Num belo dia, Joshua Homme, vocalista e guitarrista do Queens Of The Stone Age, se defronta com ninguém menos que Iggy Pop em frente sua casa!
O histórico vocalista do The Stooges, banda seminal que influenciou a criação do punk rock, e que ainda fez história em álbuns solo produzidos ao lado de David Bowie e Lou Reed, vinha colocar em prática a parceria que era discutida por e-mail já havia algum tempo.
Para acompanhar a dupla, chamaram o baterista do Arctic Monkeys, Matt Heldes, e o multi-instrumentista Dean Fertita, que executou arranjos decisivos para o resultado final do álbum.
Numa clara alusão sonora à era Berlim da parceria Pop-Bowie-Reed, que tem em The Idiot (1977) um de seus ápices e maior lançamento solo de Iggy pop, Post Pop Depression (2016) retoma as harmonias graves e cinzentas, emergindo detalhes brilhantemente melancólicos, adicionados de certa pujança estradeira e empoeirada tão característica da musicalidade de Homme.
“Break Into Your Heart” abre os trabalhos trajada como uma balada rústica, monocromática e com interpretação preciosa de Iggy, cuja melodia marcará como ferro quente em sua mente.
A sombra da influência de David Bowie se mais torna perceptível em “Gardenia”, com seu andamento ritmado e refrão melodioso, remetendo aos melhores dias do pop oitentista.
Os andamentos inteligentes e os andamentos instigantes de “American Valhalla“ adornam a base minimalista, enquanto “In The Lobby” desfila linhas mortais de baixo, espasmos de agressividade vocal e ritmo hipnótico.
A versatilidade da proposta se torna mais concreta no soul/funk cinzento de “Sunday”, dona de backing vocals muito bem encaixados e desfecho orquestrado belíssimo.
As linhas acústicas de “Vulture” são densas e ajudam a formatar um clima quase teatral, encorpada pela voz empostada que Iggy desfila por quase todo o álbum.
Destaques finais para “Chocolate Drops” (balada pop embotada de luto e melancolia) e “Paraguay” que fecha o trabalho com um furioso desabafo.
Ao fim da audição, temos um álbum altamente orgânico, sincero e honesto, bem como tristonho e confessional, com referências diretas ao mestre Bowie e uma brilhante performance de Iggy Pop, o último sobrevivente de trio que construiu um estilo cinza e particular de abordar o rock.
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