“California Jam 1974” mostra a banda Deep Purple no epicentro deste festival histórico, divulgando o clássico “Burn” (1974), e a nova formação, batizada de MK III, que tinha um verdadeiro dream team do hard rock, lançado no Brasil via Shinigami Records.
Este registro é histórico por diversas razões, mas duas saltam em grau de importância:
1) o festival California Jam, em 1974, é considerado tão importante quanto o Woodstock, principalmente para os fãs do Hard Rock, sendo que ali nasceu o fenômeno conhecido como Arena Rock; e
2) no epicentro deste furacão histórico estava o Deep Purple, divulgando o clássico “Burn” (1974), e a nova formação, batizada de MK III, que tinha um verdadeiro dream team do Hard Rock, incluindo o vocalista David Coverdale e o baixista/vocalista Glenn Hughes, ao lado dos remanescentes da MK II, Ritchie Blackmore (guitarra), Ian Paice (bateria) e Jon Lord (teclado). Naquele mesmo festival tínhamos, além do Deep Purple, o Black Sabbath, ao lado do Emerson Lake & Palmer, Black Oak Arkansas, Earth Wind & Fire, dentre outros.
Antes de começarmos a falar do DVD que registra este histórico show, é importante ressaltar o esmero da edição nacional, à cargo da Shinigami Records, que oferece um encarte recheado de material complementar sobre aquele show, com histórias de bastidores e relatos do festival nas palavras dos próprios membros da banda.
A imagem está longe da alta definição que temos nos dias de hoje, mas o tratamento aplicado deixou o resultado excelente (haja vista a data de registro do material), principalmente aos olhos daqueles (como este que vos escreve) que pegaram a era do VHS.
Isso posto, o que temos no palco é uma banda furiosa, bem azeitada, orgástica, à flor da pele e explosiva. Fica ainda mais evidente o monstro que David Coverdale era como vocalista em sua juventude, cuja voz se amplificava quando em parceria com o canto ousado de Hughes, dando uma dinâmica interessante às linhas vocais.
“Burn” é responsável por abrir o show, já nos píncaros da glória roqueira, mostrando um Jon Lord insano, cujas teclas borbulham virtuosismo e vigor, enquanto Ian Paice se mostra desenvolto, preciso e impiedoso quando cercado por seu kit de bateria, como bem mostrará o solo que virá entremeado à impactante “You Fool No One”.
No set list desenvolvem grande parte do álbum “Burn” (1974), adicionados de “Smoke On The Water” (que funcionaria muito bem mesmo se fosse instrumental, mas com esta formação ganhou mais malícia e sabor, além de Blackmore arrasar no solo), “The Mule” e “Space Truckin”, clássicos da era anterior.
Glenn Hughes rouba a cena no início do show, com sua performance de palco, tomando até mesmo uma maior postura de frontman na comunicação com o público, enquanto Blackmore parece ainda um pouco adormecido até o sol se por, acordando no solo visceral de “Lay Down, Stay Down”.
Mas é com o clássico “Mistreated” cortando o crepúsculo que ele mostra porque é um dos maiores da história, ladeado por um Coverdale que se entrega ao lamento blues desta obra-prima, colocando toda a sua emoção numa interpretação de arrepiar, onde vemos o quão impecável está o som deste material, sendo possível detalhar cada instrumento, e ainda perceber como a divisão dos vocais de Coverdale e Hughes funciona ainda melhor ao vivo, principalmente quando revesam as vozes principais e secundárias, como na clássica “Might Just Take Your Life”, numa energia e atitude que evidenciam a “gana” que a banda estava neste período.
Em diversos momentos, Jon Lord nos deixa boquiaberto com o domínio técnico extraordinário de seu instrumento, seja no clássico “Smoke On The Water” ou, principalmente, na vertiginosa abertura de “You Fool No One”, com seus desenvolvimentos melódicos à lá Cream, e aqui entremeada ao tema “The Mule” como apresentado no clássico ao vivo “Made in Japan” (1973).
O desfecho do show, com “Space Trukin'”, é apoteótico, com liberdade de jam session, onde Lord inflama suas extravagâncias em sintetizadores que ferveram o California Jam em psicodelia, e Ritchie Blackmore violenta suas guitarras e amplificadores, disputados à tapas quando atirados à platéia.
Literalmente ateiam fogo no fim do show, mostrando o quanto a era setentista do rock era mais apaixonante.
É puro sentimento, e música na alma!
Como bônus, temos registros em super 8 feitos pela equipe da banda, mostrando a chegada à Califórnia, algumas partes do show e chamadas de rádio para o festival, dando um clima mais intimista, caseiro e documental ao trabalho.
Não ficam dúvidas que esta é uma das maiores formações de uma banda na história do Rock. Pense friamente, eles parecem seres mitológicos de uma era dourada do gênero, com poderes divinos quando empunhando seus instrumentos distintos, e citá-los soa quase como clamar por deuses do politeísmo roqueiro!
Desta forma, este DVD é um registro, um recorte, da história do rock, e, portanto, obrigatório a qualquer admirador do estilo.
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Não sou fã de DP, mas esse show é histórico!