Folk rock é um subgênero da música rock que se baseia fortemente na música folk inglesa e americana. Surgiu em meados da década de 1960, quando cantores folk como Bob Dylan e Roger McGuinn pegaram guitarras elétricas e quando bandas de rock como os Animals, Beatles e Rolling Stones buscaram inspiração no folk tradicional.
O folk rock combina as harmonias diatônicas puras do folk tradicional e da música country com a energia, os ritmos e a instrumentação do rock. Neste artigo, quero indicar cinco discos de folk rock obrigatórios na sua coleção.
Van Morrison – “Moondance” (1970)
Van Morrison, como bom irlandês, nunca foi muito receptivo com o showbizz, preferia ficar em casa compondo. Resultado: uma extensa discografia que deveria ser melhor conhecida.
Compositor mais conhecido pelo seu sucesso Brown Eyed Girl. Aquela canção, não presente neste álbum, representa bem toda a obra de Morrison, bela e simples. Moondance é leve, quieto e apaixonante, perfeito para terminar um domingo, seja de ressaca ou não.
Músicas muito bem arranjadas e com a voz marcante do bardo que misturam o folk com um certo acento soul.
Além das três citadas posteriormente no texto, “Crazy Love”, “Into the Mystic”, “Brand New Day” são canções de encher os ouvidos.
Leonard Cohen – “Songs of Leonard Cohen” (1967)
Ao contrário de seus contemporâneos, Leonard Cohen iniciou sua carreira musical quando já tinha passado dos trinta anos, sendo o único símbolo do movimento folk sessentista capaz de rivalizar com a retórica poética de Bob Dylan, se valendo de uma interpretação monocórdica de poesias que frequentavam tanto aulas de literatura quanto positivas críticas musicais.
Este alto teor literário é consequência direta da década que passou escrevendo poesia e romance antes de lançar seu primeiro álbum, tendo publicado três obras entre 1963 e 1966.
Sua música ecoa dias cinzentos e minimalismo instrumental, mesmo quando misturava elementos eletrônicos com uma mensagem grandiloquente.
“Songs of Leonard Cohen” , de 1967, é o álbum que tem “Suzanne”, canção favorita do próprio Cohen, que foi inspirada em Suzanne Vidal, uma dançarina canadense, casada com um escultor e que era observada pelo cantor enquanto ela dançava com o marido num clube de jazz.
Esta composição junto às outras que completam esta obra realizam uma contemplação filosófica do cotidiano, que fez deste primeiro álbum o mais bem sucedido da primeira fase do trovador que se valia de voz e violão agridoces.
Este álbum ecoou ao longo dos anos, estendo suas influências a nomes que vão de Randy Newman, Nick Drake e Elliot Smith à R.E.M., Jeff Buckley e Sisters of Mercy.
Dentre os grandes clássicos aqui elencados temos, além de “Suzanne”, “Winter Lady”, “Sisters of Mercy”, “So Long, Marianne”, “Teachers” e “Hey, That’s No Way To Say Goodbye”.
Nick Drake – “Pink Moon” (1972)
Falar apenas que a música de Nick Drake é triste é desmerecer toda a genialidade do compositor.
Qualquer um pode compor coisas tristes com um violão, mas fazer musicas inspiradas e melancólicas é para poucos abençoados.
Este é um dos melhores álbuns da discografia do bardo. Uma música suave e perfeita pra se começar bem o dia.
A delicadeza de canções como Wich Will, Parasite e Horn é perfeita para acompanhar o primeiro aroma de café a perfumar o ar doméstico nas primeiras horas da manhã.
Drake é um dos muitos gênios que ficaram famosos após a morte.
Poucos lançamentos foram reconhecidos enquanto o músico estava vivo e muitas músicas chegaram ao público de maneira postmortem em compilações como Way To Blue: An Introduction To Nick Drake, de 1994, que é uma bela coletânea para quem ainda não conhece a classe do bardo.
Bob Dylan – “Desire” (1976)
Neste disco está a clássica Hurricane, música que conta a biografia de um boxeador negro que foi preso injustamente.
A história virou roteiro de cinema e o boxeador foi interpretado por Denzel Washington nas telonas.
Mas o brilhantismo não se mostra somente nesta épica faixa. Isis tem uma beleza rústica com seu violino ecoando melodias por toda a música duelando com o vocal mais do que característico de Dylan. Oh Sister é um bela canção folk.
O uso incessante do violino e voz de Emmylou Harris fazem as músicas cruzarem a linha do folk e cair de cabeça no country rock, criando um disco de música americana em sua essência. Joey é outra pérola épica do álbum que ainda se mostra brilhante nos hits Romance In Durango e Sara.
O álbum foi lançado entre duas partes de uma turnê de Dylan e chegou ao primeiro lugar da lista da Billboard. No Brasil a música Romance in Durango foi transformada em Romance no Deserto pelo cantor nordestino Fagner.
Neil Young – “Harvest” (1972)
Neil Young havia acabado de deixar o supergrupo Crosby, Stills, Nash & Young quando, em 1972, resolveu lançar seu quarto álbum.
Para o novo projeto o músico canadense recrutou o grupo country The Stray Gators e criou um dos grandes discos do country/folk rock.
Neil Young se inspirou a gravar o álbum após uma apresentação de Johnny Cash que participou como convidado junto a James Taylor e Linda Ronstandt.
Neste álbum está o grande sucesso Heart Of Gold, umas das mais belas canções dos anos 70, mas no tracklist ainda temos The Neddle And The Damage Done, Alabama e Out Of The Weekend, canções clássicas de um dos maiores trovadores do rock.
Está com vontade de acordar num dia frio com clima de campo? Coloque Harvest no pra tocar (no vinil de preferência) numa manhã outonal e prepare seu café da manhã.
Leia Mais:
- Neil Young | A Morte do Rei e a História de um Johnny Rotten
- A Arte dos LP’s | 4 Pares de Capas Gêmeas
- Bob Dylan | 5 Discos Para Conhecer o Grande Poeta do Rock
- Nick Drake – “Pink Moon” (1972) | Você Devia Ouvir Isto
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