Crystal Viper – “The Cult” (2021) | Resenha

 

“The Cult” é o oitavo álbum da banda polonesa Crystal Viper, liderada pela vocalista e guitarrista Marta Gabriel, e que acaba de ganhar uma edição nacional à cargo do selo Hellion Records.

Crystal Viper - The Cult (2021, Hellion Records) Review Resenha

O Crystal Viper foi formado em 2003 e desde então se dedica ao heavy metal puro, de conotações power metal, se valendo de uma temática inspirada pelas histórias de terror e de fantasia que está presente em “The Cult” desde a capa de motivos lovecraftianos.

E o escritor H. P. Lovecraft não é referência apenas na arte de capa, mas também é a inspiração de todas as letras escritas por Marta Gabriel, que o inclui nos agradecimentos “pela inspiração infinita”.

Inclusive, a introdução “Providence” traz a atmosfera das trilhas sonoras das adaptações cinematográficas dos contos de Lovecraft nos anos oitenta para ambientar o trabalho que explode nas harmonias das guitarras gêmeas da faixa-título.

Musicalmente, o Crystal Viper se volta para as formas mais tradicionais do heavy metal da escola européia. Ou seja, climas bem criados, riffs contundentes, melodia e peso numa dinâmica envolvente e refrãos certeiros.

As referências mais óbvias são do Mercyful Fate, Iron Maiden e Satan, pela união da sonoridade com a temática, mas é fato que existem harmonias que remetem aos clássicos clichês criados por Judas Priest, Manowar, Black Sabbath e Warlock.

Ou seja, o Crystal Viper decidiu investir numa fórmula que todos sabem que se bem feita funciona e muito bem, como é o caso aqui, nas faixas “Whisper From Beyond” (com pegada sabática cadenciada), “Forgotten Land” (um heavy metal puro e determinado) e “Lost In The Dark” (um speed metal melódico que empolga no final do disco).

Algo que chama a atenção é o fato da maioria das músicas  terem sido compostas por
Cederick Forsberg, baterista que entrou no Crystal Viper em 2019.

Porém, ele também é guitarrista, líder e principal compositor do Blazen Stone, uma banda inspirada no legado do Running Wild, o que explica sua alta participação nas composições.

Até por isso, podemos perceber uma dose maior de power/speed metal à moda Running Wild em algumas passagens.

Como se não bastasse, o novo baterista também é responsável pela mixagem, enquanto Bart Gabriel, marido da vocalista e guitarrista Marta (ela também é baixista do Blazen Stone), é o encarregado da produção, que se não potencializa as performances dos músicos, também não comprometem o resultado final.

Claramente as composições são desenhadas com mais energia do que técnica e estruturadas para que o talento da vocalista brilhe, mesmo em arranjos que se mostram previsíveis pelo conservadorismo dentro da estética heavy metal. 

Olhando friamente, “The Cult” é um disco simples e direto, com melodias acessíveis e estruturas longe de qualquer ousadia, o que justifica a oscilação entre bons momentos (já citados acima) e outros bem genéricos (“Sleeping Giants” e “Asenath Waite” são exemplos).

Isso só amplia a sensação de que tudo aqui é construído para emoldurar a voz de Marta e em nenhum momento competir com ela pelo protagonismo, mesmo nos solos de guitarra, que são em sua maioria protocolares (como em “Down in the Crypt” e na rápida “Floaring Madness”).

É sintomático quando o melhor momento do repertório é a versão de “Welcome Home”, clássico do King Diamond, com a ilustre participação de Andy LaRoque que dá um pouco de emoção às linhas de guitarra.

Mas veja bem, “The Cult” não é um disco ruim, é apenas protocolar dentro dos limites mais conservadores do heavy metal tradicional, mas no final entrega um bom disco do gênero e se você é fã de vocalistas como Doro Pesch e Leather Leone pode conferir sem medo!

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