Hypocrisy – “Worship” (2021) | Explorando as Profundezas Sombrias do Death Metal

 

“Worship” é o décimo terceiro álbum da banda sueca de Death Metal Hypocrisy, liderada pelo renomado Peter Tägtgren.

O disco que contém novas 11 faixas do death metal melódico e agressivo da banda foi lançado em 2021 e chega a o Brasil pela parceria entre os selos Shinigami Records e Nuclear Blast. Abaixo você lê nossa resenha deste material.

Hipocrisy - Worship resenha review

Sem dúvidas o Hypocrisy é uma das mais importantes bandas da história do death metal. E muito disso se deve a uma consistente carreira discográfica que começa lá em 1992, com “Penetralia”, onde o vocalista guitarrista, produtor e multi-bandas, Peter Tagtgreen encaixava ao som death metal melodias que deixavam o estilo muito mais cativante e único.

O som do Hypocrisy sempre foi permeado por diferentes influências fazendo-os ter uma identidade sonora diferente das outras bandas de death metal da sua geração e bem marcada numa escalada de amadurecimento técnico e criativo em discos emblemáticos como “Osculum Obscenum” (1993), “The Fourth Dimension” (1994), “Abducted” (1996) e “The Final Chapter” (1997), que criaram um legado sólido para a banda.

Porém, no novo milênio o ritmo de lançamentos da banda diminuiu, assim como seu foco, tanto que este “Worship” é o primeiro disco de estúdio do Hypocrisy em quase dez anos, pois o último havia sido “End of Disclosure”, de 2013; um disco que dividiu opiniões, diga-se.

Ao contrário do que aconteceu como várias outras bandas, a motivação de Peter para um novo álbum do Hypocrisy já tinha vindo antes da infeliz chegada da pandemia e a pausa nos shows. O tempo disponível só acelerou o processo de lapidação das onze novas faixas que foram gravadas e mixadas no estúdio caseiro de Tägtgren na Suécia.

Iniciando por este quesito, posso dizer que trabalho em estúdio de “Worship” é excelente, com som claro e límpido para desenhar o death/thrash metal de cacoetes melódicos do Hypocrisy, mas sem soar clínico, principalmente no desenho do brilhante trabalho de guitarras deste disco, por vezes desenhando riffs brutais que mergulham em mudanças atmosféricas sem perder a definição, a fluidez e amplificando o contraste de texturas.

A capa de “Worship”, criada pelo artista Blake Armstrong (Kataklysm, In Flames, Carnifex, etc.), mostra que o Hypocrisy mantém a temática extraterrestre que o acompanhou em grandes momentos da careira como no disco “The Arrival” (2004) e em músicas clássicas do passado.  Isso por si só já é um elemento que atrai tanto aqueles que são admiradores do trio formado por Mikael Hedlund (baixo) e Horgh (bateria), além do próprio Peter Tägtgren (guitarras, teclados e vocais) e o guitarrista de estúdio Thomas Elofsson, quanto os fanáticos pelas teorias dos deuses astronautas tão em voga atualmente.

Mas não podemos dizer que “Worship” é um disco conceitual, e faixas como “Chemical Whore” e “Dead World” são provas disso. Enquanto a primeira discorre sobre a dependência de remédios e a industria farmacêutica na sociedade moderna, a segunda versa sobre teorias conspiratórias globalistas, illuminatis e governos ocultos. Ou seja, puros elementos da obra do Hypocrisy. No geral, as letras são um destaque à parte e adicionam muita personalidade ao álbum.

Musicalmente, não é diferente, pois temos elementos que remetem tanto ao passado da banda, principalmente ao disco de transição autointitulado de 1999, equilibrando bem a agressividade e a melodia, quanto aos tons mais modernos do metal extremo. Faixas como “Greedy Bastards”, “Chemical Whore” e “Dead World” mostram bem esta condição, indo respectivamente do passado calcado no death/thrash mais puro, passando pela mescla com o death metal melódico até chegar na sonoridade moderna de hoje.

Outros bons momentos do disco estão nas músicas “Another Day” (com um pegada thrash metal mais pronunciada), “They Will Arrive” (com riff potente e letra sobre alienígenas) e a complexa “Brotherhood Of The Serpent” (uma faixa multifacetada com um excelente trabalho de guitarras) que mostram a boa dinâmica entre as faixas do trabalho além do fato de colocar o Hypocrisy novamente como uma banda interessante dentro do death metal.

A mim “Worship” foi um disco que impressionou bastante, tanto que na minha opinião figura entre os melhores trabalhos da discografia do Hypocrisy; certamente o melhor desde “Virus” (2005)!

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