“Aniquilação” (2018, Netflix) | RESENHA DE FILME

 

Resenha do filme “Aniquilação” (2018) porLaira Arvelos.

“Isso é uma célula. Como todas as células, foi criada a partir de uma célula já existente. 

Portanto todas as células foram criadas a partir de uma célula.

Um único organismo sozinho no planeta terra, talvez sozinho no universo.

Há cerca de quatro bilhões de anos. Um se tornou dois. Dois se tornaram quatro.

Então 8, 16, 32. O ritmo do par que foi separado.

Se torna a estrutura de cada micróbio, folha de grama, animal marinho, animal terrestre e humano. A estrutura de tudo que vive e de tudo que morre”

Quando falamos de leis da natureza nos referimos as leis segundo o Universo funciona, uma descrição da realidade de como a natureza se comporta e se organiza.

Quando pensamos em situações e teorias que mudam amplificam ou manipulam esta regra somos transportados há locais e sensações diferentes e deste imaginário é que muitas histórias são construídas.

Resenha filme Aniquilação Netflix

“Aniquilação” – Resenha do Filme

Baseado no primeiro livro da Trilogia do Comando Sul, de Jeff Vandermeer, que ganhou o Nebula Award de melhor romance de sci-fi, em 2014, o diretor Garland traz em 2018 o longa Aniquilação.

Contrariando a vontade do diretor o filme só foi para as telonas nos Estados Unidos, Canadá e China. No Brasil, o filme está disponível na Netflix.

Alexander Medawar Garland, mais conhecido como Alex Garland, é um escritor, roteirista, produtor e diretor de cinema britânico, conhecido por bons roteiros como “Extermínio”, “Sunshine” e “Alerta Solar”, por comandar (roteiro e direção) o brilhante “Ex Machina” (2015), onde recebeu a indicação de melhor roteiro original em 2016, tem a missão de levar aos expectadores esta premissa que o arrebatou.

Gosto pouco ou não me interesso em classificações, Aniquilação é ficção científica, weird fiction, filosófico, terror cósmico ou suspense?

Para mim há flerte com todos estes pontos; uma combinação de gêneros, originalidade e aprofundamento do que é proposto, mas uma coisa que ficou com certeza ao final do filme foi: Estranhamento.

Uma história que me leva a tantos lugares, mas que sobretudo fala de como é o ser humano e como a autodestruição é parte inerente do seu ciclo de existência.

Natalie Portman é Lena ex-militar e bióloga que após o retorno de seu marido de uma missão é levada a uma região chamada de área X, de lá se oferece a ir para uma expedição junto há outras quatro mulheres ao ‘brilho’, local onde após ser atingido por algo do céu, foi isolado, lá não há leis da natureza, lá o tempo não é percebido, lá há mutação contínua, deturpações de formas, duplicatas de formas, ecos, lá há uma contaminação misteriosa, lá a noite vem junto a mortais criaturas e a mais profunda loucura dos que ali permanecem.

O filme é contado a partir de flashbacks de Lena, com uma atuação competente de Natalie Portman, é possível reconhecer seus sentimentos sua fragilidade e força nas situações em que é colocada.

De forma rápida é ela quem nos apresenta suas colegas (Dr.. Ventress) Jennifer Jason Leigh, (Anya Thoresen) Gina Rodriguez, (Josie Radek) Tessa Thompson, e (Cass Sheppard) Tuva Novotny que estranhamente se encontram nesta missão autodestrutiva que não apresenta muitas possibilidades de êxito.

Destaque para a psicóloga interpretada por Jennifer que traz o completo abandono de si e de suas expectativas, sendo totalmente indiferente às situações e mostra uma clara deserção da vida e Thessa Thompson, já surpreendendo por mostrar a pessoa que simplesmente aceita o que está diante de si.

Para uma mulher é muito interessante ver um grupo feminino como protagonista, e mais ainda como isso é tratado de uma forma muito natural no filme como deve ser feito, “só mulheres? – Não! Cientistas! ”

A parte visual das cores, flores, dos cervos com flores, das pessoas ‘em flores” é belíssima a construção dos animais impressiona pela composição, mas peca no visual, o surreal e o esquisito próximo ao farol são obras de arte, a dor dos últimos segundos de vida refletidas no abrir de uma garganta é aterrorizante.

A atmosfera de tensão é criada e fomentada por uma belíssima trilha sonora que fala de uma introspecção e medo tão particular; com pitadas de biologia, genética e existencialismo.

O longa apresenta em alguns momentos o que me questionei se era o que me incomodava na história, umas alternativas rasas de continuidade, mas as metáforas que vão sendo pinceladas diante deste mal maior se sobrepões e dão maior força a experiência: estamos a todo tempo nos destruindo, nossa relação é de domínio e destruição com o meio onde vivemos, como nos portamos com o que nos abate, câncer e sentimentos?

Afinal quem mesmo é que está destruindo a natureza?

Aniquilação nos envolve como um final aberto o que só aumentou minha vontade de procurar os livros, é aquela história lenta (minhas preferidas) que tem o brilhante poder de te deixar com mais perguntas do que respostas.

Uma dança inquietante, um toque e brilho nos olhos ainda nos levarão a muitos questionamentos.

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