Deep Purple – “InFinite” (2017) | Resenha

 

“InFinite”, o vigésimo álbum da banda, que mostra o Deep Purple ativo e produzindo música de qualidade, como só eles sabem fazer, é, certamente, seu melhor álbum desde “Perpendicular” (1996).

O disco foi lançado pelo sela parceria entre os selos earMUSIC e Shinigami Records e abaixo você lê nossa resenha deste disco.

Deep Purple - InFinite (2017, Shinigami Records, earMUSIC) rESENHA Review

“In Rock”, clássico de 1970, como sua capa emblemática mostrava, marcou “na pedra” o início do sucesso incontestável da banda que seria uma das mais relevantes e influentes dentro do Rock nas décadas seguintes. Naquela época, o Heavy Metal engatinhava e ainda estava atrelado ao Hard Rock, ao Progressivo e, no caso do Deep Purple, à música erudita (uma cortesia de Jon Lord).

Claro que esta instituição do rock possui uma breve biografia anterior, mas podemos dizer que a sonoridade que nós conhecemos como sua personalidade musical começou ali, à partir da faixa “Speed King”.

Quase cinco décadas depois, como que fechando um período no espaço-tempo do Rock, gênero que se abre a uma era do gelo para bandas do porte do Deep Purple, cravam seus rostos para a eternidade num iceberg ao lançar “InFinite”, o vigésimo álbum da banda, claramente fechando o ciclo iniciado em “In Rock”, no abrir das cortinas da década de 1970.

Obviamente, naqueles intensos anos setenta a formação era outra, a banda era jovem e faminta, mas hoje, como uma instituição do Rock, vive, talvez, seu momento de maior estabilidade dentro da formação, desde que Steve Morse entrou para a banda em 1994, no lugar de Ritchie Blackmore.

Sempre solidificada por alta classe musical, peso e virtuose, ao longo da carreira foram muitos os desentendimentos entre os integrantes, o que acarretou em inúmeras mudanças de formação. Nesse contexto, é interessante ver como  “InFinite”, quiçá, o último capítulo desta trajetória gloriosa, é guiado pelos dois integrantes mais novos: o histórico tecladista Don Airey, que substituiu o mítico Jon Lord, e o já citado guitarrista Steve Morse.

Sim, Ian Paice continua sendo o mestre do ritmo, com seu pesado tempero jazzístico e orgânico, Roger Glover permanece como o sustentáculo que homogeniza a alquimia, e Gillan ainda canta com a alma, mesmo que sua voz sofra de uma compreensível ação do tempo. Todavia, Morse e Airey tomam a dianteira do trabalho, como já havia acontecido em “Now What?” (2013), como parceiros melódicos, ou duelantes progressivos.

Aliás, se formos estender as comparações com o álbum anterior, temos uma peça muito mais progressiva, climática, e com sabor acentuado de jam session. O que é explicitado por Gillan, quando ele explica o processo de composição do álbum: “todos os dias eles se sentam e fazem jams com o que vem à mente. Os caras apenas improvisam”. 

Claro que a capacidade de fazer surgir composições como “Time For Bedlam” (com tempestuosos versos de teclados, que dançam vertiginosamente com as linhas de guitarra, por andamentos progressivos e pesados), “Hip Boots” (que traz uma uma cadência bluesy irresistível – como teremos em “One Night In Vegas”, mas de um jeito diferente), “All I Got Is You” e “Get Me outta Here” (ambas extremamente progressivas), deste éter musical exploratório, advém da experiência acumulada e da certeza de saberem exatamente o que querem para sua música, desfilando todas as potencialidades da banda.

Esta liberdade na hora de compor rendeu um álbum com sonoridade espontânea, onde cada membro conseguiu colocar sua personalidade, encorpada por uma produção brilhante de Bob Ezrin, que deixou o álbum moderno, mas não estéril.

E dá-lhe exemplares notáveis de excelência roqueira, como “The Surprising” (uma pseudo-balada cheia de climas e variações de andamentos), “Johnny’s Band, “On Top of the World” (com ótimas guitarras de Morse), Birds of Prey” (que me lembrou vagamente o Rush), e a releitura ainda mais bluesy e espetacular para “Roadhouse Blues”, do The Doors.

Friamente (sem trocadilhos com a arte), concordo quando dizem que existem detalhes mais fracos neste álbum (como o final abrupto de “On Top of the World”, por exemplo) se o compararmos aos grandes álbuns da banda! Mas pense comigo. Qual álbum de qual banda, hoje em dia, consegue fazer frente àqueles trabalhos clássicos?

Ainda ouso dizer que “InFinite” é melhor que ao menos um ou dois álbuns lançados antes de 1994 (alguém aí gritou “The House of Blue Light”, “Slaves and Masters”, ou “The Battle Rages On…”?), e, certamente, seu melhor álbum desde “Perpendicular” (1996).

Sendo assim, vamos curtir o tempo que ainda nos resta com o Deep Purple ativo e produzindo música de qualidade, como só eles sabem fazer, pois nada neste plano de existência é infinito…

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