Flying Colors – “Third Stage: Live In London” (2020) | Resenha

 

“Third Stage: Live In London” é um disco ao vivo do Flying Colors, supergrupo formado por Steve Morse (guitarra), Mike Portnoy (bateria), Neal Morse (teclado/vocal), Dave LaRue (baixo) e Casey McPherson (vocal), gravado no dia 14 de dezembro de 2019 durante o show da banda no Shepherd’s Bush Empire, em Londres. O disco foi lançado em formato triplo (CD Duplo+ DVD) no Brasil pelo selo Hellion Records.

Flying Colors - Third Stage Live In London (2020) Hellion Records

Supergrupos geram muita desconfiança ultimamente, pois vários deles falharam miseravelmente. Porém, se você acompanha o trabalho do Flying Colors sabe que este não é o caso por aqui, afinal a primeira certeza é de que a química entre os músicos aconteceu e que este projeto não é mais uma forma de cada um deles mostrar suas habilidades em um amontoado de canções.

Não que seus discos sejam exemplos de originalidade e modernidade, mas gradualmente criaram músicas cada vez mais consistentes em suas variações pesadas, melódicas ou progressivas. Porém, creio que o mais legal do Flying Colors é o fato de que é possível estabelecer nenhuma comparação com o que os músicos fazem em suas bandas originais.

Além disso, a cada novo álbum segue-se um lançamento ao vivo, registrando cada uma das turnês e onde podemos traçar de forma ainda melhor a evolução criativa e de entrosamento dos músicos, quase como um apêndice discográfico de cada álbum de estúdio.

Neste sentido, “Third Stage: Live In London” é o disco ao vivo irmão do álbum mais recente da banda, intitulado “Third Stage”, e de cara posso dizer que o requinte do álbum foi trazido para a apresentação ao vivo, num clima imersivo e de cumplicidade entre público e banda.

Podemos perceber ainda este requinte nas músicas retiradas do primeiro álbum, um típico exercício de músicos de rock progressivo que buscaram uma sonoridade menos rebuscada. “Blue Ocean” abre o show de forma belíssima, assim como farão mais à frente as impecáveis “Kayla”, “Forever in a Daze”, “Infinite Fire” (uma parcela progressiva do show)  e “The Storm”.

Obviamente, a maior parte do repertório vem do mais novo disco, de onde retiraram “The Loss Inside” (creio que esta música seria uma abertura ainda melhor que “Blue Ocean” pela força, peso e groove), “More”, “Geronimo”, “You Are Not Alone”, “Love Letter”, “Crawl”. Já do álbum“Second Nature” (2014) buscaram “A Place in Your World”, “Peaceful Harbor”, a épica“Cosmic Symphony” (outra parcela progressiva do show) e “Mask Machine” (o final apoteótico).

Em diversos momentos do show o clima do rock progressivo é trocado pelo de uma apresentação de melodic rock, muto pela belíssima voz de Casey McPherson que ao vivo soa como o saudoso Jeff Buckley, ou então pelas linhas de guitarra de Steve Morse, que junto aos teclados de Neal Morse, controlam e guiam os arranjos pelo pop ao progressivo e depois ao pop novamente, por vezes remetendo ao Steely Dan (como em “Geronimo”).

A mixagem de Jerry Guidroz esta perfeita, tanto no CD quanto no DVD, nos possibilitando detalhar o trabalho de cada músico e a participação do público chegando na quantidade certa para dar o clima do show.

Com isso, podemos enaltecer o trabalho de baixista Dave LaRue, que pulsa como o coração dos arranjos (atenção à abertura de “Mask Machine”), dando sustentação para que seus outros colegas de banda tenham performances seguras, principalmente Mike Portnoy. É sempre um prazer vê-lo tocando bateria, pois parece ser muito fácil tocar movimentos complexos como conferimos em “More” e “Mask Machine”, onde ele desenvolve sua influências de Neil Peart e Nick Manson.

“Third Stage: Live In London” é um espetáculo sensorial, muito bem captado em imagem e som!

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