Heathen – “Empire of the Blind” (2020) | Resenha

 

“Empire of the Blind” é apenas o quarto trabalho do Heathen, uma banda que é sinônimo de thrash metal à moda da bay area desde de 1984.

Ainda nos anos 1980 lançou seu clássico primeiro álbum de estúdio, “Breaking the Silence” (1987), explorando uma forma bem trabalhada de praticar o thrash metal.

A musicalidade da banda evoluiu com o passar dos anos, mesmo que entre o primeiro e este quarto disco tenhamos apenas mais dois trabalhos de estúdio: “Victims of Deception” (1991) e o estupendo “The Evolution of Chaos” (2010).

O Heathen bebeu muito nas fontes iniciais do thrash metal, principalmente em termos estruturais das canções e na produção.

Contudo, a qualidade técnica de seus músicos resultou em um melhor produto final do que o apresentado pelas bandas que desbravaram o thrash metal, manuseando habilidosamente as influências da NWOBHM, ainda latentes nas composições deste “Empire of the Blind”, principalmente no desfile incansável de riffs e solos.

Heathen - Empire of the Blind (2020, Shinigami Records) Resenha

Esse sucessor de “The Evolution of Chaos” começou a ser trabalhado ainda em 2012, após o Heathen assinar com a Nuclear Blast, porém, o trabalho foi atrasando muito por causa da sua dupla de guitarristas, Lee Altus e Kragen Lum, estarem no Exodus de 2013 a 2019, quase que ininterruptamente.

Somente com a volta de Gary Holt ao Exodus após o fim do Slayer foi que Kragen Lum conseguiu trabalhar com foco total no disco do Heathen.

E posso dizer que a espera de uma década valeu muito a pena!

Musicalmente, “Empire of the Blind” é um disco que mescla a objetividade, o peso e as doses homeopáticas de linhas progressivas do primeiro disco, com a grandiloquência harmônica de “The Evolution of Chaos”.

Com isso, as músicas ficaram mais curtas, mas não menos excelentes.

Obviamente a dupla de guitarristas rouba a cena, principalmente em composições de destaque como “The Blight” (mesclando velocidade e groove, mas sempre melódica), “Dead and Gone”, “In Black” (com aquele riffão “quebra-pescoço”) e “The Gods Divide” (um desfecho violento) onde desenvolvem torrentes de riffs poderosos e furiosos, harmônias com guitarras gêmeas e solos vibrantes.

Ao lado dos guitarristas Kragen Lum e Lee Altus está o velho conhecido David White, vocalista que está no Heathen desde o início e parece melhorar com o passar do tempo.

Suas linhas agressivas e melódicas fazem parte da personalidade musical da banda, principalmente no refrão certeiro de “Empire of the Blind”, uma composição cadenciada e dramática, introduzida por uma tempestade de riffs, entrecortada por melodias inspiradas, solo agressivo, e onde o vocalista deu o tom certo na interpretação.

Por falar em interpretação, David White faz “Shrine of Apathy” ir de uma simples balada para algo mais profundo, despertando reflexões sombrias e melancólicas, somente usando sua capacidade de impor as emoções certas nos momentos certos.

No geral, a musicalidade do Heathen soa levemente diferente, não só pela seção rítmica renovada, mas principalmente pelo fato das composições terem ficado completamente sob a responsabilidade de Kragen Lum.

Parece que Lee Altus está mais interessado no trabalho de composição do próximo disco do Exodus. Até por isso, não dá pra negar que “Empire of the Blind” soa como um trabalho solo de Lum.

O que não significa que seja um problema, e “A Fine Red Mist” mostra o quão capaz o guitarrista é de criar com maestria dentro do thrash metal, desenrolando todas as suas influências nos bons tempos do Megadeth.

Por falar em influências, “This Rotting Sphere”, a curta abertura vai arrancar lágrimas dos fãs do Metallica da fase “Ride The Lightning”, enquanto “Sun In My Head”, “Devour” e “Blood to be Let” vão agradar quem curte as bandas noventistas do thrash metal.

No mais, é bom ver que bandas como o Heathen, Exodus, Death Angel e Testament mantém a tradição da Bay Area no thrash metal com dignidade e relevância.

Ah! E esse disco saiu em versão nacional, via Shinigami Records. Ou seja, não tem desculpa pra não ter esse petardo na sua coleção!

Leia Mais:

Sugestão de Livros:

Outros Artigos que Podem Ser do Seu Interesse:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *