz um dos melhores trabalhos de guitarras da carreira da banda.

 Já “Dying Planet” resgata um pouco dos timbres industriais dos tempos de “Renewal” (1992), enquanto “Pride Comes Before The Fall” “Midnight Sun” resgatam as influências góticas que eles exploraram no final dos anos 1990.

Porém, ambas usam as nuances góticas por vias distintas. Se “Midnight Sun” traz os vocais femininos bem desenhados de Sofia Portanet, “Pride Comes Before The Fall” chama a atenção pelos vocais que remetem ao gothic rock de bandas como Fields of the Nephilim e Sisters of Mercy.

É importante observar que o Kreator deixou de ser uma banda puramente thrash metal há muito tempo, não sendo justo cobrar Mille Petrozza por algo que ele nem parece mais objetivar.

A produção, como as anteriores é bem polida, quase no limite para não soar clínica, desenhando de forma precisa o exímio trabalho dos músicos, em especial o baterista Ventor. Existem referências, além das autorreferências.

O Black Sabbath vem mais explicitamente em “Crush of the Tyrants”, mas temos muito de Iron Maiden, Judas Priest e Slayer nos desenhos melódicos ou na agressividade dos solos e das estruturas.

Vi muitos reclamando do disco, acusando ser tedioso demais ou que Mille parece sem foco. Mas pra mim o Kreator provou estar num patamar diferenciado em sua carreira, fazendo algo que apenas bandas diferenciadas como Paradise Lost, Katatonia e Amorphis fazem, que é usar todo o seu legado musical, do mais experimental ao mais pesado.

De forma madura e brilhante, estas bandas vêm cunhando discos diferenciados e um tanto complexos para serem entendidos por quem espera que uma banda com quarenta anos de estrada esteja sempre ensimesmada no apelo juvenil de seus primeiros discos.

Por isso, eu creio que com o tempo “Hate Über Alles” será enumerado como um dos discos mais maduros e completos da carreira do Kreator!

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