Kiko Shred – Resenha de “Rebellion” (2021)

 

“Rebellion” é o quarto álbum de estúdio do guitarrista brasileiro Kiko Shred, músico que vem ganhando muita evidência no cenário nacional, tanto por ser requisitado por nomes importantes do rock/metal quando passam pelo Brasil, quanto pela sua ótima carreira solo.

De certa forma, o álbum anterior, “Royal Art” (2019), foi determinante para consolidar seu nome como uma opção para fãs de Yngwie Malmsteen, Joe Stump, Judas Priest, Joe Satriani e Steve Vai.

Kiko Shred - Rebellion (2021 - Heavy Metal Rock)

Nessas novas dez composições, Kiko continua desenvolvendo os aspectos técnicos e agressivos do power metal, somado ao virtuosismo do metal neoclássico, mas agora o trabalho como um todo soa mais direto e traz aquele “senso de banda” para sua carreira.

Esse aspecto talvez era o que faltava em “Royal Art” para que a proposta musical ali empregada soasse ainda melhor.

Em “Rebellion” o talento e a técnica envolvidos na construção das composições brilham com força própria, sendo uma das provas da evolução da proposta musical que se desdobra entre os classicismos metálicos, os elementos progressivos e os derramamentos expressivos.

A primeira mudança vem no fato de termos apenas três faixas instrumentais no repertório, que aliado ao fato da seção rítmica ser a mesma que o acompanha Kiko ha um bom tempo se tornam as parcelas determinantes para que “Rebellion” funcione melhor do que seu antecessor.

Aliás, “Rebellion” mostra ser melhor que o trabalho anterior não só em composições e execução, mas também em produção. O primoroso trabalho em estúdio traz a marca da organicidade inerente à masterização analógica que clama por bons fones de ouvido para ser apreciada devidamente.

Os vocais desta vez estão sob a responsabilidade de Edu Galdin que tem um timbre trabalhado tanto nas influências noventistas do power metal melódico quanto na malícia oitentista, se mostrando um vocalista seguro, um intérprete versátil e dono de alto poder dramático.

Apesar de Edu não ter participado do processo de composição, sua personalidade imprimiu certa dose de hard rock à musicalidade da banda, como podemos ouvir no início do trabalho em “Rainbow After the Storm” (cheia de detalhes bem trabalhados em meio ao peso ritmado).

Além da vibe hard rock também podemos perceber estrategicamente colocados nas músicas elementos de blues, fusion funk, pois a versatilidade do vocalista permite explorarem algo que foge do esperado n nos discos de Kiko Shred.

Ou seja, podemos perceber uma banda que testa ao máximo os limites de sua proposta musical, mas de forma natural, madura e consciente, inclusive quando Kiko insere suas linhas neoclássicas.

É importante evidenciar ainda o fato de que apesar de toda a habilidade do guitarrista, não existem passagens auto-indulgentes ou exibicionismos técnicos desnecessários.

Obviamente, a personagem principal por aqui é a guitarra e o destaque aos solos deixa isso ainda mais claro.

Porém, creio que agora o trabalho de Kiko Shred ecoe, pelo prima pesado do power metal, mais a herança do Rainbow/Ritchie Blackmore do que a de Malmsteen (que ainda está bem marcada na belíssima introdução da intrincada faixa instrumental “Mors Non Separabit”).

Isso pode ser percebido principalmente em “Thorn Across My Heart”, muito pela participação especial de Doogie White (Rainbow, Yngwie Malmsteen), mas também pelo arranjo dramático, o refrão marcante e o ritmo envolvente, sendo a melhor faixa do álbum!

Outras faixas de destaque são “Mirror” (trazendo a velocidade e o toque progressivo do metal melódico noventista para abrir o trabalho), “Rebellion” (cadenciada e cheia de solos instigantes), “Honour to the Fallen Brothers” (um metal melódico puxado para o hard rock) e “Voodoo Queen” (numa estética hard n’ heavy que podia ser mais explorada por Kiko).

“Rebellion” está sendo lançado no Brasil em formato físico pela Heavy Metal Rock, gravadora
que há muitos anos estabelece uma relação bem próxima com Kiko Shred, e se você gosta do metal técnico melódico dos anos 1990 vá atrás desse disco em caráter de urgência!

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