Flying Colors – Resenha de “Third Degree” (2019)

 

Flying Colors - "Third Degree" (2019, Mascot Records, Hellion Records)
Flying Colors – “Third Degree” (2019, Mascot Records, Hellion Records)

Como o próprio título nos diz, esse é o terceiro álbum do Flying Colors, uma espécie de supergrupo do rock progressivo.

Tendo em sua formação nomes expressivos como Casey McPherson (Vocais, guitarra, teclados), Steve Morse (Violão, guitarra), Dave LaRue (Baixo), Neal Morse (teclados, vocais) e Mike Portnoy (bateria, percussão, vocais), sua maior qualidade é amalgamar os predicados multidimensionais de seus músicos numa proposta musical única.

Enquanto o primeiro e auto-intitulado trabalho mostrava que  química entre os músicos aconteceu de forma fluida e consistente em suas variações de peso, técnica, melodia e resvalões no pop, o segundo disco, “Second Nature” (2014), investia mais nas sonoridades progressivas, alicerçadas no talento sem par de seus músicos.

Agora, “Third Degree” nos mostra um passo adiante no quesito evolução, mantendo o crescimento de um trabalho a outro, seja em composições, performances ou no trabalho em estúdio.

Exatamente por isso os cinco anos de espera valeram a pena.

A mistura de fusionclassic rock, pop progressivo soa ainda mais homogênea nestas novas nove composições e já pode ser sentida na sensacional faixa de abertura, “The Loss Inside” (com peso e groove irrestíveis), facilmente uma das melhores composições da banda (preste atenção ao trabalho vocal de Casey McPherson).

Por essa abertura também vemos como Steve Morse está ainda mais afiado em seus solos e linhas que promovem um duelo intrincado com os teclados de Neal Morse.

O Flying Colors se colocou num ponto interessante, onde conseguem soar menos progressivos que o Transatlantic ou o Spock’s Beard, e acessível se comparado ao peso do Sons of Apollo ou até mesmo à The Neal Morse Band. Mas consegue impactar e envolver tanto quanto qualquer uma delas.

A abordagem melódica continua envolvente e cativante pelos ganchos empregados (como na balada “You Are Not Alone”), assim como os movimentos mais intrincados, complexos e elaborados servem para lembrar quem são os músicos envolvido por aqui.

Eles não se furtam de nos oferecem refrãos que marcam de primeira ou melodias fáceis e açucaradas do pop. 

Não entenda isso da maneira errada, pois nada aqui soa descartável, pelo contrário, me parece uma atualização da ideia musical de nomes clássicos como Procol Harum, Kansas, Asia ou Beach Boys, além dos primeiros discos do Supertramp, por atritar complexidade progressiva com melodias acessíveis.

São faixas como “Cadence”, Guardian” (com uma passagem chegando a lembrar o Pink Floyd e outra com show do baixista Dave LaRue) e “Love Letter” que nos mostram isso de formas diferentes, indo da verve folk da primeira parte ao sentimento Rock/AOR da segunda até o power pop mesclado às sempre presentes influências de Queen.

Assim como “Last Train Home”, que recupera um pouco daquele senso épico e pop do primeiro trabalho com a exploração sinfônico/progressiva do segundo disco, viajando por climas e abordagens de forma fluida e envolvente ao longo de mais de mais de dez minutos.

Porém, no geral, o direcionamento de “Third Degree” é diferente, e abre um horizonte ainda mais amplo para a musicalidade do Flying Colors, com destaque ao bom gosto de Steve Morse, o real guia deste “Third Degree”, um disco que impressiona pela consistência.

Um novo apontamento neste direcionamento está bem marcado na espetacular “Geronimo” e seu groove sustentado pelo baixo provocante e técnico e a bateria sincopada, lembrando os melhores momentos da mescal de fusion com AOR dos anos setenta.

Mesmo porque as passagens instrumentais são o grande trunfo que o Flying Colors tem a nos oferecer, sem preocupações estéticas ou de estilos, ajustando soluções para problemas que se tornam oximoros de sua música.

Como em “More”, por exemplo, com seu contraste de timbragens orgânicas com a abordagem moderna remetendo ao passado e ao presente da música progressiva. E também na profundidade bem trabalhada em “Crawl”.

Ouso dizer que “Third Degree” será, em pouco tempo, considerado o melhor dos três prmeiros discos do Flying Colors.

FAIXAS:

1. “The Loss Inside” 5:50
2. “More” 7:09
3. “Cadence” 7:40
4. “Guardian” 7:10
5. “Last Train Home” 10:31
6. “Geronimo” 5:19
7. “You Are Not Alone” 6:21
8. “Love Letter” 5:09
9. “Crawl” 11:14

FORMAÇÃO:

Casey McPherson (vocais e guitarra)
Neal Morse – (vocal, teclado e violão)
Mike Portnoy – (bateria, percussão)
Steve Morse – (guitarra)
Dave LaRue – (baixo)

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