Descubra o mundo sombrio e misterioso do filme noir com esses cinco filmes essenciais. Este guia para iniciantes irá apresentá-lo ao gênero e deixá-lo querendo mais.
Se você é fã de dramas policiais e thrillers de suspense, o filme noir é o gênero perfeito para você. Esses filmes são conhecidos por sua atmosfera sombria e melancólica, personagens complexos e tramas intrincadas. Aqui estão cinco filmes noir imperdíveis que irão apresentá-lo a este gênero cativante.
O que é um Filme Noir?
O filme noir pode ser encarado como um subgênero de filme policial, que misturava o romance de suspense, a trama policial e o expressionismo europeu, sendo muito popular na década de 1940 O termo Noir originalmente foi aplicado por críticos franceses, em 1946, para referenciar os dramas do cinema norte-americano sobre crimes, geralmente em preto e branco, sombrios e pessimistas, com personagens característicos como anti-heróis alienados e femme fatales sedutoras, e que chegou na França após a Segunda Guerra Mundial.
A era clássica do noir vai do início dos anos 1940 ao final da década de 1950 e os parâmetros do gênero geravam filmes de naturezas tão diferentes quanto excelentes, sendo “Stranger in the Third Floor”, do diretor Boris Ingster, lançado em 1940, considerado o primeiro filme noir genuíno. O noir desenvolveu-se durante e após a II Guerra Mundial, em um contexto de ansiedade e cinismo partilhado pelos anti-heróis, quase sempre homens, muitos deles detetives particulares – solitários e desiludidos frequentando becos escuros, hotéis decadentes, bares depressivos e boates de mau gosto.
As Raízes do Cinema Noir
As raízes do noir estão nos filmes expressionistas alemães dos anos 1920 e 1930, como “O Gabinete do Dr. Caligari” (1919) e “M, O Vampiro de Düsseldorf” (1931), de Fritz Lang, e de alguns filmes franceses como “A Cadela” (1931), de Jean Renoir, e “A Besta Humana” (1938), ambos refilmados por Fritz Lang em Hollywood como “Almas Perversas” (1945) e “Desejo Humano” (1954).
Ou seja, as principais influências do noir eram filmes com iluminação fraca, câmera fora de centro e planos sombreados e claustrofóbicos, que chegaram aos Estados Unidos com cineastas imigrantes, como Robert Siodmak (de “A Dama Fantasma” [1944]), Jacques Tourneur (de “Fuga do Passado” [1947]), Otto Preminger ( de “Anjo ou Demônio” [1945]), Billy Wilder (“Pacto de Sangue” [1944]) e Edgar Ulmer (“Curva do Destino” [1945]), que lançaram grandes marcos do gênero. Até por isso, muitos dos artesãos do cinema noir eram de origem europeia e trouxeram suas influências expressionistas com eles, por sua vez, influenciando gerações de cineastas até os dias atuais.
Os diretores da fase clássica do noir não estavam cientes do estilo que desenvolviam, e o gênero só seria definido posteriormente, sendo que alguns especialistas defendem não existir cinema noir fora deste período clássico alegando que os diretores deste período tinham na mente as características do gênero. A popularidade do gênero noir atraiu alguns dos maiores cineastas da época, incluindo na listas Orson Welles, Howard Hawks, Billy Wilder, Stanley Kubrick (com o fabuloso “O Grande Golpe” (1956)), Jules Dassin, Samuel Fuller, Alfred Hitchcock, Nicholas Ray e John Huston, bem como diretores que se especializaram no gênero como Robert Siodmak, Fritz Lang e Otto Preminger.
O Noir e a Literatura
O noir nasceu na Europa, mas os temas pertenciam às cidades estadunidenses, e a inspiração buscava histórias de crimes da literatura norte americana. Os filmes do gênero noir emprestavam muito da literatura policial e das publicações pulp, de escritores como Dashiell Hammett, James M. Cain, Cornell Woolrich e Raymond Chandler.
São exemplos disso, filmes como “Capitulou Sorrindo”, de 1942, baseado num romance de Dashiell Hammett e com a dupla de atores Alan Ladd e (a sedutora) Venorica Lake; “A Dália Azul”, de 1946, com roteiro de Raymond Chandler, de quem filmaram também “À Beira do Abismo” (1946), que trazia uma atuação primorosa de Humphrey Bogart para o cínico detetive Philip Marlowe.
Raymond Chandler também foi co-roteirista de “Pacto de Sangue”, um noir típico que pode ser um perfeito exemplo do gênero ao lado do clássico “Relíquia Macabra” (1941), adaptando o clássico “O Falcão Maltês”, de Dashiell Hammett.
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As Principais Características de um Filme Noir
- No geral, eram produções de baixo orçamento com a participação de atores que não eram consagrados.
- Os diálogos eram muito rápidos, com muita carga dramática para dar o tom dos personagens dúbios;
- Aliás, os personagens dúbios fazem parte dos elementos essenciais de um filme noir onde nem tudo é o que parece; os heróis nem sempre são heroicos e se dão bem no final, a vítima nem sempre é indefesa e as femme fatáles (como a belíssima Ava Gardner de “Os Assassinos” (1946), Rita Hayworth de “Gilda” (1946), ou Jane Greer de “Fuga do Passado” (1947)) são costumeiras;
- No filme noir, detetives, policiais e vilões em sua maioria são corruptos e mercenários.
- Muitos filmes enfocam em homens fracos cujas vidas foram arruinadas após caírem na rede de paixão, traição e morte de uma femme fatale, linda, porém inescrupulosa.
- Os ambientes são urbanos, escuros, realistas e opressores (geralmente com cenas noturnas), onde desenrolavam problemas sociais, crimes, investigações policiais; tramas regadas a muito álcool e cigarro.
- Os dramas eram permeados por niilismo, desconfiança e paranoia.
- No âmbito técnico, usavam-se ângulos de câmera não-convencionais e grande peso do escuro na proporção entre escuro e claro da fotografia.
O Pós-Noir e o Neo-Noir
A era clássica do noir terminou no início dos anos 1950, mas houve filmes que se encaixavam no gênero lançados após esse período. São exemplo disso, “A Morte Num Beijo”, de Robert Aldrich, lançado em 1955, e a “A Marca da Maldade” de 1958, produzido por Orson Welles, dois grandes clássicos do noir, fortemente indicados àqueles que querem entender o gênero em seus cânones.
Aliás, esse período de existência do cinema noir é motivo de discórdia entre os especialistas em cinema, com alguns defendendo que só houve filme noir neste período e outros alegando que existem releituras, mas o noir nunca deixou de existir. Para aqueles do primeiro grupo, o filme “A Marca da Maldade”, de 1958, é considerado o último filme noir clássico.
Nos anos 1960, o cinema viveu uma de suas maiores revoluções impulsionada pelos movimentos contraculturais, deixando o noir como um formato ultrapassado para aqueles tempos de ruptura estética e estílica. O que não significa que o noir tenha morrido. Ainda podemos citar releituras modernas de seus elementos principais em filmes sensacionais como “The Long Goddbye” (1973) de Robert Altman, “Chinatown” (1974) de Roman Polanski, “Corpos Ardentes” (1981) de Lawrence Kasdan, “Gosto de Sangue” (1983), dos irmãos Coen, e “Los Angeles, Cidade Proibida” (1997) de Curtis Hanson.
Segundo Antonio Gasparetto Junior
“Os filmes Neo-Noir, por sua vez, foram influenciados pela fase clássica. Mas o Cinema Noir também influenciou o gênero chamado cyberpunk, calcado na ficção científica. A mistura do Film Noir com o gênero cyberpunk resulta no que é chamado de tech-noir. E o mais novo fruto do Cinema Noir é o gênero teen-noir que é considerado pelos críticos um símbolo da expressão das angústias do universo adolescente.”
5 Filmes Essenciais Para Entender o Movimento Noir
Em resumo, o filme noir é um gênero de filmes que surgiu nas décadas de 1940 e 1950, caracterizado por seus temas sombrios e cínicos, iluminação sombria e personagens moralmente ambíguos. O termo “filme noir” foi cunhado por críticos franceses que notaram uma tendência nos filmes americanos que apresentavam crime, violência e um sentimento de desilusão com a sociedade. O filme noir geralmente explora temas de ganância, corrupção e traição, e é conhecido por usar narração em off e sequências de flashback. Mas vamos explorar um pouco mais.
1. “Relíquia Macabra” (“The Maltese Falcon”, John Huston, 1941)
Um clássico do cinema noir, este filme inspirado no livro homônimo de Dashiell Hammet criou parâmetros reproduzidos e referenciados até os dias de hoje, fazendo dele o filme noir mais influente do cinema. Toda esta relevância se dá por diversas frentes: a atuação brilhante do elenco, o uso ousado do contraste de luz e sombra, o roteiro bem amarrado escrito pelo, também diretor, John Huston. Aliás este é o primeiro filme que ele assina como diretor.
A trama romanesca e simples gira em torno da busca por um valioso artefato, o Falcão Maltês, uma estatueta preta do século XVI enfeitada com jóias. No centro da trama está o detetive Sam Spade, magnificamente interpretado por Humphrey Bogart, que se tornou o modelo do anti-herói cínico, porém romântico, que iria povoar o noir por muitos anos. Após ver seu parceiro morto, Sam é enredado em uma teia perigosa de crime e intrigas ao lado de policiais furiosos, uma mulher sedutora e vilões excêntricos.
Bogart ainda emprestaria seu talento para outro personagem icônico do movimento noir: Philip Marlowe, de “À Beira do Abismo” (The Big Sleep, 1946), um filme do diretor Howard Hawks e adaptado de um clássico intrincado de Raymond Chandler. Aliás, este filme poderia facilmente estar nesta lista, afinal, a história central de Chandler e a insinuação sexual inigualável entre Bogart e Lauren Bacall se combinam para um clássico americano. É um filme imperdível para quem se interessa pelo gênero.
2. “Pacto de Sangue” (‘Double Indemnity’, Billy Wilder, 1944)
Billy Wilder é um diretor conhecido pela versatilidade com que transitou entre os gêneros do cinema, obtendo sucesso em vários deles ao lango de uma extensa carreira. Não seria exagero afirmar que sua obra se movimenta com as transformações do cinema, sendo possível traçar a evolução dentro da nona arte através de seus filmes.
Sem dúvidas, “Pacto de Sangue” seria um de seus grandes momentos, principalmente pelo padrão que estabeleceu para o cinema noir e que seria repetido nos próximos anos. Wilder é um dos roteiristas da trama, ao lado do renomado escritor Raymond Chandler, que levam para o cinema o romance homônimo de James M. Cain (no Brasil, intitulado “Indenização em dobro”) e o transformam num clássico instantâneo.
A trama impressionou até mesmo Alfred Hitchcock, que em telegrama para Wilder disse: “Desde Double Indemnity, as duas palavras mais importantes no cinema são ‘Billy’ e ‘Wilder’”. Muito deste sucesso e da excelência vem tanto da atuação de Fred MacMurray, que interpreta brilhantemente um arrogante corretor de seguros que é seduzido pela belíssima femme fatale interpretada por Barbara Stanwyck a cometer um crime, quanto pela genial trilha sonora de Miklos Rozsa que cria todo o ambiente agourento da narrativa em primeira pessoa.
O filme é conhecido pelo uso de narração em off e sequências de flashback, bem como pela exploração de temas como ganância, luxúria e traição. Um filme imperdível para quem se interessa pelo gênero.,“Pacto de Sangue” não só é um grande clássico noir, mas, também, um dos melhores filmes do cinema na primeira metade do século!
3. “A Sombra de Uma Dúvida” (‘Shadow of a Doubt’, Alfred Hitchcock, 1943)
Apesar de filmes emblemáticos como “Pacto Sinistro”, “Um Corpo que Cai”, “Festim Diabólico” e “Interlúdio” terem ricos elementos do cinema noir, eles estão ali mais como aspectos da época do que um conceito estílico. Além disso, não dá para associar Alfred Hitchcock ao cinema noir com o mesmo grau de Fritz Lang ou Robert Siodmak ou Jules Dassin, por exemplo. Hitchcock, na verdade, raramente é rotulado como um diretor noir, mas cometeu um dos maiores clássicos do gênero: “A Sombra de Uma Dúvida” (1943).
Aqui, Hitchcock usa sombras espessas para narrar a história de uma menina, encantada quando seu tio favorito vem visitar a família, que gradualmente começa a suspeitar que ele é de fato o assassino da “Viúva Feliz” procurado pelas autoridades. Justamente quando ela descobre que ele é procurado por assassinato, ela se torna a próxima em sua lista de vítimas.
No meio desta trama de suspense, Alfred Hitchcock usa sombras profundas e luz de fundo brilhante para criar o antagonismo entre Wright e Charlie, que sempre parece se esconder nas sombras, pronto para atacar. Este era um dos filmes favoritos do próprio Hitchcock dentre de sua obra e, quiçá, seu único filme puramente noir.
4. “Crepúsculo dos Deuses” (“Sunset Boulevard”, Billy Wilder, 1950)
Infelizmente, os grandes guias de cinema e muitos críticos não referenciam esta obra-prima da nona arte (que ganhou três Oscars, incluindo o de Melhor Roteiro Original) como noir, talvez por acharem que o gênero não cabe um dos mais brilhantes momentos da carreira do gênio Billy Wilder.
Claro que ele possui um melodrama gótico carregado de humor negro, mas é inegável que “Crepúsculo dos Deuses”, filme lançado em 1950, atende todos os requisitos de um filme noir. O filme que começa com um cadáver virado para baixo em uma piscina e narra a história do roteirista Joe Gillis (William Holden), cuja carreira vai mal e refugia-se na casa de Norma Desmond (Gloria Swanson), uma antiga estrela do cinema mudo.
Endividado, ele aceita trabalhar para ela ajudando-a em sua volta triunfal ao cinema. No entanto, o comportamento fantasioso e conturbado da atriz faz a situação sair completamente de controle. Se existe um filme obrigatório nesta lista de filmes noir é justamente este, justamente por ser um filme imperdível para quem quer se aprofundar no mundo do cinema noir.
5. A Marca da Maldade (“Touch of Evil”, Orson Welles, 1958)
Neste emblemático filme do lendário Orson Welles, inspirado no livro “Badge of Evil” (1956) de Whit Masterson, um inspetor mexicano entra em rota de colisão com um policial norte-americano corrupto.
O cenário é a fronteira entre México e Estados Unidos que serve de simbolismo para a exploração dos dois lados da lei: o policial honesto, legalista e incorruptível em atrito com o oficial que vive segundo suas próprias regras do que é certo e errado. Com a classe, a urgência e o suspense do cinema noir Orson Welles apresenta seu último grande filme ao levar para a fronteira uma trama sobre como a ganância e a contravenção motivam um esquema ilícito enorme, repleta de diálogos sobrepostos, enquadramentos perturbadores e ângulos de câmera vertiginosos.
O próprio Welles interpreta Hank Quinlan, um policial que alega “nunca ter incriminado ninguém – a menos que ele fosse culpado” e cuja morte despertará referências às tragédias shakesperianas. Porém, a memorável sequência de abertura, onde o diretor nos leva, ao longo de três minutos, de carona no rastreamento de um carro carregado com uma bomba que pode explodir a qualquer momento é um lembrete do quão genial foi Orson Welles. “A Marca da Maldade” é imperdível para qualquer pessoa interessada no gênero e uma ótima introdução ao mundo do filme noir.
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