Iron Spell – “Live Magic After Midnight” (2021) | Resenha

 

Basta uma olhada na imagem que estampa o slipcase da edição nacional, lançado pela Hellion Records, de “Live Magic After Midnight”, EP banda chilena Iron Spell, para você saber do que se trata a música que ela embala.

Estética oitentista, memorabilia que desperta paixão, como posteres de Iron Maiden, Judas Priest, Kiss e Motley Crue, além de discos de vinil do Accept, Mercyful Fate, Riot e Black Sabbath orbitando uma bela moça que completa a imagem de um quarto que parece ser espiado pelo buraco da fechadura de um túnel do tempo.

A edição nacional ainda traz uma segunda capa no encarte do CD, a mesma que está na fita K7 lançada originalmente pelo selo Neptunian Records, essa, por sua vez, usando a premissa conservadora e oitentista de que essas bandas acima citadas eram satanistas.

Iron Spell - Live Magic After Midnight (2021, Hellion Records)

O mais legal dessa edição da Hellion Records, é que além das duas capas, elas vem estampadas em dois posteres, e um encarte recheado de imagens provocativas que despertam certa nostalgia da imagética do heavy metal e até dos filmes oitentistas.

Uma coisa é certa, o Iron Spell sabe como trabalhar essa imagética como poucos na modernidade. E inegavelmente isso instiga nossa curiosidade pelo que será ouvido!

“Live Magic After Midnight” contém na verdade uma compilação de todos os singles lançados pelo Iron Spell, cujas músicas não estão em seu primeiro disco, “Electric Conjuring”, de 2016, mais material ao vivo.

Ao todo, são quatro músicas de estúdio (dois deles sendo covers) e duas versões ao vivo de faixas do primeiro trabalho gravadas durante a turnê.

Musicalmente, o que temos é uma ode ao estilo NWOBHM mesclado à estética norte-americana do hard n’ heavy, ou seja, a classe e o peso instrumental europeus, aliados à adrenalina e aos aspectos melódicos norte-americanos.

Outra coisa que me chamou a atenção foi o fato de cantarem em inglês. Confesso que não me lembro de muitas bandas chilenas cantando em inglês. Parece ser uma regra velada por lá cantar em espanhol.

Nas faixas autoriais, “Nightmare” (evidenciando a capacidade de mesclarem o hard n’ heavy americano da época com o clima dos filmes clássicos dos anos oitenta) e “Exciter” (mais voltada à NWOBHM, com toques do speed metal), eles não soam muito diferentes das bandas que tentar praticar a mesma fórmula, rotulada como NWOTHM, e coloca-los no mesmo grupo de nomes como Enforcer, Night Demon e Ambush não seria errado.

Leia Mais: RESENHA | Enforcer: “Zenith” (2019, Shinigami Rec.)

Ao mesmo tempo, não da pra negar que eles conseguem sucesso em sua proposta e as duas músicas empolgam com sua aura “jeans couro” bem definida nos riffs inflamados e nas levadas provocativas. Aliás, eles não economizam nas harmonias de guitarra.

O mesmo acontece nas faixas ao vivo, “Torches in the Woods” e “The Witch”, que reforçam pela energia do palco a impressão deixada nas outras músicas autorais de que eles têm boas ideias e com isso muito espaço de evolução dentro da proposta.

E se “Nightmare” “Exciter” possuem algo de promissor para o futuro da banda, “Torches in the Woods” e “The Witch”, por sua vez, me motivaram a ir conferir “Electric Conjuring”, o primeiro disco.

Olhando para o copo meio-vazio, é fato que os maiores destaques vão para os covers de “I’ve Had Enough (Into the Fire)”, do Kiss, e “Fight for Rock”, do Warlock, e isso é algo sintomático para uma banda com tal proposta.

Tudo bem que é difícil competir com clássicos desse porte e o Iron Spell os executa com paixão.

No fim, fica a sensação de termos apenas heavy metal praticado por devotos da mitologia do gênero e isso em si já basta!

Por isso, creio que um lançamento nacional de “Electric Conjuring” seria bem vindo! Alô, Hellion Records…

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