“Time Out”, disco do Dave Brubeck Quartet, lançado em 1959, é um dos maiores clássicos da história do jazz e por isso nossa indicação de hoje na seção Você Devia Ouvir Isto!
Definição em um poucas palavras: Classudo ao quadrado;
Estilo do Artista: Cool Jazz;
Comentário Geral: Dave Brubeck possui grandes álbuns em sua discografia (como “Dave Brubeck Trio” de 1950, “Jazz Goes to College” de 1954, “Time Further Time” de 1961, o grande “Bossa Nova USA” de 1962 e o vanguardista “Paper Moon” de 1981), mas nenhuma obra de sua extensa carreira se compara a este “Time Out”, um dos dez discos mais importantes da história do jazz.
Este genial pianista norte-americano já vinha buscando o sucesso de formas até criticáveis, mas foi o pioneiro nos concertos em universidades (os famosos goes to college). Mas até lançar “Time Out”, Dave Brubeck era apenas um inspirado improvisador com boas canções e um um grande parceiro musical: Paul Desmond.
A partir deste antológico disco, Dave Brubeck entrou para o seleto grupo dos definidores do jazz moderno, aquele desenvolvido durante as décadas de 1940 e 1950, com o maior desenvolvimento do jazz que, por sua vez, se ramificou em sub-estilos como o Bebop, o Cool Jazz, o West Coast Jazz, o Third Stream e o Hard Bop.
Neste cenário, Dave Brubeck reuniu um quarteto que estruturalmente se valia da estética do bebop, seja nos acordes fluidos e dissonantes ao piano, ou nas harmonias complexas guiadas por frases ágeis, mas diminuindo a velocidade, enquanto dava ainda mais liberdade aos músicos para o diálogo entre os instrumentos.
Este diálogo musical era o ponto forte nas bandas de Dave Brubeck, afinal ele se tornou muito famoso por sua técnica de improvisação. Musicalmente, ele abusava dos mais diferentes compassos e seu piano parecia um instrumento rítmico soltando algumas melodias na hora certa como se tudo fosse milimetricamente calculado. E este “Time Out” é uma prova disso!
Além disso, a música entregue por Dave Brubeck neste icônico trabalho era dissonante, temperada por um experimentalismo que desfilava uma quantidade arrebatadora de elementos, indo desde as raízes do jazz de Nova Orleans e de Chicago, passando pela vanguarda de Nova York com toques providenciais de música clássica, elementos latinos, orientais e indianos.
Quando o disco começa a girar percebemos uma quantidade enorme de compassos inapropriados para a música que se propunha a fazer (até aquele momento, a maioria dos discos de Jazz eram em 4/4), mas que miraculosamente se tornavam geniais em tempos compostos, que algumas vezes se contrapunham e extrapolavam o já ousado Jazz em tempo de valsa.
A faixa “Take Five” é um exemplo vivo disto. O compasso usado por Brubeck é, segundo os críticos, improvável para o alicerce do swing, subgênero do Jazz dono de um alto apelo melódico e harmônico, direcionado às pistas de dança e às ondas de rádio, num improviso quase percussivo se contrapondo à melodia e virtuosismo do sax alto de Desmond.
Já “Blue Rondo A La Turk” é uma mostra da importância dos músicos Joe Morello e Gene Wright, sustentando as harmonias de ritmo folclórico turco, com uma desenvoltura também indispensável na magistral “Three to Get Ready”, que se alterna entre dois compassos diferentes.
É bom lembrar que no mesmo ano, 1959, era lançado o maior disco de jazz de todos os tempos, “Kind of Blue” de Miles Davis, e o Free Jazz estava em seu dias de recém-nascido nos braços de John Coltrane e Ornette Coleman, mas Brubeck se inseria nesta vanguarda por um caminho paralelo, sobrepondo o tradicionalismo da música clássica ocidental, com improvisação jazzística e o ritmo complexo da música folclórica africana.
Seria injustiça não citar a belíssima “Strange Meadow Lark” que representa a ironia máxima do disco que fez um sucesso estrondoso, mesmo cercado pela ideia preconceituosa dos críticos da época que acreditavam que o bom jazz tinha uma métrica já forjada, e que não permitia a inserção de diferentes culturas, ou até mesmo músicas de sucesso comercial.
“Kind Of Blue” é o maior de todos os disco de jazz? Sim, isso é um fato! Mas “Time Out” é o maior exemplo da rara combinação da arte erudita com a música popular, e por esta razão você devia ouvir isto!
Ano: 1959;
Top 3: “Take Five”, “Blue Rondo A La Turk”, e “Strange Meadow Lark”.
Formação: Dave Brubeck (piano), Paul Desmond (saxofone alto), Eugene Wright (contrabaixo), e Joe Morello (bateria).
Disco Pai: Duke Ellington – “At Newport” (1956)
Disco Irmão: Charlies Mingus – “Mingus Ah Um” (1959)
Disco Filho: Oscar Peterson Trio – “West Side Story” (1962)
Curiosidades: No artigo para o The Independent, Spencer Leigh especulou que “Kathy’s Waltz”, composição dedicada à filha de Brubeck, teria inspirado Paul McCartney a compor o sucesso “All My Loving”, dos Beatles, principalmente pelo ritmo e pelos fraseados de suas melodias.
Pra quem gosta de: Quebrar regras!
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